sexta-feira, 19 de junho de 2020

Ameaça a ortodoxia 6 Cristologia

                                                      CRISTOLOGIA


A controvérsia trinitária foi seguida da controvérsia cristológica,por ocasião do Concílio de Calcedônia .

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Ameaça à Ortodoxia 6 A Trindade

                                                            A TRINDADE


Uma grande polêmica que exigiu muita luta dos primeiros cristãos foi a Trindade ( A relação entre Pai,Filho e Espirito Santo ).

Essa doutrina também é resultado de heresias.Os cristãos jamais perderam tempo em discussões a esse respeito,porém as discussões foram resultados de heresias a respeito.Os cristãos consideravam a matéria de debate filosófico.

Agostinho reflete muito o bem o que acontecera:"Os pronunciamentos a respeito do assunto não visavam a necessidade de dizer algo sobre o assunto,mas apenas romperem o silencio,e claro o surgimento de algumas ideias tornaram impossível o silencio.

Isso exige tornar clara essa doutrina,só que o que foi decidido ocuparia enciclopédias sobre.Assunto discutido pelas mais poderosas mentes,antes de chegarem à uma conclusão satisfatória,com o conhecimento das filosofias vigentes.Comentaremos apenas algumas observações :

A doutrina da Trindade foi debatida no Concílio de Niceia em 325,de onde surgiu o "Credo de Niceia",encontrada em hinários e livros de orações de algumas denominações modernas.Esse concílio por pouco não divide a cristandade,mas foi uma batalha que girou em torno de um "iota"(menor letra do alfabeto grego)

As duas facções de Niceia mantiveram em luta a respeito de qual de duas palavras deveria constar no Credo de Niceia e a diferença estava nessa letra grega pequena: Uma das facções queria "homoousios",para estabelecer que Cristo era da mesma essência semelhante à Deus.Outra facção ardia com a mesma paixão com apalvra "homoiousios"para mostrar também que Cristo era da mesma semelhança de Deus,essa ignorância não tinha nenhuma relevância,pois uma mensagem não pode ser avaliada pelo tamanho da pontuação ou pelo número de letras empregadas.Nesse caso foi apenas um "iota" que dividia as facções de Niceia em concepções de fé tremendamente diferentes.

O problema da Trindade surge da convicção de que Deus esteve agindo em e através de Cristo,No decorrer do Século IV Ário  propagou a teoria de que Cristo era um deus menor criado por Deus.Esse deu menor teria vindo a terra na pessoa do homem Jesus ,que não seria realmente homem,mas um ser divino imune às limitações normais da humanidade.

Se o partido de Ário vencesse tendo colocado o tal de "iota" no Credo,o ponto de vista dele teria vencido como ortodoxia.Assim o cristianismo teria se degenerado,descendo a condição de mero politeísmo,passando a admitir dois deuses e um Jesus que no final não seria nem Deus e nem homem.Deus seria absolutamente apenas transcendente,logo não alcançado pelo homem.O cristianismo seria mais uma religião familiar do paganismo.

O Credo de Niceia afirma que Deus Pai e Cristo são da mesma essência ou substância,sendo essa a forma correta de expressar segundo a filosofia contemporânea,mas o fato é que há um só Deus,encontrando-se na atividade da criação como Pai,na salvação como Filho e no coração dos cristãos como Espirito Santo.

O Credo de Niceia rejeitou todas as pressões tendentes a admissão dos três deuses que fossem unidos à alguma forma,pensar diferente disso é estar distante da ortodoxia.

Os maometanos,judeus e unitarianos  levantam sérias críticas,afirmando que os cristãos tem 3 deuses,abandonando o monoteísmo do Velho Testamento,claro que essa é uma menira não ortodoxa de ser ver o assunto.

Um dos problemas dessa doutrina é que ela vê 3 pessoas e 1 só Deus.

A palavra "pessoa" não tinha para os pensadores primitivos o significado que tem hoje.O termo latino significa originalmente não Pedro,João ou Roberto,mas uma máscara usada por um ator em um ambiente teatral.Segundo o pensamento trinitariano,essa máscara não seria usada por uma divindade para esconder,mas para revelar ao homem seu verdadeiro caráter.

Ao se pensar em Trindade não se deve afirmar a existência de 3 pessoas  como a palavra nos é familiar,assim a posição de Agostinho foi a que se tornou ortodoxa :

DE acordo com Agostinho 


terça-feira, 16 de junho de 2020

Ameaça à Ortodoxia 5 O Gnosticismo

                                                            GNOSTICISMO


O gnosticismo,considerado a primeira heresia de vulto,surgiu nos séculos II e III.Foi o movimento considerado a séria ameaça dentro do cristianismo,enquanto os imperadores ameaçavam externamente.Das duas ameaças os gnósticos eram os mais perigosos,pois Roma não podia matar o cristianismo,mas o cristianismo poderia matá-lo pervertendo-o.

Os gnósticos eram uma filosofia que tentava unir todas as religiões,aproveitando o que cada uma poderia oferecer de melhor e num curto espaço de tempo conseguiu penetrar na comunidade da Igreja,estabelecendo conexões entre suas idéias e as do cristianismo de modo que este se enquadrasse em seu esquema de ideias.

Uma das convicções do gnosticismo está posta na palavra "DUALISMO".

Eles criam que o mundo se divide entre dois poderes: O do Bem e do Mal.

Uma concordância com a filosofia grega,que considerava o mal como matéria,rejeitando o Deus do V.T. porque criara um mundo material,logo esse Deus é mal.Assim tentavam buscar a salvação fugindo do mundo,pois no conceito deles tudo que é ligado à matéria é má,sendo um empecilho para a salvação da alma.A salvação só viria pela "renúncia"de natureza ascética em relação à tudo que se prendesse a carne e através do conhecimento.

