sexta-feira, 8 de junho de 2018

A DESCIDA DE CRISTO AO HADES

                                                     A DESCIDA DE CRISTO AO HADES


" no qual igualmente foi e proclamou aos espíritos em prisão" 1 Pedro 3:19


 ( ἐν  ᾧ καὶ τοῖς ἐν φυλακῇ  πνεύμασιν  πορευθεὶς  ἐκήρυξεν )


Os sofrimentos de Cristo trazem vastos e benéficos resultados.

Nenhum pai da igreja,credo ou tradição cristã negou a realidade da descida de Cristo ao " hades ", porém um grande debate sobre o propósito de sua descida:

 1. Jesus visava melhorar as condições das almas perdidas.

Quanto à natureza dessa melhoria há controvérsias,mas 1 Pedro 3 e 4 mostram que foram eles potencialmente restaurados com esse ato de Cristo.
O hades representa um julgamento intermediário e não o juízo final,mostrando que a II Vinda de Cristo e a destruição do hades,assinala o fim do julgamento intermediário e o início do estado final,e esse tem sido o posicionamento dos universalistas.

Essa passagem mostra que o poder da obra de Cristo em alcançar todas as almas e de todas as partes,até que se estabeleça o estado final,mesmo que neste caso as almas não sejam submetidas ao senhorio de Cristo.

Segundo os pais da igreja,a alma glorificada desce ao Hades e assim o Sol da justiça brilhe sobre aqueles que sob a terra se assentam em trevas da sombra da morte,trazendo Cristo livramento aos cativos e vista aos cegos,tornando-se a Causa da eterna salvação dos crentes e que sua descida convence a incredulidade aos desobedientes,mostrando que mesmo no hades todo joelho se prostrará ante Ele nos céus,na terra e debaixo da terra,soltando as cadeias  dos aprisionados e retornasse dos mortos e preparasse para os salvos o caminho da ressurreição.

Clemente de Alexandria defende que essa descida ao Hades por Cristo foi para uma missão de conscientização e não de salvação aos que pereceram no dilúvio e a todos que estão guardados em prisão no hades por um outro motivo que não sabemos.( Efésio 1:22-23 )


2. Jesus visava o agravamento dos ímpios

A pregação foi feita somente aos justos,elevando-os do hades para o céu,e  I Pedro 3 mostra que a pregação foi para os desobedientes,para confirmar a condenação deles,porém o contexto tem por objetivo mostrar os benefícios do sofrimento de Cristo,fora que o termo "pregar " dá um sentido estranho ao mesmo que tem outro sentido em outros textos( aparece 61 vezes em outros lugares e não tem o sentido que tentam dar essa interpretação ,tendo o sentido de pegação do Evangelho).Em I Pedro 4:6 afirma que " o evangelho foi pregado aos mortos " e não tem como se duvidar desse parágrafo,aludindo a descida do capítulo 3.Cristo acabara de realizar a obra da cruz e imediatamento descer ao hades para condenação,agravando a situação dos perdidos é vista como uma atitude não cristã.

Há quem diga que a pregação foi feita aos penitentes que com o subir das águas,deram crédito à pregação de Noé(algo a se pensar).Outros creem que foi uma pregação de consolo e progresso aos justos do Velho Testamento,mas condenação aos perdidos,que era a posição de Calvino a "dupla pregação ".A pregação condenatória não é vista com simpatia e vista como um insulto ao caráter do redentor,já que Ele dá o ultimo suspiro liberando o perdão,desça e proclame o seu triunfo e intensifique os tormentos dos ímpios,fazendo o inferno mais inferno.

3. Jesus não desceu ao Hades

Esse ponto de vista defende que toda pregação foi feita por Noé e pelos seus santos profetas e discípulos na missão evangelizadora.

Essa posição é arbitrária,pois as escrituras nada falam sobre a pregação de Noé como mediadora.

É uma posição que não tem base gramatical,pois o tema não é Noé,nem o Logos Divino numa missão pré-encarnada,mas refere-se a Jesus o Cristo,que recentemente morrera e tinha uma missão no hades.

Os objetos da pregação(alvo) eram os " espíritos " ou seja destituídos de corpo e não mortais,não havendo indícios que esses espíritos estavam vivos na carne,embora em prisão no hades,e remota a desobediencia e a pregação presente( 2:19),e Cristo foi "em espirito".

É uma posição anti histórica,pois sempre se creu na descida,sem hermenêntica,pois sempre se creu e interpretou diferente,e hermeneuticamente fraca pois torna a missão de jesus no hades irrelevante,onde Paulo em Efésios mostra a unificação de todas as coisas em Jesus(1:10)


CONCLUSÃO


0 ensinamento é claro, portanto: Os sofrimentos de Cristo se revestem de valor imenso, mais do que a língua humana pode narrar, atingindo aos mais altos céus, mas também ao mais baixo inferno. Se fores perseguido, se estás sofrendo, lembra-te disto: Deus pode sair dentre o sofrimento.

