quinta-feira, 16 de julho de 2020

Paulo e o ministério feminino

                                      PAULO E O MINISTÉRIO FEMININO


Paulo  deu entender na Bíblia de um futuro ministério de mulheres na Igreja ?

Considero esses três textos de suma importância para o assunto que são: Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I Timóteo 2.8-15.

Parto da premissa ao comentar a teologia paulina que fala de duas eras: a contemporânea, que se iniciou da queda de Adão e a nova era que foi inaugurada por Jesus com sua morte e ressurreição.

O povo da nova era de Jesus Cristo é a Igreja, igreja não é prédio é grupo daqueles que creem nele. 

O que a Sociologia chama de grupos sociais em uma cultura de ciências dos homens, a Bíblia chama de Eclésia ou igreja. 

Saber que a Igreja vive através do ministério embasado na Bíblia em duas eras ao mesmo tempo e deve conciliar estas vivências bíblicas, de um novo interesse em uma nova abordagem dos "Dons Ministeriais", especificamente do ministério  feminino, igreja na Escritura Sagrada significa “os chamados para fora”.

Diz a Escritura que Cristo voltará para buscar aqueles que pertencerão a esse reino. 
Viver na nova era de Cristo significa que através da Bíblia a evangelização e alcançar os princípios desta nova vida, que é a de Deus vivo. 
Viver na era antiga significa enxergar, dentro de cada sociedade e cultura, o que é bom e o que é mal. Esta percepção leva a Igreja a concordar com os costumes das localidades e temporais, porém fundamentado no propósito de modificá-los, os chamados para fora, as Escrituras dizem que Jesus voltará, para buscar aqueles que pertencerão a este reino que a igreja sempre de acordo com a evangelização e os princípios de superioridade da nova era em Cristo.

Três tradições do período de Paulo são apresentadas: 

1.O matrimônio de um com muitos, ou a poligamia
2.A sujeição ou escravidão
3.A submissão da mulher na sociedade e na Igreja. 

Para cada um desses problemas, Paulo consegue habituar-se, porque são tradições sociais da era em que vivia. 
Paulo faz isto baseado no princípio de não colocar “pedras de tropeço” na Igreja a fim do evangelho ser pregado sem exceção e ao mesmo tempo mais pessoas através da evangelização em massa sejam salvas. 

Ao mesmo momento, sua orientação acenderá uma brecha nos meios filosóficos e ideológicos que amparam estes costumes. 

Por conclusão, os princípios elevados da teologia paulina na evangelização levam ao acordo de que a transformação da cultura da sociedade cria uma nova atitude da Igreja no sentido de vivenciar seus princípios elevados. 
Com a transformação cultural, abre-se a probabilidade da mulher ter seu ministério. 
Permanecem de pé as aberturas paulinas de que não devemos botar “pedras de tropeço culturais” e que as pessoas cheguem a Cristo e que nele “não há homem, nem mulher”.


                                                        INTRODUÇÃO

O argumento bíblico para evangelização e a importância dos textos paulinos do ministério  feminino é indefinidamente uma atitude muito criticada no movimento evangélico brasileiro. 

. Na Assembleia da Convenção Batista Brasileiro, por exemplo, permanece uma intransigente discussão hoje a respeito do argumento.  
. As mesmas contendas acontecem nas igrejas históricas, pentecostais e neo-pentecostais. 
. A diferença entre tradicionais (os que não aceitam ministério feminino) e igualdades (os que aceitam) está muito exaltada, tanto na área bíblica como no ético-social. 
. Teólogos têm se despontado sobre o assunto e, como é de costume, divididos.
Para os que creem na criação divina e a verdade da Bíblia, a derradeira palavra precisa vir dela. 
A análise das Sagradas Escrituras, nos escritos que aborda neste argumento, e a consequente teologia decorrida precisam levar os cristãos a uma posição sobre a probabilidade ou não deste tipo de ministério . 

Toda a Bíblia é inspiração de Deus, que as Escrituras precisam explanar a Escritura, continuamente com o uso da causa e que o apóstolo Paulo é o escritor das treze cartas que levam seu nome no Novo Testamento.

Na Sagrada Escritura, o apóstolo Paulo é o autor bíblico que mais aparece sobre o argumento. Pelo volume de sua grafia e pelo fundo teológico que confirmem de sua pena, Paulo é o escritor bíblico mais mencionado, tanto ao benefício da Bíblia na evangelização  é que mais menciona a mulher não ao ministério feminino. 

Este post  tem por finalidade estudar o adágio paulino aproximar-se do assunto: 

.  Num primeiro momento, se cogitará as explanações e análises de extraordinários textos paulinos a propósito de o assunto . . Num segundo momento, uma proposta de teologia paulina na abordagem da possibilidade do ministério  feminino.

1. A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS PAULINOS  NO MINISTÉRIO PASTORAL

Paulo é o formulador teológico do Novo Testamento. Numa aparição habitual, ele escreveu treze cartas. Por meio destes escritos, é provável perceber muito do pensamento cristão, pois descobrimos neles o alicerce da fé. 
No entanto, Paulo a escreveu a igreja e não tratados de teologia.