Gnosticismo vem do termo grego "gnósis"que significa conhecimento.Interessavam-se por formas místicas de conhecimento,o qual deveria ser mantido em segredo.Eles valorizavam algumas coisas do cristianismo mas era apenas uma fachada,pois não criam na essência dos mesmos,usando o argumento para quando suas teses não convenciam de que novas revelações foram dadas.

O cristianismo expulsou essa heresia do seu meio consolidando a posição ortodoxa que vinha tendo,foi nesse contexto que surgiu o Credo Apostólico,ainda confessado em muitas igrejas.

O Credo repudia a ideia de que o mundo criado seja mal,depois afirma o que se crê de Jesus,ou seja concebido pelo Espírito Santo,nascido da virgem Maria,sofreu sob Pôncio Pilatos,foi crucificado, morto e sepultado.

O problema dos gnósticos não tinha associação com Maria mas sim ao termo "nascido",que deixava patente a humanidade de Jesus,independente da divindade do mesmo.

Quanto à ressurreição do corpo :teremos que admitir que os átomos do corpo vão ser reconstituídos e revivificados,Quem lê 1 Corintios 15 jamais suporá que esta é a forma da doutrina. Apesar do método refletir a forma como os judeus criam  e afirmavam ser o homem um todo,não havia divisões em alma e corpo mau,e defendiam que a alma só seria imortal se se livrasse do corpo,sendo este um fardo para a alma,sendo assim um obstáculo para a alma.doutrinas negadas pelo cristianismo.

Ameaça à ortodoxia 4 A Graça

                                                                A GRAÇA 


Quem coloca a graça apenas como uma pré disposição divina no sentido de perdoar aqueles que fosses a Ele com fé ,está errado.
A graça inclui também o poder espiritual necessário dado ao indivíduo para capacitá-lo a realizar o que antes era impossível.
Jesus assegurou que a fé é capaz de remover montanhas e Paulo afirma que através da fé foi possível encontrar forças para realizar virtudes que antes ele conhecia mas não era capaz de cumpri-las,vivendo "em Cristo"uma vida diferente com novo ânimo e imenso poder.

A graça de Deus liberta o homem do medo e do próprio sentimento de culpa.Sob a influência da graça o homem entende que é aceito por Deus do jeito que se encontra.Passa a nutrir-se da convicção de quem nem a vida e nem a morte,nem principados e nem potestades poderão separa-lo do amor de Deus,que está em Cristo Jesus ( Romanos 8:38-39).Liberta-o da servidão aos hábitos,da indolência e das fraquezas que o fazem presa do pecado.

Essas são as linhas em que se baseiam a ortodoxia.
Ela se desenvolveu com base na maneira de viver pelas básicas convicções de fé.A teologia cristã não é um sistema filosófico que tivesse vindo de uma reflexão longa por determinados indivíduos privilegiados por sua quietude e estudo,mas surgiu de entre choques de muitas lutas,através da atuação de homens que jamais desertaram a linha de fogo sustentados pela Igreja.

As peças que constituíram a plataforma da ortodoxia,foram postas visando as heresias que ameaçavam transtornar os conceitos sobre a natureza do cristianismo e destruir a fé que lhe era substancial.

Enfrentando os argumentos das heresias os cristãos se sentiam forçados a pensar mais demoradamente nas implicações dos enunciados da fé.Como as doutrinas surgiram das experiências da vida e não de discussões mantidas em um ambiente acadêmico,elas nem sempre poderão ser entendidas por homens que,ficam como traças em bibliotecas lendo.

As doutrinas são entendidas por pessoas que de fato participam das exigências da vida cristã,que se predispõem a enfrentar os perigos da linha de fogo,onde a vida cristã exige coerência.

Como "ortodoxia","heresia" é um termo carregado de emoções ou seja a falsa interpretação que dão à ortodoxia .

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Ameaça à Ortodoxia 3 O Senhor ( κύριος )

                                            O SENHOR ( κύριος )


Com o passar do tempo o primitivo termo Messias  ou Cristo,conforme a tradução grega,já não era adequado para exprimir todo conteúdo da fé,principalmente quando começou-se a percorrer outras regiões da Grécia e da Roma Imperial,onde ninguém ouvira falar a respeito do Messias esperado pelos judeus.

Assim os discípulos passaram a designar Jesus de "Senhor",Salvador","Filho Unigênito".Todos esses termos eram formas deles exprimirem a fé que tinham,no sentido de que Deus em Jesus tinha feito uma revelação de si mesmo ao homens de maneira absolutamente única.Finalmente eles chegaram a dizer como Tomé "Meus Senhor e meu Deus".Jesus não tinha apenas sido enviado por Deus,Ele era o próprio Deus,isto é Deus em operação na vida humana.

Paulo proeminente intérprete do cristianismo durante o período quando o Novo Testamento estava sendo escrito,foi quem deu orientação ao cristianismo em sua fase inicial de combates,nas lutas travadas contra o legalismo.Todas as religiões inclusive as cristãs tendem a tornar-se legalistas ou seja tendem a ensinar que o homem terá de obedecer certas normas e regulamentações para alcançarem o favor divino.

Tanto Jesus como Paulo lutaram contra o legalismo.Jesus afirmou que quando alguém tivesse feito tudo que fosse possível ,ainda assim teria que ser considerado "servo inútil"(Lucas 17:10).
Ele quis mostrar que ninguém deveria pensar que tivesse feito jus a qualquer pagamento por parte de Deus.
Da mesma forma Jesus ressaltou que Deus faz com que a chuva caia sobre justos e injustos(Mateus 5:45) ou seja Deus não um guarda-chuva sobre os bons,para que contem com uma proteção especial contra estilhaços ou setas em situações surpreendentes.

