O SENHOR ( ( κύριος )
Com o passar do tempo o primitivo termo Messias ou Cristo,conforme a tradução grega,já não era adequado para exprimir todo conteúdo da fé,principalmente quando começou-se a percorrer outras regiões da Grécia e da Roma Imperial,onde ninguém ouvira falar a respeito do Messias esperado pelos judeus.
Assim os discípulos passaram a designar Jesus de "Senhor",Salvador","Filho Unigênito".Todos esses termos eram formas deles exprimirem a fé que tinham,no sentido de que Deus em Jesus tinha feito uma revelação de si mesmo ao homens de maneira absolutamente única.Finalmente eles chegaram a dizer como Tomé "Meus Senhor e meu Deus".Jesus não tinha apenas sido enviado por Deus,Ele era o próprio Deus,isto é Deus em operação na vida humana.
Paulo proeminente intérprete do cristianismo durante o período quando o Novo Testamento estava sendo escrito,foi quem deu orientação ao cristianismo em sua fase inicial de combates,nas lutas travadas contra o legalismo.Todas as religiões inclusive as cristãs tendem a tornar-se legalistas ou seja tendem a ensinar que o homem terá de obedecer certas normas e regulamentações para alcançarem o favor divino.
Tanto Jesus como Paulo lutaram contra o legalismo.Jesus afirmou que quando alguém tivesse feito tudo que fosse possível ,ainda assim teria que ser considerado "servo inútil"(Lucas 17:10).
Ele quis mostrar que ninguém deveria pensar que tivesse feito jus a qualquer pagamento por parte de Deus.
Da mesma forma Jesus ressaltou que Deus faz com que a chuva caia sobre justos e injustos(Mateus 5:45) ou seja Deus não um guarda-chuva sobre os bons,para que contem com uma proteção especial contra estilhaços ou setas em situações surpreendentes.
Essa dificuldade que os cristãos tem mostrado de aceitar um princípio tão básico,que marca os ensinos de Jesus é muito estranho.Ainda há um bom número de cristãos que pensam que a manutenção de uma vida superiormente virtuosa terá de receber uma recompensa excelente,aqui e no além.Quando porém vemos Jesus na Parábola dos trabalhadores da Vinha ( (Mateus 20:1-16) condena totalmente essa maneira de pensar.O fato do trabalhador ter começado a fadiga cedo,suportado o sol do dia não significa que receberá uma recompensa maior aos que se dedicaram apenas 1 hora.
Os cristãos primitivos entenderam a través de Paulo que o legalismo ( a preocupação em receber uma recompensa da parte de Deus em troca de certas observâncias) é coisa completamente errada.Errada porque o cristianismo não é uma comercialização da religião.A pessoa passa a ser bom visando a retribuição.É errado porque conduz indivíduos ao orgulho e a hipocrisia como eram os "fariseus",que por cumprir a lei um pouco mais que os outros sentiam-se superiores.É errado porque o legalismo leva as pessoas ao desespero,por perceberem que por mais que fizessem ficavam abaixo do padrão da bondade de Deus,num desespero com relação a si mesmos,à salvação e à recompensa almejada.
Jesus e Paulo em lugar do legalismo realçaram os méritos da salvação por graça,através da fé,doutrina implícita em Jesus e explícita em Paulo,com raízes na afirmação de que Deus é Pai.O filho que recebe o amor paternal,percebem a salvação pela graça.Filho não precisa conquistar o favor do pai,mas sente-se amado simplesmente pelo fato de ter vindo ao mundo.Antes mesmo de um filho compreender o amor ,ele já se sente envolvido numa atmosfera de demonstrações de amor .
O verdadeiro pai não procura dar mais presentes aos bons filhos do que faz aos menos reconhecidos.A vida doméstica não se baseia em plataformas comerciais,dando mais amor em troca de virtudes,mas se baseia na graça que é favor não merecido.Um filho deve ser motivado não por querer receber mais favores,mas pela gratidão pelos favores já recebidos.
Quando um filho dessa casa paterna se desvia,quando se verifica o desapontamento nas esperanças longamente acalentadas,ele não será merecedor dos favores do lar ( na nossa ótica e forma de ver a paternidade legalista ).A Parábola do Filho Pródigo mostra isso: O que é graça,depois do filho ter concorrido para a infelicidade do lar e ter manchado o bom nome e o da família,vivendo dissolutamente com meretrizes,ganhando seu sustento de maneira vergonhosa no meio de porcos,esforçando-se para ganhar algumas "bolotas",passa por sua mente um plano de obter novamente o favor do pai,até articula um pequeno discurso,oferecendo-se como servo do pai.Seu pai não lhe deu tempo para tal discurso,pois ainda distante, o pai corre ao seu encontro e aceita-o como filho e não como servo.
O verdadeiro pai repreende o filho que desvia,não relegando o passado ao passado,não vendo apenas emocionalmente a situação,não fechando os olhos aos erros cometidos pelo filho,mas o pai age de tal maneira que o perdão flui com lágrimas,não que o perdão tenha semelhanças com lágrimas fáceis da senilidade,mas à semelhança da Cruz do Gólgota,o perdão às vezes fere.
Não é fácil abraçar um pescoço recentemente machucado por falsas carícias de uma meretriz ,esquecer as palavras indelicadas,a zombaria dos vizinhos ,independente de o pai perdoa.É esse relacionamento familiar que Jesus e Paulo procuram usar como ilustração da graça de Deus:o amor de Deus não é algo que o homem possa comprar ou mereça.Em Romanos 5:8 Paulo afirma que "Cristo morreu por nós ainda pecadores",ou seja antes que o homem se tornasse suficientemente bom,Deus agiu para salvar o homem.Através de Jesus,Deus oferece ao homem a promessa de que caso o homem apenas se volte para o Pai será recebido.
Essa atitude de perdão não é uma coisa insignificante para Deus.Mesmo que Paulo não tenha delineado nenhuma doutrina clara com com respeito a significação da Cruz ,ele não revela dúvidas de que ela representa exatamente o preço que Deus teve de pagar para que pudesse reconquistar o homem do domínio do pecado,sendo possível ser alcançado por qualquer ser através da fé.
Para Paulo "crer" não é "crer" em algo mas primariamente "auto-rendição". A fé do filho pródigo aconteceu no momento em que ele se levantou para voltar à casa paterna.Para Paulo fé é a entrega sem reservas que leva o homem agir de certa forma .Fé não é apenas uma admissão da existência de Deus ou crença quanto a Jesus,mas uma entrega de coração para comportar-se como filho ,obtendo a mesma maneira de pensar de Jesus ( Filipenses 2:5 )
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos..." ( Atos 2:42) Esta primeira característica é surpreendente e não muitas congregaçõesa teriam em conta hoje. A igreja viva é uma igreja que está aprendendo, uma comunidade que estuda. A plenitude do Espírito Santo é incompatível com o antiintelectualismo. O Espírito de Deus é Espírito de verdade. Esse foi um dos títulos que Jesus mesmo deu ao Espírito. Se quisermos estar cheios do Espírito, sua verdade será importante para nós.
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