Ele puramente escreveu Eclésia – (igreja) e as pessoas aplicaram como instituição religiosa hierarquizada, tão facilmente para aproximar-se de dificuldades que eles estavam abarcando. 

Ele levanta sua teologia a partir de dificuldades, estágios e dá respostas a estes problemas em seu período e sua época, mas ainda ordena, além do ensinamento, princípios teológicos que ajudarão para toda ocasião e época.


Em afinidade ao assunto “Bíblia e o ministério feminino”, o apóstolo Paulo estabelece princípios gerais e universais que aplanam homem e mulher na nova camada de salvação criada por Jesus e vivenciada na igreja; nesta nova autorização, os dons são dados pelo Espírito Santo a todos os crentes, livre do gênero. 

Em originados assuntos, ele teve que afeiçoarem-se estes princípios às classes culturais de sua época. 

Três destes argumentos são: 1.)A monogamia/poligamia 2.)A escravidão 3.) A liderança feminina na igreja. 

Nesta definição, Paulo de tal maneira reafirmou a prática cultural de sua época quanto deu margem para uma transformação de postura em benefício de alteração de cultura, rumo aos princípios gerais e universais expostos em outros textos.


Existem três textos proeminentes sobre a matéria que convém analisar: 

1) Gálatas 3.26-29, 
2) I Coríntios 11-14 
3) I Timóteo 2.8-15. 

Diferentes textos paulinos serão citados, porém estes três formam o alicerce para chegar-se uma definição do assunto.

                                                          1.  GÁLATAS 3.26-29 

Paulo escreveu carta aos gálatas com a finalidade de instruir que a salvação é somente pela fé em Jesus Cristo. Oradores judaizantes ficavam doutrinando que, além da fé em Jesus, era indispensável também a submissão da lei de Moisés. 

A alegação de Paulo do seu evangelho é enérgica.

No capítulo 3, ele expõe que a promessa foi dada a Abraão, pois ele creu em Deus (v. 6) e os que são da fé em Jesus, esses são filhos de Abraão (v. 7). Isto só tornou-se admissível porque Cristo nos resgatou da maldição da lei ao morrer no madeiro, segundo determinação da lei (v. 13,14). 

Pela fé, os gentios recebem a Cristo e a promessa do Espírito. Quem deu a lei foi Deus para servir como um aio, protetor, até que a advento de Jesus pudesse levar os homens a acreditar nele. Neste contexto, ele desenvolve o texto de 3.26-29.

Nos v 26,27, ele diz: “pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Versão Revisada, Imprensa Bíblica Brasileira). 

Através da fé, todos são filhos de Deus. A palavra “todos” não deixa dúvida de que qualquer pessoa, livre de qualquer condição humana, pode ser salva e deleitar-se deste privilégio. 

O batismo o simboliza o sinal da nova situação e sugere que juntos se vestiram de Cristo, ou seja, são novas criaturas afeiçoar-se segundo seu Senhor. 

A fé em Cristo produziu um novo modo de ser e viver, embora permaneçam habitando na velha era. A doutrina da salvação pela fé não ficava reservada ao campo doutrinário, metafísico, mas acontecia a fazer parte da vida prática, do dia a dia, pois “se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2 Coríntios 5.17).

No v 28, há a declaração de Paulo dizendo que: “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. 

Paulo põe alguns pares divididos por raça, meio social e natureza. 

O primeiro par indica a isolamento racial que existiu em toda a história do povo de Israel de se considerar o “povo eleito” e, desta forma, distinguir de todos os outros povos. Na fé em Cristo, não há mais raça (nacionalidade) escolhida. 

O principal par é formado pelas normas da sociedade: escravos e livres. Esta separação social nada constitui na fé. Para o seu tempo, esta era um conceito revolucionário já que a prática da escravidão estava arraigada em todo o mundo antigo. 

“O terceiro par deriva da natureza: “macho” e fêmeo”, palavras que se assinalam por definir a sexualidade de cada indivíduo humano. Homens e mulheres ocupam o mesmo patamar na presença de Cristo. 

Não há mudança humana e exterioriza na existência destas pessoas: 

O homem continua sendo homem, novamente a mulher, o escravo continua sendo escravo. Tudo permanece sendo absolutamente igual na sociedade. Isto faz objeto da teologia paradoxal de Paulo do “já” e do “ainda não” em analogia à salvação operada por Cristo que se nascia numa era atual e na era futura simultaneamente. 

Porém, no que envolve a fé em Cristo, e isto envolve a Igreja, estas distinções humanas se rompem e estas pessoas são completamente niveladas em Cristo. Todas elas tornam-se um em Cristo. Ou seja, não somente são niveladas como igualmente são unidas a ponto de serem um só povo na pessoa de Cristo. 
A unidade da humanidade é conseguida e vivenciada em Cristo.

Se acompanharmos o raciocínio dos contrários ao ministério feminino,o escravo não deveria ter ministério e o gentio também não.Se "todos" são um " em Cristo " porque a mulher não é também chamada ou não faz parte do sacerdócio?

Ainda em relação ao v. 28, não vê neste texto a eliminação da submissão feminina e de coincidência de funções no ministério. 