Essa dificuldade que os cristãos tem mostrado de aceitar um princípio tão básico,que marca os ensinos de Jesus é muito estranho.Ainda há um bom número de cristãos que pensam que a manutenção de uma vida superiormente virtuosa terá de receber uma recompensa excelente,aqui e no além.Quando porém vemos Jesus na Parábola dos trabalhadores da Vinha ( (Mateus 20:1-16) condena totalmente essa maneira de pensar.O fato do trabalhador ter começado a fadiga cedo,suportado o sol do dia não significa que receberá uma recompensa maior aos que se dedicaram apenas 1 hora.

Os cristãos primitivos entenderam a través de Paulo que o legalismo ( a preocupação em receber uma recompensa da parte de Deus em troca de certas observâncias) é coisa completamente errada.Errada porque o cristianismo não é uma comercialização da religião.A pessoa passa a ser bom visando a retribuição.É errado porque conduz indivíduos ao orgulho e a hipocrisia como eram os "fariseus",que por cumprir a lei um pouco mais que os outros sentiam-se superiores.É errado porque o legalismo leva as pessoas ao desespero,por perceberem que por mais que fizessem ficavam abaixo do padrão da bondade de Deus,num desespero com relação a si mesmos,à salvação e à recompensa almejada.

Jesus e Paulo em lugar do legalismo realçaram os méritos da salvação por graça,através da fé,doutrina implícita em Jesus e explícita em Paulo,com raízes na afirmação de que Deus é Pai.O filho que recebe o amor paternal,percebem a salvação pela graça.Filho não precisa conquistar o favor do pai,mas sente-se amado simplesmente pelo fato de ter vindo ao mundo.Antes mesmo de um filho compreender o amor ,ele já se sente envolvido numa atmosfera de demonstrações de amor .

O verdadeiro pai não procura dar mais presentes aos bons filhos do que faz aos menos reconhecidos.A vida doméstica não se baseia em plataformas comerciais,dando mais amor em troca de virtudes,mas se baseia na graça que é favor não merecido.Um filho deve ser motivado não por querer receber mais favores,mas pela gratidão pelos favores já recebidos.

Quando um filho dessa casa paterna se desvia,quando se verifica o desapontamento nas esperanças longamente acalentadas,ele não será merecedor dos favores do lar ( na nossa ótica e forma de ver a paternidade legalista ).A Parábola do Filho Pródigo mostra isso: O que é graça,depois do filho ter concorrido para a infelicidade do lar e ter manchado o bom nome e o da família,vivendo dissolutamente com meretrizes,ganhando seu sustento de maneira vergonhosa no meio de porcos,esforçando-se para ganhar algumas "bolotas",passa por sua mente um plano de obter novamente o favor do pai,até articula um pequeno discurso,oferecendo-se como servo do pai.Seu pai não lhe deu tempo para tal discurso,pois ainda distante, o pai corre ao seu encontro e aceita-o como filho e não como servo.

O verdadeiro pai repreende o filho que desvia,não relegando o passado ao passado,não vendo apenas emocionalmente a situação,não fechando os olhos aos erros cometidos pelo filho,mas o pai age de tal maneira que o perdão flui com lágrimas,não que o perdão tenha semelhanças com lágrimas fáceis da senilidade,mas à semelhança da Cruz do Gólgota,o perdão às vezes fere.

Não é fácil abraçar um pescoço recentemente machucado por falsas carícias de uma meretriz ,esquecer as palavras indelicadas,a zombaria dos vizinhos ,independente de o pai perdoa.É esse relacionamento familiar que Jesus e Paulo procuram usar como ilustração da graça de Deus:o amor de Deus não é algo que o homem possa comprar ou mereça.Em Romanos 5:8 Paulo afirma que "Cristo morreu por nós ainda pecadores",ou seja antes que o homem se tornasse suficientemente bom,Deus agiu para salvar o homem.Através de Jesus,Deus oferece ao homem a promessa de que caso o homem apenas se volte para o Pai será recebido.

Essa atitude de perdão não é uma coisa insignificante para Deus.Mesmo que Paulo não tenha delineado nenhuma doutrina clara com  com respeito a significação da Cruz ,ele não revela dúvidas de que ela representa exatamente o preço que Deus teve de pagar para que pudesse reconquistar o homem do domínio do pecado,sendo possível ser alcançado por qualquer ser através da fé.

Para Paulo "crer" não é "crer" em algo mas primariamente "auto-rendição". A fé do filho pródigo aconteceu no momento em que ele se levantou para voltar à casa paterna.Para Paulo fé é a entrega sem reservas que leva o homem agir de certa forma .Fé não é apenas uma admissão da existência de Deus ou crença quanto a Jesus,mas uma entrega de coração para comportar-se como filho ,obtendo a mesma maneira de pensar de Jesus ( Filipenses 2:5 )

Ameaça à Ortodoxia ( Dispondo-se )

                                                       DISPONDO-SE


Após essa importante introdução,devemos partir para coisas mais práticas.

Há muitas maneiras de conduzir um cristão ao estudo da teologia.

Uma das formas bem simples e práticas seria a discussão de certos tópicos como:
.Pecado
.Deus
.Salvação

Poderíamos começar com um resumo do que já se tem até aqui,estudando várias escolas e como cada uma se faz um sistema orgânico.

Claro que teremos um problema,pois todos os rótulos são pejorativos e de antemão já rejeitamos.Somos tendentes à uma individualidade e isso nos leva ao partidarismo,mas isso é apenas uma "introdução",cada um pode posteriormente se esmerar no que acha ser correto.

Somos exagerados nos pontos divergentes e isso pode nos levar a perder os pontos convergentes.
Se estudarmos escolas contemporâneas,muitos nomes conhecidos ficam de fora,como o objetivo é introduzir,cabe a cada um procurar na história onde essas escolas começaram e isso irá requerer mais disponibilidade.