 1 Ped. 4:6, seguindo imediatamente após a narrativa do descida, e querendo servir de comentário adicional a respeito, fala sobre as «mortos» em geral, como aqueles que receberam a visita da descida de Cristo, pelo que fica eliminada a limitação de I Ped. 3:18 .
Se a descida de Cristo trouxe esperança aos mais rebeldes, é certo que trouxe esperança a todas as almas perdidas.

Ainda outros, apesar de admitirem a plena força da descida, pois é claro que Cristo pregou e ajudou às almas perdidas no hades. limitam isso a «uma só ocasião», e se recusam a ver nesse acontecimento um «precedente». Isto é. crêem que Cristo foi de beneficio ou ofereceu salvação plena a almas perdidas que tinham descido ao hades antes de sua missão terrena, mas não acreditam que esse ministério ״continua no hades״ .Em outras palavras, desde a cruz. nenhum outro benefício pode ser «operado no hades da parte da anterior descida de Cristo ali.

Dos dezessete comentários examinados sobre o tema, somente um toma essa posição limitada, em bora treze concordem com a realidade da descida. A maioria dos intérpretes, antigos e modernos, vê um «precedente״ do que sucedeu no hades. Essa tradição, pois. ensina que Jesus pode alcançar os homens em qualquer lugar, até que ele ache por bem traçar fronteiras eternas quando de sua segunda vinda.

Que dizer sobre a justiça?

Romanos 1 deixa claro que Deus seria «justo» se condenasse homens ao inferno, sem importar se ouviram o Evangelho ou náo. Porém, náo existe tal coisa como justiça nua. á parte do amor e da misericórdia. Uma justiça temperada, na qual os atributos de Deus não estejam divididos e nem se choquem uns contra os outros, alia-se á razoável posição que diz que ninguém poderá perder-se finalmente sem antes ter chegado frente a frente com a verdade, conforme ela se acha em Cristo.

Cristo, trará finalmente a todos os homens o «conhecimento» do Evangelho. Ele foi levantado. Todos os homens deverão saber disso, para então se voltarem para Cristo ou rejeitarem-no.
Negar isso é perder as imensas dimensões da missão de Cristo, que são subentendidas na história da «descida», bem como em outras passagens, como Efésios 1 e Colossenses 1:16.

O Evangelho foi pregado aos mortos com o propósito de moldar a condição deles, de tal modo que. por um lado. sendo julgados segundo a carne (estado dos mortos visto como um juizo continuo segundo a carne), por outro lado, fossem capazes de «através ao juiz (aoristo). atingir, à maneira de Deus. a vida imortal do espirito»

Antes, procuramos combinar todos  versículos que falam sobre o assunto, formando um todo harmonioso, e não negligenciamos aqueles versículos que oferecem esperança, quer seja para a salvação das alma» que tenham ido para  hades. quer para a melhoria aos perdidos, uma voz que sejam traçadas as fronteiros eternas.
Deus nos considerará responsáveis se diminuirmos aquilo que foi revelado, no tocante á amplitude e poder da missão de Cristo. Sem dúvida é muito sério degradar ou subestimar a sua missão.

Antigos e modernos tem dado à «descida» um papel importante em sua teologia. 0 mais provável, porém, é que todos os homens, de alguma maneira, tenham subestimado o que Cristo pode fazer e fará,visto que seu poder permeia todas as esferas, todos os mundos e todos os seres. E impossível que alguma coisa esteja fora do alcance de seu poder.


ADENDOS

Foi usada pela primeira vez na forma do Credo de Aquiléia (cerca de 390 A. D.), “descendit in inferna”. Entre os gregos, alguns traduziram “inferno” por “hades”, e outros por “partes inferiores”. Algumas formas de Credo, nas quais se acham essas palavras, não mencionam o sepultamento e omitem a descida ao hades.

Calvino argumenta acertadamente que para aqueles que as acrescentaram após a expressão “foi sepultado”, elas só tinham que denotar uma coisa adicional. Deve-se ter em mente que essas palavras não se acham na escritura, e não se baseiam em proposições diretas da Bíblia como se dá com os restantes artigos do Credo.

Há especialmente quatro passagens que entrarão em consideração aqui.

(1) Ef. 4.9, “Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra? Os que procuram apoio nesta passagem tomam a expressão “regiões inferiores da terra” como equivalente de “hades”. Mas esta é uma interpretação duvidosa. O apóstolo argumenta que a subida de Cristo pressupõe uma descida. Ora, o oposto da ascensão é a encarnação, cf. