A DESCIDA DE CRISTO AO HADES
" no qual igualmente foi e proclamou aos espíritos em prisão" 1 Pedro 3:19
( ἐν ᾧ καὶ τοῖς ἐν φυλακῇ πνεύμασιν πορευθεὶς ἐκήρυξεν )
Os sofrimentos de Cristo trazem vastos e benéficos resultados.
Nenhum pai da igreja,credo ou tradição cristã negou a realidade da descida de Cristo ao " hades ", porém um grande debate sobre o propósito de sua descida:
1. Jesus visava melhorar as condições das almas perdidas.
Quanto à natureza dessa melhoria há controvérsias,mas 1 Pedro 3 e 4 mostram que foram eles potencialmente restaurados com esse ato de Cristo.
O hades representa um julgamento intermediário e não o juízo final,mostrando que a II Vinda de Cristo e a destruição do hades,assinala o fim do julgamento intermediário e o início do estado final,e esse tem sido o posicionamento dos universalistas.
Essa passagem mostra que o poder da obra de Cristo em alcançar todas as almas e de todas as partes,até que se estabeleça o estado final,mesmo que neste caso as almas não sejam submetidas ao senhorio de Cristo.
Segundo os pais da igreja,a alma glorificada desce ao Hades e assim o Sol da justiça brilhe sobre aqueles que sob a terra se assentam em trevas da sombra da morte,trazendo Cristo livramento aos cativos e vista aos cegos,tornando-se a Causa da eterna salvação dos crentes e que sua descida convence a incredulidade aos desobedientes,mostrando que mesmo no hades todo joelho se prostrará ante Ele nos céus,na terra e debaixo da terra,soltando as cadeias dos aprisionados e retornasse dos mortos e preparasse para os salvos o caminho da ressurreição.
Clemente de Alexandria defende que essa descida ao Hades por Cristo foi para uma missão de conscientização e não de salvação aos que pereceram no dilúvio e a todos que estão guardados em prisão no hades por um outro motivo que não sabemos.( Efésio 1:22-23 )
2. Jesus visava o agravamento dos ímpios
A pregação foi feita somente aos justos,elevando-os do hades para o céu,e I Pedro 3 mostra que a pregação foi para os desobedientes,para confirmar a condenação deles,porém o contexto tem por objetivo mostrar os benefícios do sofrimento de Cristo,fora que o termo "pregar " dá um sentido estranho ao mesmo que tem outro sentido em outros textos( aparece 61 vezes em outros lugares e não tem o sentido que tentam dar essa interpretação ,tendo o sentido de pegação do Evangelho).Em I Pedro 4:6 afirma que " o evangelho foi pregado aos mortos " e não tem como se duvidar desse parágrafo,aludindo a descida do capítulo 3.Cristo acabara de realizar a obra da cruz e imediatamento descer ao hades para condenação,agravando a situação dos perdidos é vista como uma atitude não cristã.
Há quem diga que a pregação foi feita aos penitentes que com o subir das águas,deram crédito à pregação de Noé(algo a se pensar).Outros creem que foi uma pregação de consolo e progresso aos justos do Velho Testamento,mas condenação aos perdidos,que era a posição de Calvino a "dupla pregação ".A pregação condenatória não é vista com simpatia e vista como um insulto ao caráter do redentor,já que Ele dá o ultimo suspiro liberando o perdão,desça e proclame o seu triunfo e intensifique os tormentos dos ímpios,fazendo o inferno mais inferno.
3. Jesus não desceu ao Hades
Esse ponto de vista defende que toda pregação foi feita por Noé e pelos seus santos profetas e discípulos na missão evangelizadora.
Essa posição é arbitrária,pois as escrituras nada falam sobre a pregação de Noé como mediadora.
É uma posição que não tem base gramatical,pois o tema não é Noé,nem o Logos Divino numa missão pré-encarnada,mas refere-se a Jesus o Cristo,que recentemente morrera e tinha uma missão no hades.