Para início iremos ver sobre a ORTODOXIA

Quando usamos esse termo provoca-se emoção,pois alguns tem horror à expressão,pelo medo de estar fora da linha exata ortodoxa,e qual seja o assunto (politica,etc) é uma necessidade de existência.

Para outros a palavra é algo deplorável,algo trivial,destituído de originalidade ( Os EUA se gabam de não seguir os cânones da ortodoxia,acham que criaram uma nova ortodoxia,logo "não ser ortodoxo é a nova ortodoxia )

1. O que seria um cristianismo ortodoxo?

Com certeza é algo primeiramente descritivo,ou seja obteve a aprovação da imensa  maioria dos cristãos,expresso na maioria das proclamações oficiais  e confissões de fé,formulados por grupos de cristãos.

Apesar de várias confissões há um núcleo de doutrinas que é coerente à maioria dos cristãos,apesar das diferenças.A ortodoxia aqui será justamente nesse núcleo onde há essa harmonia.

2. Examinando o Novo Testamento 

Os primeiros cristãos não contavam com nenhuma ortodoxia existente (uma formulação sistemática).Hoje a crítica moderna acha que existem várias ortodoxias dentro do Novo Testamento,mas há de concordar que existia uma "Fé Comum".

As várias teologias são tentativas de homens sérios em tentar exprimir a fé comum,sendo muito mais implícito do que explícito.Vinte e um séculos depois ainda não conseguimos elaborar essa fé comum.

A fé básica do Novo Testamento está alicerçada na morte e ressurreição de Jesus,onde Deus entrou na vida humana de forma decisiva,assim chegam até nós 4 relatos da vida de Jesus,sendo essa a base dos cristãos enfrentarem todo tipo de ameaça relativas à fé ( boas novas).
Achar que a motivação dos cristãos foi a vida ética de Jesus é algo pequeno e distorcido,mas a convicção em alguém a quem Deus havia declarado ser o Senhor.

Veja a declaração de Paulo (1 Coríntios 15:17 ),não há esforço para provar à igreja desse fato,pois isso já era uma convicção,apenas faz uma simples referência a um ponto de fé,que era tão básica que seria inadmissível um cristão não aceitá-la.

A ressurreição era a rocha da fé confessada pelos primeiros cristãos.

Hoje para os cristãos a ressurreição significa nada mais que uma prova de existência de vida após a morte.Para os primeiros cristãos também,porém muito mais : era a prova viva de que Jesus era o Messias Prometido,claro que alguns esperavam um chefe militar,e Ele não agiu conforme as expectativas,restando a eles uma morte esplendidamente diferente.

Um Messias morto não motivaria ninguém. A fuga dos discípulos não foi covardia mas morrerem por uma causa perdida e de repente surge uma noticia: O Messias está vivo.
Isso se encheu de significado para eles ,era a ação do próprio Deus no meio deles e sua fé era posta de maneira  verdadeira.

Roma não era invencível,apesar de terem matado o Carpinteiro.

Os poderes do mal em seu ponto mais extremo foram vencidos

A ressurreição era muito mais do que a geração esperava,Ele quebrou os grilhões do pecado e do medo,revelara que o poder do bem é muito maior que o poder do mal.

Assim passaram nessa fé esperarem o retorno de Jesus,e isso os levou a saírem pelo mundo levando a mensagem do que Deus tinha falado,agido e revelado.Deus descera das alturas para alcançar o homem e o homem não precisava subir a traiçoeira montanha que prometia o conhecimento de Deus,assim eles estavam cumprindo o que Paulo fala em 2 Corintios 5:19.

Não era uma fé cheia de complicações mas cheia de implicações : afirmar que jesus era como Deus era,pois Ele revelara Deus,num mundo de muitas vozes que se diziam conhecedoras de Deus,atreveram crer que Deus removera a nuvem que O ocultava dos homens.

A única palavra encontrada para explicar isso era a palavra "amor"(1 João 4:8 )

Ameaça contra a Ortodoxia ( INTRODUÇÃO )

                                       AMEAÇA CONTRA A ORTODOXIA

                                                         INTRODUÇÃO

Precisamos ser mais criativos a pensarmos de forma mais criativa quanto ao assunto "Teologia",porém por onde começar?
Qualquer livro de teologia não serve,pois não o veremos como algo familiar,fora  que o mesmo será inacessível como seria um tratado sobre relatividade de Einstein.
A Teologia também criou seus termos técnicos (jargões),que torna um leigo no assunto "meio que perdido".

Pensando nisso esse post visa isso:colocar o crente estudioso nesse campo do pensamento humano,usando termos familiares,e quando usarmos termos técnicos,explicá-los.

1. Teologia é uma coisa necessária.

Não é uma coisa intuitiva,como disse certa feita J.P. Williams à alguém que disse "amar plantas e odiar botânica",como gostamos de religião e odiamos teologia?

Geralmente essa frase tem argumentos plausíveis,por ver a teologia como algo insípido,quando na verdade,deveríamos ter uma teologia melhor e não uma rejeição à teologia.

2. O que é Teologia?

A palavra procede do grego :


θεο = Deus

λογία = Tratado

Teologia então seria uma tratado ou pensamento lógico.

Disso se depreende que Teologia seria é um pensamento bem ordenado do pensamento que se possa obter a respeito de Deus.
Não ha como definir a palavra Deus (θεο) de maneira exaustiva,mas geralmente usada para representar o que quer que se creia como sendo o Fato Último,a Fonte da qual tudo teria provindo,o Valor Supremo ou a origem de todos os valores existentes.

Esse torna-se digno de se constituir o alvo e propósito da vida,logo não podemos passar a nossa vida sem uma adoção de alguma teologia.

3. Porque me preocupar com assunto de teologia?

Muitos acham que teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem importância,vamos analisar essa forma de pensar.

Porque os problemas citados seriam sem importância?