O assunto tem quatro oposições ao emprego deste texto para o ministério  feminino. 

. A primeira oposição diz importância ao objetivo do texto que é tratar da maneira perante de Deus porque cremos em Cristo e não dos cargos que homens e mulheres cumprem na Igreja. 

. A segunda é que Paulo aprofunda a submissão feminina, não na queda, mas na competente criação. 

. A terceira oposição diz respeito à palavra “um” no texto que constitui unidade de todos em Cristo e não identidade de funções. 

. A quarta oposição é que Cristo não aboliu, na presente era, os efeitos do pecado e as punições quando pecaram. 

*A primeira e a terceira oposições são textuais. De fato, o texto fala da nossa posição em Cristo que a gente foi recebedora mediante nossa fé nele. O assunto é se esta nova posição não traz insinuações de caráter prático para a afinidade homem-mulher. Se, em Cristo, não existe homem nem mulher, significará que, em Cristo, a mulher permanece submissa ao homem no Corpo?

Será que, em Cristo, o escravo segue subordinado ao livre? Ou o grego ao judeu? Paulo está difundindo uma abertura nova decorrente da atitude que os crentes têm em Cristo, a qual signifique esta nova posição aboliu com as diferenças e os igualou.

A aplicação disto nas diversas sociedades se dará segundo as culturas de cada uma delas, mas o princípio está oferecido e afetará a questão do ministério feminino nas culturas onde isto couber. 

Não podem o viver numa condição de eras passadas quando a instituição terrena da igreja romana que aceita o ministério do Padre e não a mulher no seu sacerdócio.Será que queremos representar em alguns ministérios o mesmo feito eklesio de não formação ministério feminino. 

Em relação à unidade, segue-se o mesmo pensamento, pois não pode existir unidade com sujeição entre as pessoas envolvidas. 

*A segunda e a quarta oposições não são textuais. O conceito de que a submissão da mulher ao homem principiou no Éden ou na queda é muito controvertida na teologia e não existe pensamento único acerca desta questão entre os teólogos que creem na concepção das Escrituras. Se, de fato, Cristo não revogou, na atual era, os resultados do pecado, também é certo que ele iniciou uma nova era cujas intenções podem, dentro das possibilidades culturais, ser havidos nesta era presente. 
Se a cultura aceita à Igreja vivenciar na prática o “nem homem nem mulher em Cristo” nesta era, por que não se conviveria?

No v. 29, se as pessoas são de Cristo, imediatamente é a semente prometida por Deus a Abraão e sucessores de todas as bênçãos deste juramento. "Não existe distinção nestas regalias entre uns e outros, entre homens e mulheres."


O escrito de Gálatas 3.26-29, por ser doutrinário e apresentar princípios referentes à salvação em Jesus Cristo é um escrito que deve conduzir outros escritos que recomendem aparentes contradições com este ou provem fatos locais e culturais, pois:

 "Esta é uma passagem crucial que tende a citar como a que governa a interpretação de todos os demais textos relevantes, ou ao contrário, a ser minimizada quanto às suas implicações. [...] Gálatas 3:28 deve ser visto como um contraste com o status inferior geralmente dado às mulheres nos dias de Paulo. É uma afirmação dramática que não deve ser desprezada, nem diluída com o objetivo de manter uma posição restritiva. Gálatas 3.28 aplicam-se a relacionamentos sociais dentro da igreja, e não meramente ao âmbito espiritual da soteriologia. Ao mesmo tempo, não significa que todas as distinções estão eliminadas. Nem uma declaração positiva como Gálatas 3.28, nem uma restritiva, como I Timóteo 2.12, devem ser consideradas à parte da revelação bíblica total sobre o assunto"

O erudito do Novo Testamento, F. F. Bruce declarou em seu comentário de Gálatas 3.28: “Paulo estabelece aqui o princípio básico: se as restrições sobre esta questão se encontrarem noutras passagens das cartas paulinas

                                2. I CORÍNTIOS  11-14

Os capítulos 11-14 de I Coríntios abordam de questões referentes ao culto cristão. 
Visto que existiam problemas em relação a uns aspectos, Paulo escreve no significado de guiar a igreja. 

. Em 11.2-16, ele trata da ação do costume do véu para as mulheres usarem no culto público. 
. Em 11.17-34, da celebração da Santa Ceia do Senhor. 
. No capítulo 12, Paulo fala dos dons espirituais. 
I Coríntios 13 é um extenso capítulo sobre o amor. 
. Em 14.1-25, ele debate sobre o dom de línguas e profecias durante o culto.  
. 14.26-40 sobre a ordem e decoro no culto cristão. Existem dois textos que falam mais sobre a atitude da mulher na igreja: . 11.2-16 e 14.26-40.