Os objetos da pregação(alvo) eram os " espíritos " ou seja destituídos de corpo e não mortais,não havendo indícios que esses espíritos estavam vivos na carne,embora em prisão no hades,e remota a desobediencia e a pregação presente( 2:19),e Cristo foi "em espirito".
É uma posição anti histórica,pois sempre se creu na descida,sem hermenêntica,pois sempre se creu e interpretou diferente,e hermeneuticamente fraca pois torna a missão de jesus no hades irrelevante,onde Paulo em Efésios mostra a unificação de todas as coisas em Jesus(1:10)
CONCLUSÃO
0 ensinamento é claro, portanto: Os sofrimentos de Cristo se revestem de
valor imenso, mais do que a língua humana pode narrar, atingindo aos mais
altos céus, mas também ao mais baixo inferno. Se fores perseguido, se estás
sofrendo, lembra-te disto: Deus pode sair dentre o sofrimento.
1 Ped. 4:6, seguindo imediatamente após a narrativa do descida, e
querendo servir de comentário adicional a respeito, fala sobre as «mortos» em
geral, como aqueles que receberam a visita da descida de Cristo, pelo que fica
eliminada a limitação de I Ped. 3:18 .
Se a descida de Cristo trouxe esperança
aos mais rebeldes, é certo que trouxe esperança a todas as almas perdidas.
Ainda outros, apesar de admitirem a plena força da descida, pois é claro
que Cristo pregou e ajudou às almas perdidas no hades. limitam isso a «uma só ocasião», e se recusam a ver nesse acontecimento um «precedente». Isto é.
crêem que Cristo foi de beneficio ou ofereceu salvação plena a almas perdidas
que tinham descido ao hades antes de sua missão terrena, mas não acreditam
que esse ministério ״continua no hades״ .Em outras palavras, desde a cruz.
nenhum outro benefício pode ser «operado no hades da parte da anterior descida
de Cristo ali.
Dos dezessete comentários examinados sobre o tema, somente um
toma essa posição limitada, em bora treze concordem com a realidade da
descida. A maioria dos intérpretes, antigos e modernos, vê um «precedente״ do
que sucedeu no hades. Essa tradição, pois. ensina que Jesus pode alcançar os
homens em qualquer lugar, até que ele ache por bem traçar fronteiras eternas
quando de sua segunda vinda.
Que dizer sobre a justiça?
Romanos 1 deixa claro que Deus seria «justo» se
condenasse homens ao inferno, sem importar se ouviram o Evangelho ou náo.
Porém, náo existe tal coisa como justiça nua. á parte do amor e da misericórdia.
Uma justiça temperada, na qual os atributos de Deus não estejam divididos e
nem se choquem uns contra os outros, alia-se á razoável posição que diz que
ninguém poderá perder-se finalmente sem antes ter chegado frente a frente com
a verdade, conforme ela se acha em Cristo.
Cristo, trará finalmente a todos os homens o «conhecimento» do
Evangelho. Ele foi levantado. Todos os homens deverão saber disso, para então
se voltarem para Cristo ou rejeitarem-no.
Negar isso é perder as imensas
dimensões da missão de Cristo, que são subentendidas na história da
«descida», bem como em outras passagens, como Efésios 1 e Colossenses 1:16.
O Evangelho foi pregado aos mortos com o propósito de moldar a condição
deles, de tal modo que. por um lado. sendo julgados segundo a carne (estado
dos mortos visto como um juizo continuo segundo a carne), por outro lado,
fossem capazes de «através ao juiz (aoristo). atingir, à maneira de Deus. a vida
imortal do espirito»
Antes, procuramos combinar todos versículos que falam sobre o assunto, formando um todo harmonioso, e não negligenciamos aqueles
versículos que oferecem esperança, quer seja para a salvação das alma» que
tenham ido para hades. quer para a melhoria aos perdidos, uma voz que sejam
traçadas as fronteiros eternas.