Lógico que quem faz tal afirmação tem em mente um conceito que se deva admitir como sendo de mais alto valor,em comparação com o que ele se acha na condição de asseverar que os argumentos dos teólogos lhe pareçam destituídos de importância.

Essa pessoa tem uma posição teológica,tem uma opinião ou conceitos em referência a pessoa de Deus,que o leva achar sem importância argumentos de teólogos.

Tal frase é um ataque endereçado à teologia ou de natureza teológica.

Outros afirmam: "Não é o que alguém crê mas o que alguém faz que tem importância"

Isso é uma meia verdade,que como as verdades apresentadas pela metade,chega a ser perigosa.É meia verdade porque do ponto de vista cristão,o pensamento teológico não é um fim em si mesmo.O cristianismo é doutrina que se propõe a ser vivida e visa em resultar em ações.Assim se se tornar apenas em pensamento,torna-se algo destituído de verdadeiro cristianismo,logo algo fútil.

Mas pensando na "meia verdade",pois o que quer que o homem faça,seu comportamento está relacionado com o que pensa e crê como valor último de existência.Diante de certas situações  em que tenha que decidir,ele fará uso da idéia implícita que constitui seus valores e seria sua solução,e claro manifestará na vida os valores que na mente dele são os corretos para alcançar seus objetivos,isso se chama Teologia implícita ou explícita.

A frase seria comum se todos fossem cristãos,hoje porém vivemos num mundo a escala de valores cristãos está ameaçada e posta em dúvida.Os ideais morais tradicionais se tornaram um problema hoje.

O Comunismo e o Nazismo reconhecem que não é fácil reconhecer entre o que o homem faz e o que o homem pensa,assim adotam com propaganda o que admitem ser verdade para mudar o que indivíduos pensam. Creem que se mudarem os pensamentos relacionados a Deus e valores mudarão as pessoas.

A Teologia Cristã é isso : Uma tentativa de mudar o pensamento dos homens de modo que os leve a agirem como cristãos de verdade.

Diante de um quadro onde o conceito de Deus é submetido à dúvidas não tem como ficar à margem das discussões.Antigamente se achava que ficando à margem poderia se influenciar os homens numa melhora da sociedade,essa solução não é tarefa minha ( se pensava),mas da ciência,da tecnologia e da educação.

Não é possível que viver alheio às coisas relacionadas a Deus conseguirá impedir que formas pervertidas e distorcidas apareçam como valores e solução.

A sociedade está aí como resultado dos que querem viver a margem com seus vários exemplos de distorcidos  e pervertidos  valores.

Se nosso conceito de Deus é distorcido e pervertido um número grande de correlatos no âmbito de teologia surge: A posição do homem diante de Deus,o que nos força a estudar o que é Revelação ou seja como o homem descobrirá a forma desse relacionamento,através da ciência?Através de uma atitude primária de Deus?Se essa é esta última,onde seria essa revelação?

Isso nos leva a formar um conceito do que seja "pecado",pois essa desarmonia com o Criador é provocada por ele ( até no Comunismo não se foge dessa questão do pecado,pois quem trai os valores são chamados de "trotskistas","belicistas","capitalistas imperialistas".

As preocupações com o pecado nos levam a pensar na salvação,que seria a experiência que alguém tem quando consegue vencer a distância que se encontrava com Deus,retornando a origem de seus valores supremos.

Mas... como o homem pode alcançar essa salvação?
Porque será que o homem peca?
Porque o homem não consegue se associar com os valores supremos?
Será que essa desarmonia é natural?
Pode esse homem vencer o pecado e harmonizar-se com os valores supremos com esforço pessoal ou precisa de ajuda de fora? 

Quem afirma que o que se crê não é importante,precisa achar respostas para estas perguntas para não agir de qualquer jeito em situações da vida.

Mas há outras perguntas:

Como o homem pode organizar-se para uma realização coletiva do bem?I isso é o que entendemos por igreja)
Para onde as coisas estão nos levando nesse mundo?
Qual o nosso destino final?
Em que ou quem devemos depositar nossas esperanças?
A história do homem nesse planeta é a soma das oportunidades concedidas por Deus ou existe outro uma outra existência,outro reino além desse presente,onde os valores daqui serão idealizados?

Assim podemos concluir que é impossível se viver a margem da teologia,pois não há a possibilidade entre inexistência de teologia  e teologia.

A alternativa é esta: ou uma teologia sistematizada (passada pelo crivo de uma crítica)ou uma teologia que é um aglomerado de conceitos,idéias pré concebidas e sentimentos tomados sem nenhuma preocupação crítica.

O que faz o protestantismo fraco nos nossos dias é o fato de um número muito pouco de crentes informados sobre o conteúdo que se crê e das razões porque crê.(coisa que os comunistas não cometem,pois eles se empenha na formação dos seus filiados,por isso os parciais não conseguem subsistir a disciplina agressiva do Comunismo)

Vejo esse contexto em que vivemos o momento certo do Protestantismo,pois o mundo está empenhado em encontrar soluções aos problemas de existência e estão buscando no cristianismo essas tentativas,logo mais do que nunca precisamos de cristãos que tenham conhecimento para levar respostas à altura dessa busca pelo mundo.

Quero com esse texto incentivar à longas leituras e muita reflexão,pois se nós cristãos estamos cheios de incertezas quanto às nossas respostas cristãs,como poderemos ajudar esse mundo que grita desesperadamente por respostas?