O contexto cultural que obriga entender este texto é o seguinte: 

As mulheres não tomavam parte nos cultos das sinagogas, ao porque elas tinham ampla atividade nos cultos pagãos, mas sempre associadas a ritos de prostituição cultual. 
No culto cristão, a mulher fazia parte ativa, tanto quanto o homem porque as congregações eram mistas. 
Em público, a mulher carecia usar um véu, em consideração a seu marido e à cultura da época. 
Existe um cuidado social de Paulo para com a figura da mulher, mas

"o trecho relativo a 1 Co 11.2-11 levanta algumas situações complexas concernentes à situação de Paulo envolvendo a disputa por autoridade. O velamento das mulheres, contudo, não foi somente uma questão de falta de decoro ou oriunda dos fatos de alguns membros da comunidade de Coríntios se sentirem constrangida pela atuação das mulheres, mas o próprio ato de profetizar era visto como uma experiência direta com o divino, o que concedia autoridade a quem o fizesse"

O texto de 11.2-16, Paulo da início falando que os louva bem como eles nutrem as tradições conforme ele as deu. Combina recomendar que, naquele período, eles não exibiam ainda o Novo Testamento, que permanecia em desenvolvimento. 
O ensino das tradições compreendia os costumes éticos e sociais incididas do próprio Evangelho.

 Θέλω δὲ ὑμᾶς εἰδέναι ὅτι παντὸς ἀνδρὸς ἡ κεφαλὴ ὁ Χριστός ἐστιν 
κεφαλὴ δὲ γυναικὸς ὁ ἀνήρ κεφαλὴ δὲ τοῦ Χριστοῦ ὁ Θεός

No v. 3, ele diz: “quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher e Deus   a cabeça  de Cristo”. A palavra “kephale,” cabeça é interpretada em dois sentidos: a de “autoridade, liderança” ou como “fonte”. Aborda destes dois sentidos possíveis diz que

"os tradicionalistas tendem a presumir que cabeça sempre quer dizer “governo” ou “autoridade”, e interpretam Efésios 5.22-23, a respeito de esposas e maridos e 1 Coríntios 11.2-16, a respeito da cobertura da cabeça. Outros eruditos têm demonstrado que cabeça é termo empregado para significar “fonte”. Embora os eruditos estejam tratando das mesmas as evidências, a diferença na seleção e avaliação delas levam-nos a soluções fortemente conflitantes. Um estudo que selecionou certo número de usos da palavra “cabeça”, em sentido figurado, num total de 2.000 ocorrências, de início pareceu apoiar os significados de “governo” e “chefia”, mas a metodologia usada tem sido fortemente criticada. [...] No contexto mais amplo de Efésios kephalf significa tanto “governo” (1.22) como “fonte” (1.15-16)."

Ainda que o significado de “cabeça” seja a de domínio deve-se notar que ela é funcional, pois Deus sendo o cabeça de Cristo não indica superioridade ontológica. Ainda sobre o significado do termo “cabeça”, afirma-se que

" O dicionário mais abrangente da língua grega daquele período de que dispomos hoje, em inglês, é o compilado por Liddell, Scott, Jones e McKenzie, cobre a língua grega clássica e o coiné (Koiné), de 1.000 a.C. até cerca de 600 d.C. – portanto, um período de quase mil e seiscentos anos, incluindo a Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento). O dicionário relaciona cerca de vinte e cinco possíveis significados figurados para kephale (“cabeça”) os quais eram usados na literatura grega antiga. 
Entre estes significados estão: “topo”, “beirada”, “ápice”, “origem”, “fonte”, “boca”, “ponto inicial”, “coroa”, “término”, “consumação”, “soma” e “total”.
Essa lista não inclui nosso emprego comum em inglês com o sentido de “que tem autoridade sobre”, “líder”, “diretor”, “graduação superior” e outros sentidos semelhantes.

Nos v. 4-6, Paulo aconselha que todo homem que orar ou profetizar, que o faça com a cabeça descoberta, caso adverso envergonharia a si próprio. Este é uma maneira cultural da época. Acerca das mulheres, Paulo diz que toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a si própria, pois :
"os dias de Paulo, mulher sem véu, com cabelos soltos ou curtos, era considerada infame. O uso do véu perpassava várias culturas, entre elas a judaica e a greco-romana, que dominavam o ambiente à época. Por isto, as honradas deviam ter o cabelo longo, preso e bem penteado. O cabelo solto era visto como um estímulo erótico, por isso, usá-lo solto em público era um ultraje ao pudor, pois era considerada uma parte privada do corpo, que só o esposo podia olhar [...] é provável que as mulheres-profetas achassem que podiam desempenhar seu papel na liturgia com a cabeça descoberta, pois a casa, lugar onde também se celebrava o culto cristão, não era um lugar público"

Analisar que as mulheres faziam uso do livre-arbítrio de orar e profetizar no culto cristão (v. 5), todavia que deveriam fazê-los segundo os costumes sociais de sua época. 
No v. 7, Paulo diz: “pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, pois é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem”. 
É um comprometimento do ser humano não baralhar os papéis culturais de homem/mulher. Não necessita ter nem conflito nem mudança. Paulo ver neste modo de cultura de cobrir ou não a cabeça uma forma boa e verdadeira de expressar um fato bíblico da criação: Deus criou o homem e deste fez a mulher. 