Deus nos considerará responsáveis se
diminuirmos aquilo que foi revelado, no tocante á amplitude e poder da missão
de Cristo. Sem dúvida é muito sério degradar ou subestimar a sua missão.
Antigos e modernos tem dado à «descida» um papel
importante em sua teologia. 0 mais provável, porém, é que todos os homens,
de alguma maneira, tenham subestimado o que Cristo pode fazer e fará,visto
que seu poder permeia todas as esferas, todos os mundos e todos os seres. E
impossível que alguma coisa esteja fora do alcance de seu poder.
ADENDOS
Foi usada pela primeira vez na forma do Credo de Aquiléia (cerca de 390 A. D.),
“descendit in inferna”. Entre os gregos, alguns traduziram “inferno” por “hades”, e outros por
“partes inferiores”. Algumas formas de Credo, nas quais se acham essas palavras, não
mencionam o sepultamento e omitem a descida ao hades.
Calvino argumenta acertadamente que
para aqueles que as acrescentaram após a expressão “foi sepultado”, elas só tinham que denotar
uma coisa adicional. Deve-se ter em mente que essas palavras não se acham na escritura, e não
se baseiam em proposições diretas da Bíblia como se dá com os restantes artigos do Credo.
Há especialmente quatro passagens que entrarão em
consideração aqui.
(1) Ef. 4.9, “Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às
regiões inferiores da terra? Os que procuram apoio nesta passagem tomam a expressão “regiões
inferiores da terra” como equivalente de “hades”. Mas esta é uma interpretação duvidosa. O
apóstolo argumenta que a subida de Cristo pressupõe uma descida. Ora, o oposto da ascensão é
a encarnação, cf. Jo 3.13. Daí, a maioria dos comentadores entende que a expressão se refere
simplesmente à terra. A expressão pode derivar de Sl 139.15 e se refere mais particularmente à
encarnação.
(2) 1 Pe 3.18, 19, que fala de Cristo como estando “morto, sim, na carne, mas
vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão”. Supõe-se que esta
passagem se refere à descida ao hades e visa a declarar o propósito dessa descida. O espírito ali
referido é então entendido como sendo a alma de Cristo, e a pregação mencionada terá que ter
tido lugar entre a Sua morte e a Sua ressurreição. Mas, tanto uma coisa como a outra são
impossíveis. O Espírito mencionado não é a alma de Cristo, mas o Espírito vivificante, e foi com
esse mesmo Espírito que dá vida que Cristo pregou. A interpretação comum que os protestantes
fazem desta passagem é que, no Espírito, Cristo pregou por meio de Noé aos desobedientes que
viveram antes do dilúvio, que eram espíritos em prisão quando Pedro escreveu, podendo ele,
pois, denomina-los desse modo. Bavinck considera isso insustentável e interpreta a passagem
como se referindo à ascensão, que ele considera uma rica, triunfante e poderosa pregação aos
espíritos em prisão.
(3) 1 Pe 4.4-6, particularmente o versículo 6, redigido como segue: “Pois,
para este fim foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne
segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus”. Neste contexto o apóstolo admoesta os
leitores a que não vivam o restante de suas vidas na carne para as luxúrias dos homens, mas
para a vontade de Deus, mesmo que com isso ofendam os seus ex-companheiros e sejam
ultrajados por eles, visto que eles terão que prestar contas dos seus feitos a Deus, que está
pronto a julgar os vivos e os mortos. Os “mortos” a quem o Evangelho foi pregado, evidentemente
não estavam mortos ainda quando ouviram a sua pregação, visto que o propósito dessa pregação
era, em parte, que fossem “julgados na carne segundo os homens”. Isso só poderia acontecer durante a vida deles na terra. Com toda a probabilidade, o escritor se refere aos mesmos espíritos
dos quais fala no capítulo anterior.