Deus nos abençoe 







ORTODOXIA

                                                         ORTODOXIA

                                                       AS RELIGIÕES E A REDENÇÃO ( ORTODOXIA )

HINDUÍSMO

O hinduísmo não é uma religião monolítica. Ao contrário, é um mosaico de crenças e práticas religiosas que afirma oferecer à raça humana a redenção e a salvação. Embora o hinduísmo védico primitivo fosse politeísta, a tradição védica posterior passou a falar da Realidade suprema, também chamada de "Atmã" ou "Brama", como Uma, a partir da qual todas as coisas teriam surgido com um modo específico e triádico de manifestação. O próprio "Brama" é incompreensível e sem forma, mas também é o ser Consciente Auto-Existente, que é a totalidade da Felicidade. Em um nível pessoal mais popular, divindades como Shiva, destruidor da imperfeição, Vishnu e seus "avatares"("encarnações") como Rã, o Iluminado, Krishna e a Mãe Deusa Shakti — correspondem aos atributos da Realidade Suprema. As "encarnações" do Deus descem à terra para enfrentar o mal quando este se torna poderoso no mundo.

Dando o devido desconto à simplificação exagerada, pode-se dizer que, para o hinduísmo, a pessoa humana é uma fagulha do divino, uma alma ("atmã") encarnada por causa da "avidya" (ignorância: uma espécie de ignorância metafísica sobre a verdadeira natureza do indivíduo, ou um tipo de ignorância original). Como resultado, o ser humano está sujeito à lei do "carma", ou renascimento, o ciclo de nascimento é renascimento conhecido como "carma-samsara", ou a lei da retribuição. O desejo egoísta que leva à ignorância espiritual é a fonte de todo mal, miséria e sofrimento no mundo.

Assim, para o hinduísmo, a redenção — expressa por palavras como "moksha" e "mukti" — é a libertação da lei do "carma". Embora o homem possa dar alguns passos em direção à salvação de três maneiras (não mutuamente exclusivas) —- por intermédio da ação desinteressada, da intuição espiritual e do devotado amor a Deus —, a etapa final da comunhão salvífica com Deus só pode ser alcançada com a ajuda da graça.

BUDISMO

Com relação ao budismo, podemos começar dizendo que Buda, ao lidar com o sofrimento do mundo, rejeitou a autoridade dos Vedas e a utilidade dos sacrifícios, e também não viu motivo para as especulações metafísicas sobre a existência de Deus e da alma. Procurava a libertação do sofrimento a partir do próprio homem. Sua visão central é de que o desejo humano é a raiz de todo mal e miséria — que, por sua vez, dão lugar à "ignorância" ("avidya") — e a causa suprema do ciclo de nascimento e renascimento.

21. Depois de Buda, apareceram muitas escolas de pensamento que transformaram seus simples ensinamentos básicos em sistemas que tratam da doutrina do "Carma" como a tendência de nascer de novo, inerente na ação. A vida humana histórica não tem um fio existencial unificador, pessoal, substantivo; é feita simplesmente de fragmentos existenciais não vinculados de nascimento, crescimento, decadência e morte. A doutrina da "anicca", ou a "não permanência" de toda realidade, é central para o budismo. A ideia de impermanência existencial exclui a possibilidade da existência de uma "atmã", daí o silêncio de Buda sobre a existência de Deus ou da "atmã". Tudo é aparência ("maya"). Nada pode ser dito sobre a realidade, seja de modo positivo ou negativo.

Portanto, para o budismo, a redenção consiste em um estado de libertação ("Nirvana") deste mundo de aparência, uma libertação da natureza fragmentária e da impermanência da existência, alcançada por meio da supressão de todo desejo e de toda consciência. Mediante uma tal libertação, atinge-se um estado puro e indeterminado de vazio. Sendo radicalmente o contrário do tormento transitório deste mundo de Maya, o Nirvana — literalmente: "extinção", ou "apagamento" (isto é, de todos os desejos), como se apaga a luz de uma vela quando a cera acaba de queimar — foge a uma definição terrena, mas não é apenas um estado de extinção completa ou aniquilamento total. Nirvana não é um objetivo intelectual, mas uma experiência impossível de definir. É a libertação de todos os desejos e vontades, a libertação do ciclo de renascimento e sofrimento ("dukha"). O modo mais perfeito de libertação, para os budistas, é o caminho de oito etapas — perfeito entendimento, perfeita intenção, perfeita fala, perfeita conduta, perfeita ocupação, perfeito esforço, perfeita contemplação e perfeita concentração ("Vinayana Pitaka") — que coloca toda sua ênfase nos esforços humanos. Na perspectiva budista, todos os outros caminhos religiosos são imperfeitos e secundários.

ISLAMISMO

o islamismo ("submissão") é uma religião monoteísta baseada na Aliança, com firme crença em Deus como Criador de todas as coisas. Como o próprio nome sugere, essa religião vê a chave da verdadeira religião e, portanto, da salvação, na Fé, Confiança e Submissão total à vontade de Deus misericordioso.

De acordo com a fé dos muçulmanos, a religião islâmica foi revelada por Deus, desde os primeiros instantes da humanidade, e confirmada pelas sucessivas alianças com Noé, Abraão, Moisés e Jesus. O islamismo considera-se o acabamento e cumprimento de todas as alianças que existiram desde o princípio.

O islamismo não possui a ideia do pecado original, e o sentido cristão de redenção não encontra espaço no pensamento islâmico. Todos os seres humanos são considerados criaturas que precisam de salvação, a qual só podem obter voltando-se para Deus com fé total. O conceito de salvação também é expresso pelas palavras "sucesso" ou "prosperidade". Mas a ideia de salvação é melhor expressa por palavras como segurança ou proteção: em Deus, a raça humana encontra a segurança definitiva. A totalidade da salvação — concebida em termos de alegrias físicas e espirituais3 — é conseguida apenas no Último Dia com o Juízo Final e na vida no além ("Akhira"). O islamismo acredita em um tipo de predestinação na questão da salvação, seja rumo à felicidade do paraíso ou ao sofrimento no fogo do inferno ("Nar"), mas o homem permanece livre para responder com a fé e as boas obras. Os meios para chegar à salvação além da profissão de fé são: a oração ritual, a doação legal de esmolas, o jejum do Ramadã e a peregrinação à casa de Deus, em Meca. Algumas tradições somam a esses meios o "jihad", ou "luta", como guerra santa para a difusão ou defesa do islamismo ou, mais raramente, como conflito espiritual pessoal.