É esta verdade que ele enfatiza-nos v. 8-10. Paulo acha adequada a atitude cultural na qual a mulher evidencia “submissão” tanto a seu marido como aos homens em geral ao aceitar o princípio de divisão masculino/feminino incluso na sociedade patriarcal na qual viviam. 
No entanto, esta “submissão” não evita que a mulher ore e profetize no culto público, que são sinais de autoridade

Nos v. 2-10, Paulo está discorrendo da necessidade de se seguir as tradições culturais para que não exista vergonha no culto cristão. 
Entretanto, nos v. 11 e 12, ele dá uma virada no texto: “todavia, no Senhor, nem a mulher é livre do homem, nem o homem livre da mulher, pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus”. 

Paulo estava comentando da cultura, mas agora ele começa proferindo: “todavia, no Senhor”, o que indica que ele fala da nova ordem criada em Cristo liberta das amarras culturais de cada povo. 

Nesta nova ordem, homens e mulheres são iguais: um não vive sem o outro; homem e mulher se concluem e por isso devem viver juntos em unidade. 

No nascimento o homem  é tirado para fora da mulher. Isto restaura o equilíbrio e a unidade. Então ele diz: “mas tudo vem de Deus”. Tanto o homem como a mulher foram criados com sexualidades diferentes por Deus e este convívio de interdependência e igualdade é o desejo e a proposta dele para a Igreja.

Nos v. 13-16, Paulo contorna ao dia-a-dia e diz que há tradições na sociedade dos coríntios acerca do que é decoroso e honesto na inclusão homem/mulher e que a igreja cristã precisa se submeter a fim de não molestar a sua boa presença na comunidade. 
A abertura que Paulo segue está bem especificada em I Coríntios 10.32-33: “não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos”



Tem algumas conclusões acerca do texto do “véu das mulheres” (I Coríntios 11.2-16). 

A primeira é que há uma forma de envolvimento homem/mulher definida pela sociedade em que toda igreja cristã se encontra. Esta forma de envolvimento define os papéis culturais de masculino e feminino dentro da sociedade. O alvo da sociedade e, convergente de Paulo, é que estes papéis não sejam misturados, mas permaneçam distintos. Onde estes papéis são deliberadamente confrontados não pode ter oração, profecia ou mesmo culto público que comunique a mensagem do evangelho para a sociedade. Daí a ordem paulina de cobertura da cabeça com o véu para a mulher no culto e da não cobertura para o homem. 

A segunda conclusão é que, paradoxalmente, no Senhor, sem os costumes específicos das sociedades, o relacionamento homem/mulher é de igualdade e complementariedade. As mulheres podem orar e profetizar do mesmo feitio que os homens e têm parte ativa nos cultos tanto quanto os homens. Eles são iguais na criação e na redenção. Esta é a nova sociedade que está sendo formada por Deus.

No capítulo 12, Paulo fala dos dons espirituais. Dentre os vários exemplos que o apóstolo dá, é destacado o v. 11: “mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas distribuindo particularmente a cada um como quer”. Ou seja, na repartição dos dons, o Espírito é quem decide que dom dará a cada um. 

A determinação é dele e não humana. 

Não tem, no texto, qualquer menção de que ele restrinja dons pelo ao sexo da pessoa. Apóstolo Paulo refere o dom de profecia (v. 10) e já tinha dito que mulheres profetizavam (11.5). No v. 25, ele diz que a separação dos dons é “para que não tenha separação no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros”. 

A igreja era composta de homens e mulheres. O que ele quer falar é com “igual cuidado uns dos outros”? Não imaginava ele em uma igreja de iguais ao invés de uma igreja hierarquizada aonde a mulher chegasse sempre ocupa um lugar subalterno? O v. 27 diz: “ora, vós sois o corpo de Cristo, e individualmente seus membros”. 

Na Bíblia o Evangelho e a visão paulina, a igualdade entre homens e mulheres na igreja é superior a qualquer hierarquização apresentada pelos costumes sociais.
No capítulo 13 No capítulo 14.1-25

"como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja."

Existem três ordens dadas nos versículos, todas apontadas às mulheres: 
. “silenciai”
.“subordinem-se” (voz reflexiva)  
.“perguntai”. 

Numa primeira leitura, Paulo ordena que, nos cultos públicos, a mulher permaneça em silêncio e não fale nada. 
O aprendizado delas, quando tivesse dúvidas, seria em casa perguntando a seus maridos. 

Como interpretar este texto, se nos textos anteriores de I Coríntios 11-14, ele deu direito de liberdade às mulheres de orar e profetizar em público e de participar ativamente no culto? 

Há pelo menos duas possibilidades. 

1. É possível que Paulo esteja dizendo às esposas que parem de interromper o culto ao fazer perguntas a seus maridos, querendo saber o significado de tudo. Antes, deveriam perguntar-lhes em casa. Talvez Paulo estivesse fazendo menção a ensinos falsos dos judaizantes, que desejavam que as mulheres ficassem em silêncio na igreja, como tinham de ficar na sinagoga. [...] Usualmente, quando Paulo fala “da lei”, refere-se ao Antigo Testamento. Todavia, não existe uma passagem no Antigo Testamento que digam que as mulheres devem estar subordinadas ou que não podem falar em público. Então a que lei se refere esta passagem? Pode se referir a uma das numerosas leis locais, que proibia às mulheres falar em reuniões públicas. Ou pode referir-se à interpretação rabínica do Antigo Testamento. Se esta passagem for uma citação dos judaizantes, é provável que se refira a uma interpretação rabínica. 