(4) Sl 16.8-10 (comparar com At 2.25-27, 30, 31). É especialmente o
versículo 10 que entra em consideração aqui: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem
permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Desta passagem Pearson conclui que a alma de
Cristo esteve no inferno (hades) antes da ressurreição, pois se nos diz que ela não foi deixada lá.
Mas devemos notar o seguinte:
(a) A palavra nephesh (alma) é muitas vezes empregada no
hebraico pelo pronome pessoal, e sheol, pelo estado de morte.
(b) Se entendermos assim essas
palavras aqui, teremos um claro paralelismo sinonímico. A idéia expressa seria a de que Jesus
não foi deixado sob o poder da morte.
(c) Isso está em perfeita harmonia com a interpretação feita
por Pedro em At 2.30, 31, e por Paulo em At 13.34, 35. Em ambos os casos o Salmo é citado para
provar a ressurreição de Jesus.
Diferentes interpretações
. (1) A Igreja Católica Romana a entende
no sentido de que, após a Sua morte, Cristo foi para o Limbus Patrum (Limbo dos pais), onde os
santos do Velho Testamento estavam aguardando a revelação e aplicação da Sua obra redentora,
pregou-lhes o Evangelho e os levou para o céu.
(2) Os luteranos consideram a descida ao hades
como o primeiro estágio da exaltação de Cristo. Cristo foi ao mundo inferior para revelar e
consumar a Sua vitória sobre Satanás e sobre os poderes das trevas, e para pronunciar a
sentença de condenação deles. Alguns luteranos localizam essa marcha triunfal entre a morte de
Cristo e Sua ressurreição; outros, após a ressurreição.
(3) A Igreja da Inglaterra sustenta que,
enquanto o corpo de Cristo estava no túmulo, a alma foi ao hades, mais particularmente ao
paraíso, a habitação das almas dos justos, e lhes fez uma exposição mais completa da verdade.
(4) Calvino interpreta a frase metaforicamente, entendendo que se refere aos sofrimentos penais
de Cristo na cruz, onde Ele sofreu realmente as angústias do inferno. A interpretação do
catecismo de Heidelberg é parecida. Segundo a posição reformada (calvinista) usual, as palavras
se referem não somente aos sofrimentos de Cristo na cruz, mas também às agonias do
Getsêmani.
(5) A Escritura certamente não ensina uma descida literal ao inferno. Além disso, há
sérias objeções a esse conceito. Ele não pode ter descido ao inferno quanto ao corpo, pois este
se achava no sepulcro. Se Ele desceu realmente ao inferno, só pode ter sido quanto à Sua alma,
o que significaria que somente a metade da Sua natureza humana teve participação nesse
estágio da Sua humilhação (ou exaltação). Ademais, enquanto Cristo não ressurgisse dos mortos,
não teria chegado ainda a ocasião para a marcha triunfal, como os luteranos supõem. E,
finalmente, na hora da Sua morte Cristo encomendou Seu espírito ao Seu Pai. Isto parece indicar
que Ele esteve passivo, e não ativo, desde a hora da Sua morte até quando saiu do túmulo.
De
modo geral, parece melhor combinar dois pensamentos: (
a) que Cristo sofreu as angústias do inferno antes da Sua morte, no Getsêmani e na cruz;
(b) que Ele adentrou a mais profunda
humilhação do estado de morte.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos..." ( Atos 2:42) Esta primeira característica é surpreendente e não muitas congregaçõesa teriam em conta hoje. A igreja viva é uma igreja que está aprendendo, uma comunidade que estuda. A plenitude do Espírito Santo é incompatível com o antiintelectualismo. O Espírito de Deus é Espírito de verdade. Esse foi um dos títulos que Jesus mesmo deu ao Espírito. Se quisermos estar cheios do Espírito, sua verdade será importante para nós.
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