OUTRAS RELIGIÕES

Além das grandes religiões clássicas do mundo, existem outras religiões, chamadas de Tradicionais, Primitivas, Tribais ou Naturais. As origens destas religiões perderam-se na antiguidade. Suas crenças, cultos e códigos éticos são transmitidos por meio da tradição oral viva.

Os seguidores dessas religiões acreditam em um Ser Supremo, identificado sob nomes diferentes, e que se acredita ser o criador de todas as coisas, mas Ele próprio não-criado e eterno. O Ser Supremo delegou a supervisão dos assuntos do mundo a divindades menores, conhecidas como espíritos. Esses espíritos influenciam o bem-estar ou as desgraças humanas. A propiciação dos espíritos é muito importante para o bem-estar humano. Nas Religiões Tradicionais também é importante o sentido de comunhão de um grupo com os ancestrais do clã, a tribo e a família humana em geral. Os ancestrais que morrem são respeitados e venerados de vários modos, embora não sejam adorados.

A maior parte das Religiões Tradicionais tem mitos e histórias épicas que falam de um estado de felicidade com Deus, da queda de uma situação ideal e da esperança em algum tipo de redentor-salvador que virá para restabelecer o relacionamento interrompido e trazer a reconciliação e a condição de felicidade. A salvação é vista em termos de reconciliação e harmonia com os ancestrais mortos, os espíritos e Deus.

CRISTIANISMO

Além de considerar as concepções da redenção propostas pelas grandes religiões do mundo e as mais localizadas religiões tradicionais e ancestrais de muitas culturas humanas, é preciso, no entanto, dedicar um pouco de atenção a outros movimentos e estilos de vida alternativos contemporâneos que prometem a salvação a seus seguidores (por exemplo, os cultos modernos, os diversos movimentos da "Nova Era" e as ideologias de autonomia, emancipação e revolução). Mas é preciso ter cautela nessa área, e o risco de simplificações exageradas deve, se possível, ser evitado.

Seria enganoso sugerir, por exemplo, que os povos contemporâneos se encaixam em apenas duas categorias: a da "modernidade" autoconfiante que acredita na possibilidade de auto-redenção, ou a de uma pós-modernidade desencantada que não acredita em nenhuma melhora na condição humana a partir de "dentro" e confia apenas na possibilidade de uma salvação que vem de "fora". Em vez disso, o que de fato encontramos é um pluralismo cultural e intelectual, uma vasta gama de diferentes análises da condição humana e uma variedade de maneiras de tentar lidar com ela. Junto com um tipo de trajetória rumo à diversão e ao prazer, ou às absorventes e passageiras atrações do hedonismo, vemos uma retirada rumo a várias ideologias e novas mitologias. Junto a um estoicismo mais ou menos resignado, lúcido e corajoso, percebemos tanto uma desilusão que se considera persistente e realista, como um protesto resoluto contra a redução dos seres humanos e de seu ambiente à condição de recursos comercializáveis que podem ser explorados e contra a correspondente relativização, subestimação e, enfim, trivialização do lado obscuro da existência humana.

Portanto, um fato fica abundantemente claro na situação contemporânea: a condição concreta dos seres humanos está cheia de ambiguidades. Seria possível descrever de vários modos os dois "pólos" entre os quais cada ser humano em particular, e a humanidade como um todo, se acham de fato divididos. Por exemplo, existe em cada indivíduo, por um lado, um intenso desejo de vida, felicidade e realização e, por outro, a inevitável experiência de limitação, insatisfação, fracasso e sofrimento. Passando do indivíduo para a esfera geral, pode-se ver o mesmo quadro em uma tela maior. Aqui também é possível apontar, por um lado, o imenso progresso que tem sido conquistado pela ciência e tecnologia, pela disseminação dos meios de comunicação e pelos progressos alcançados, por exemplo, no domínio das leis privadas, públicas e internacionais. Mas, por outro lado, também se deve apontar as muitas catástrofes que ocorrem no mundo e, entre os seres humanos, tanta corrupção, com o resultado de que um número muito grande de pessoas sofrem terrível opressão e exploração e tornam-se vítimas indefesas daquilo que, na verdade, só pode lhes parecer um destino cruel. Está claro que, apesar das diferenças de ênfase, qualquer otimismo desanuviado sobre o progresso geral e universal proporcionado pela tecnologia vem claramente perdendo terreno nos nossos dias. E é no contexto contemporâneo da injustiça e da falta de esperança generalizadas que a doutrina da redenção deve ser apresentada hoje.

Mas é importante observar que a fé cristã não faz julgamentos apressados: seja no sentido de rejeitar in toto ou de aceitar sem fazer críticas. Procedendo com boa vontade e discernimento, ela não deixa de observar, na grande diversidade de análises e atitudes que encontra, várias percepções fundamentais que lhe parecem corresponder, em si mesmas, a uma profunda verdade sobre a existência humana.

A fé também observa, por exemplo, que, apesar de suas limitações e dentro delas, o homem assim mesmo procura uma possível "realização" em sua vida; que a maldade e o sofrimento são por ele experimentados como algo profundamente "anormal"; que as diferentes formas de protesto levantadas a partir desta perspectiva são em si mesmas sinais de que os seres humanos têm a necessidade de estar procurando por "algo mais", ou "alguma coisa a mais", "alguma coisa melhor". E, finalmente, como consequência disso, a fé cristã vê que os seres humanos contemporâneos não estão simplesmente procurando uma explicação de sua condição, mas estão aguardando ou esperando — reconheçam isso ou não — por uma liberação efetiva do mal e uma confirmação e realização de tudo que é positivo em suas vidas: o desejo do bem e do melhor, etc.