2. Há outras possibilidades, ainda, mas ninguém pode dogmatizar com autoridade, sobre o sentido exato desses versículos, porque não conhecemos a situação sociocultural exata. Paulo o sabia, os coríntios o sabiam. Nós não o sabemos. [...] Visto que esses dois versículos parecem contradizer o que Paulo dissera anteriormente nesta carta, bem como o próprio costume de Paulo, concernente a Priscila e suas outras “colaboradoras” (“meus cooperadores em Cristo Jesus”), não ousamos usá-los com o objetivo de anular tudo o mais que Paulo escreveu e praticou.

O verbo usado junto com “silêncio” nesta passagem tem a conotação de ausência de fala. Então seria absoluto o silêncio exigido das mulheres? 

Se isso for verdade, as mulheres não poderiam cantar participar de jograis, de leituras responsivas, orar em voz alta, nem mesmo pronunciar a oração dominical. Se assim for, tudo quanto foi dito antes, que envolve falar em línguas, profetizar e compartilhar verbalmente na igreja, não diz respeito à mulher e deveria ter um carimbo: “só para homens”. 

A expressão “vós todos” de 14.5 deveria excluir as mulheres. [...] Além disso, Paulo emprega o termo “conservem-se as mulheres caladas” em 1 Coríntios 14, mas não sugere um silêncio absoluto, pois o contexto define que tipo de silêncio o apóstolo tem em vista. “Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1 Co 14.28), e, “se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro” (1 Co 14:30). 

Em nenhum dos casos, presume-se que o silêncio deva ser absoluto; a pessoa que tiver o dom de falar em línguas pode certamente participar de cânticos, de orações e assim por diante, ainda que esse crente não possa falar em línguas sem que haja intérprete. [...] 

O apelo de Paulo à lei em geral é sentido como um golpe tremendo para manter as mulheres sob controle.

Mas há outra maneira de ver a questão. A lei pode ser vista como um limite. A mulher não precisa submeter-se naquilo que a lei não exige; a mulher só deve submeter-se segundo as exigências da lei. 

O Antigo Testamento permitia que a mulher profetizasse; portanto, 1 Co 14.34 não proíbe às mulheres o dom de profetizar. 
O que a lei exige é a submissão, e não o silêncio. O mandamento no v. 34 pode ser traduzido assim: “mas devem submeter-se”. “Esteja subordinada” ou “fique sujeita” são formas passivas que ressoam uma nota de servilismo. Mas o verbo grego é reflexivo. Trata-se de um ato que a própria pessoa executa por si mesma, ou de si mesma. 

A mulher, sendo ontologicamente igual ao homem, de vontade própria submete-se em reconhecimento de sua posição de mulher. 

O v. 35 também define o sentido de silêncio, ou de deixar de falar, que Paulo tem em mente. Falar seria entendido então como fazer perguntas. O diálogo, com perguntas e respostas, era a forma comum de estudo acadêmico do primeiro século. Não se permitia à mulher que levantasse perguntas em diálogo, porque esta era uma forma de ensino.

Visto acima, estudiosos discordam sobre a explicação do texto, mas também não confirmam que o silêncio da mulher é absoluto, como parece ser a explanação e interpretação do texto à primeira vista. 

Outra observação é que o “silêncio” da mulher sempre é acompanhado de explicações possíveis sobre o que acontecia na época em que o texto foi escrito, quer seja intérprete conservador, quer seja igualitário.

Outro problema na interpretação destes textos é se o culto e sua liturgia no primeiro século eram exatamente iguais aos cultos atuais com uma liderança e liturgias formais, um teólogo perito em Paulo, afirma acerca dos cultos públicos 

Agora, no que ser refere a estas reuniões da Igreja, de forma alguma é o caso que em Paulo tenhamos recebido informações detalhadas ou prescrições. 

Nas epístolas que foram preservadas e chegaram até nós, ele fala dessas reuniões incidentalmente, na maioria das vezes, com relação a certos abusos e pressupondo muitas coisas que, com frequência, não ficam claras para nós e sobre as quais gostaríamos de saber mais. 

Assim, desde o início, é difícil, tomando por base as epístolas paulinas, determinar se e até que ponto estas reuniões estavam sob a orientação específica de pessoas designadas para este propósito. 

Esta questão está, obviamente, ligada de maneira muito próxima àquela da presença de pessoas com cargos na Igreja de um modo geral. 

Tomando-se como ponto de partida uma passagem como 1 Coríntios 11.17ss, há muito pouco que deixe evidente uma ordem fixa; antes parece haver uma escassez de liderança. 

O mesmo aplica-se a 1 Coríntios 14, onde Paulo vê-se obrigado a colocar claramente para a Igreja que Deus não é, afinal de contas, Deus de confusão (v. 33). Por outro lado, tudo isso certamente não é prova de que nas reuniões da igreja não havia, geralmente, uma liderança [...] 

Com tudo isso, podemos considerar que muito mais coisas foram pressupostas do que aquilo que é expressado com todas as letras. No entanto, fica evidente pela maneira como, também a esse respeito, Paulo dirige-se continuamente à Igreja e não a uns poucos que ocupam posições de liderança ou cargos, o quanto os encontros da Igreja não são uma reunião hierárquicos, ou oferecidos por umas poucas pessoas “santas”, mas têm um caráter plenamente congregacional.

Nas contendas atuais sobre os textos paulinos, há uma tendência de conduzir a hierarquia e liturgia dos cultos atuais para interpretar os cultos do I século. 

Aqueles eram cultos bastante informais, realizados nas casas de pessoas da comunidade como acontecem ainda hoje, e contando com a participação ativa de muitos como se infere de I Coríntios 14.26. 

Os cultos tinham a presença e participação ativa de mulheres (I Co 11.5).

                                                 3.  I TIMÓTEO 2.8-15

Outro texto que houve controvérsia sobre o assunto é I Timóteo 2.8-15. 

A primeira carta de Paulo a Timóteo deixa claro como objetivo orientar o jovem pastor na sua empreitada de aparelhar a igreja. Essa é uma das razões que preocupa muito a Paulo era em relação aos falsos ensinos que estimulavam em Éfeso nesta época:

“como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina” (1.3). Éfeso era uma cidade com suas características voltada ao templo à deusa Diana (Ártemis) e onde Paulo conheceu e viveu grande perigo de vida quando pregou o evangelho (Atos 19.23-41). 
A adoração desta deusa envolvia a prostituição cultual.

É provável que neste ambiente de heresias e promiscuidade que temos de perceber o que diz o texto de I Timóteo 2.8-15. 

No v. 8, Paulo evidencia sua vontade de que os homens em todo lugar levantem mãos santas, sem ira e sem contenda. 
O que diferencia o homem cristão não é a dominação, mas o pleno viver de uma santidade prática que busca Deus e seu anseio e não disputas humanas carregadas de ira. 

“A ansiedade de Paulo para com os homens e as mulheres não se focaliza nas aparências externas, mas na qualidade do coração que causa os sinais externos” 

Os versos 9-15, o apóstolo confessa às mulheres. 

. No v. 9, ele começa com a expressão “do mesmo modo”. Isto denota que o objetivo do ensino que foi oferecido ao homem, agora é oferecido à mulher: uma existência de santidade prática. 
Nos v. 9 e 10, ele faz um contraste entre o exterior e o interior da mulher 

"quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças ou com ouro, ou pérolas ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras."

Os cabelos trançados, ouro, pérolas e roupas caras faziam parte tanto das mulheres da alta sociedade como também das prostitutas, inclusive as cultuais. fala deste contexto

A maior parte das mulheres gregas casadas usava uma catastola, um roupão que descia até os pés, preso por um cinto. Um traje muito modesto. 

A respeito de quem Paulo estava escrevendo? 

Aqui devemos levar em consideração o contexto histórico e cultural, bem como o contexto literário. 

Em Éfeso, com seu templo enorme erguido à deusa Artemis, havia centenas de sacerdotisas sagradas que provavelmente também serviam como prostitutas cultuais. 
Também havia centenas de hetaerae, mulheres gregas mais educadas, acompanhantes regulares e com frequência parceira sexuais extramaritais de homens gregos das classes superiores. 

É possível que algumas dessas mulheres se tenham convertido e estivessem usando suas roupas caras, indecorosas na igreja. Visto que as hetaerae com frequência eram professoras respeitáveis de homens na Grécia (muitas delas são mencionadas na literatura grega), com toda probabilidade estavam tornando-se professoras depois de ingressar na igreja. 

Aparentemente, a falta de castidade e modéstia era um problema real entre algumas mulheres da igreja de Éfeso, pois Paulo menciona duas vezes nesta seção (I Tm 2.9,15) ser necessária a castidade (no grego, sophrosyne).

A solicitação de Paulo é as mulheres cristãs sejam contrarias delas. 

Em primeiro lugar, não apreciando tanto valor ao que é externo embora faça declarações que as suas roupas tenham que ser bem arrumadas e caracterizadas pelo decoro social e autocontrole. Este procedimento com relação ao vestuário é conveniente para mulheres piedosas (tementes a Deus). Mas, acima de tudo, o que deve ter a característica como socialmente é a prática do tipo de boas obras. A preocupação delas deve ser fazer o bem às pessoas.

O contexto demonstra que poderia incidir que as mulheres admitissem a direção e o ensino da igreja cristã. 
Paulo se está preocupado com o preceito de sua época, que é patriarcal, Paulo prossegue sua orientação no v. 11: 

a mulher aprenda em silêncio com toda a submissão”. 

Aqui há um aspecto positivo e um problema de tradução. 

. O aspecto positivo é que a mulher cristã pode “aprender”. (O que era negado em outras religiões da época, onde as mulheres eram usadas como objetos ou completamente desconhecidas) 

No cristianismo dar-se valor a mulher como pessoa que pode aprender e crescer intelectualmente. Aprender não é só para os homens, é para todos. 