Mas, embora a Igreja reconheça a importância de tentar compreender e avaliar os problemas reais dos seres humanos no mundo, as diferentes atitudes por eles provocadas e as propostas concretas feitas no sentido de enfrentá-los, ela também reconhece a necessidade de jamais perder de vista a questão fundamental que está na base desses problemas e, necessariamente, também de qualquer modo proposto de resolvê-los, ou seja, a questão da verdade: qual é a verdade da condição humana? Qual é o significado da existência humana e, na perspectiva do próprio momento presente, o que pode, enfim, o homem esperar? Ao apresentar a doutrina da redenção ao mundo, a Igreja talvez possa considerar várias perspectivas diferentes sobre as questões supremas, concentrando-se no aspecto da fé cristã na redenção que talvez seja o mais crucial para a humanidade: a esperança. Porque a redenção é a única realidade suficientemente poderosa para satisfazer as verdadeiras necessidades humanas e a única realidade profunda o bastante para convencer as pessoas sobre o que realmente existe dentro delas.4 Essa mensagem redentora de esperança baseia-se nas duas doutrinas-chave do cristianismo, isto é, a Cristologia e a Trindade. Nessas doutrinas, encontra-se a base racional suprema para a compreensão cristã da história humana e da pessoa humana, feita à imagem do Deus Trino, uma Unidade em Comunidade, e redimida por amor pelo Filho único de Deus, Jesus Cristo, para o propósito de participação na vida divina, para a qual fomos primordialmente criados. Esta participação é indicada pela doutrina da ressurreição do corpo, quando os seres humanos, em sua realidade total, compartilham a totalidade da vida divina.

Portanto, a avaliação cristã da condição humana não é isolada, mas um aspecto de uma visão muito mais ampla, em cujo centro encontra-se a compreensão cristã de Deus e do relacionamento de Deus com a raça humana e toda a ordem criada. Essa visão maior é a da Aliança que Deus desejou e ainda deseja para a raça. E uma Aliança por meio da qual Deus quer associar os seres humanos à Sua vida, realizando — muito além do que eles possam por si mesmos desejar ou conceber — tudo o que é positivo dentro deles e libertando-os de tudo o que há de negativo em seu interior e que prejudica sua vida, felicidade e desenvolvimento.

Mas é essencial observar que, se a fé cristã fala dessa maneira sobre Deus e Sua vontade de instituir uma Aliança com os seres humanos, não é por termos sido, por assim dizer, apenas informados (por meros ensinamentos) das intenções de Deus. E porque, de um modo muito mais radical, Deus literalmente interveio na história e agiu no próprio coração da história; por seus "feitos poderosos", ao longo de toda a Antiga Aliança em primeiro lugar, mas suprema e definitivamente em e por meio de Jesus Cristo, Seu único e verdadeiro Filho, que entrou, encarnou-se, na condição humana, em sua forma totalmente concreta e histórica.

Estritamente falando, segue-se daí que, a fim de estabelecer o que têm a dizer sobre a condição humana, os fiéis não começam questionando a si mesmos sobre isso, para depois indagar a si próprios que tipo de esclarecimento ainda pode ser lançado sobre o problema pelo Deus que eles professam. Da mesma maneira, e ainda estritamente falando, os cristãos não começam afirmando a Deus com base em uma linha de argumento ou, pelo menos, não com base em uma reflexão puramente abstrata, para depois, apenas como ação secundária, passarem a examinar que tipo de esclarecimento esse conhecimento prévio de Sua existência poderia trazer ao destino histórico da humanidade.

Na realidade, para a revelação bíblica, e portanto para a fé cristã, conhecer a Deus é confessá-Lo com base naquilo que Ele Próprio fez pelo homem, revelando-o totalmente a si mesmo no próprio ato de revelar-Se a ele, precisamente por entrar em relação com ele: estabelecendo e oferecendo ao homem uma Aliança e chegando, com essa finalidade, ao ponto de vir e tornar-se encarnado na própria condição humana.

E, finalmente, a partir dessa perspectiva que a visão da pessoa humana e da condição humana, apresentada pela fé cristã, adquire toda a sua especificidade e toda a sua riqueza.

Por fim, deve-se dedicar alguma atenção ao que poderia ser chamado de debate cristão interno sobre a redenção, e especialmente à questão de como o sofrimento e a morte de Cristo se relacionam com a conquista da redenção da humanidade. A importância dessa questão é destacada hoje em muitos setores, por causa da observada inadequação — ou, pelo menos, da observada abertura a um sério e perigoso mal-entendido — de certas maneiras de compreender a obra de redenção realizadas por Cristo em termos de compensação ou punição por nossos pecados. Além do mais, a seriedade do problema do mal e do sofrimento não diminuiu com a passagem do tempo mas, ao contrário, intensificou-se, e a capacidade de muitos acreditarem que ele possa ao menos ser apropriadamente enfrentado foi minada neste século pelos próprios registros factuais. Nessas circunstâncias, pareceria importante repensar como a Redenção revela a glória de Deus. Pode-se perguntar se uma tentativa de compreender a doutrina da redenção poderia ser, no fundo, um exercício de teodicéia, uma tentativa de sugerir uma resposta digna de crédito para o "mistério da iniquidade", nas palavras de Paulo, à luz da fé cristã. O mistério de Cristo e da Igreja é a resposta divina. Em suma, seria a redenção a justificação de Deus, ou seja, a mais profunda revelação Dele a nós e, portanto, a doação a nós da paz que "ultrapassa toda a compreensão"? (Fl 4,7).

A finalidade deste documento não é ser um tratamento abrangente de toda a área da teologia da redenção, mas abordar algumas questões selecionadas da teologia da redenção que se apresentam com uma força particular dentro da Igreja de hoje