. O problema de tradução encontra-se na palavra explanada como “silêncio”. 

No texto grego, “esukia”( ἡσυχίᾳ ) pode denotar “silêncio”, mas o melhor sentido é “tranquilidade, calma”: 
“a palavra expressa a tranquilidade em geral” . A mulher deveria aprender, não em silêncio, mas com tranquilidade, ou seja, com toda a submissão. Não cabia a ela, pelo seu comportamento, usar a igreja para fazer a mudança de sua sociedade patriarcal. Até porque Paulo sabia que este comportamento traria enorme prejuízo para a igreja na sua tarefa de evangelizar o mundo de então.

Prosseguindo em sua orientação, Paulo vai fazer duas advertências às mulheres no v. 12: 

“pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio”. 

A primeira exceção é que ele não permitia que a mulher ensinasse. 
A segunda exceção é que a mulher não poderia dominar homem. 

O verbo habitual da língua grega para exercer autoridade é “exousiazo”. Aqui Paulo não usa esta palavra, mas usa o verbo “authenteo αὐθεντεῖν )
Este verbo é usado somente aqui em todo o Novo Testamento. É traduzido como “exercer autoridade, dominar, ser um autocrata, ser dominador” . “Essencialmente, authentein significa ‘atirar-se’ e em geral tem um sentido negativo [...] 
Outro conceito primitivo era ‘originar’ algo ou ‘ser responsável’ por alguma coisa”.
Por que Paulo usa uma palavra tão diferente ao invés de usar a palavra corriqueira para o exercício da autoridade? 
O restante da frase, ao invés de “mas que esteja em silêncio” poderia ser “mas ser (viver) em tranquilidade”, pois se trata da mesma palavra “esukia” do versículo anterior. 

As duas restrições: não ensinar e não comandar homens são típicas de sua sociedade.

 Para dar fundamento escriturística para estas duas exceções atribuídas à mulher, o apóstolo refere o exemplo de Adão e Eva. 

Os v. 13-14 dizem assim: “porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo engada, caiu em transgressão”. 

As razões para a mulher não ensinar e nem dominar sobre homens vem de dois exemplos históricos: 

1º) Adão foi formado primeiro e depois Eva, que veio dele; 

2º) Adão não foi enganado, mas Eva foi e bem enganada, tornando-se transgressora das ordens de Deus. 

Com estes exemplos não bastam para esclarecer que, em sua cultura, a mulher se submetia ao homem.

Paulo poderia ter concluído sua alegação no v. 14 e seu objetivo teria sido abrangido. 

No entanto, ele escreve o v. 15 com um sentido visivelmente misterioso: “salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação”. 

Obviamente, esta salvação do v. 15 não é um ensino geral porque se assim fosse, mulheres que não gerassem filhos não poderiam ser salvas e, além disso, a salvação seria pelas obras. A salvação do v. 15 está descrita deste modo para se redarguir aos v. 13 e 14. 

Em I Coríntios 11.2-10, quando também falou da submissão social da mulher ao homem, Paulo “compensou” esta situação da mulher registrando os v. 11 e 12, onde narrava que “no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem independente da mulher; pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem” “nasce da mulher, mas tudo vem de Deus “. 
Outro exemplo do apóstolo perpetrando esta “compensação” estar em I Coríntios 7.1-6, como ele fala das afinidades sexuais no matrimônio. 

No v. 1, ele recomenda “bom seria que o homem não tocasse em mulher”, olhando do ponto de vista do homem. 
Porque se aguardava que ele falasse da dominação masculina mesmo nas relações sexuais, ele descreve o v. 4: “a mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher”. 

Paulo faz o mesmo tipo de “equilíbrio” aqui. O v. 15 é um contraponto aos v. 13-14. Os motivos de a mulher ser dependente na sociedade e, por conseguinte, na igreja, apresentam como primeiro argumento que Eva foi formada de Adão (v. 13). 

O contraponto significa que a mulher origina filhos, em meio aos quais homens. Eles vêm delas. 

O segundo argumento é que Eva foi enganada; a resposta no v. 15 é que o engano se rescinde quando a mulher, na salvação de Jesus Cristo, conservar-se na fé, no amor e na santificação (todas estas são qualidades necessárias na salvação) e isto com sobriedade (grego: sofrosyne) que “significa basicamente o autodomínio nos anseios físicos é aquele autocontrole interior habitual, com seu domínio constante sobre todas as paixões e desejos” . 

Uma mulher que vive a salvação com fé, amor e santificação, controlando seus desejos e paixões é o exato contrário de uma Eva enganada. O ensino aqui é que a nova vida em Cristo, a salvação do v. 15, concede à mulher um lugar reabilitado que havia perdido na queda e pela qual sofre a consequência de subordinar-se na sociedade. A salvação de Jesus devolve-lhe a mesma igualdade com o homem e, neste âmbito (a Igreja), não existe mais a superioridade masculina e nem a subordinação da mulher, pois “em Cristo Jesus, não há homem nem mulher”.
                  









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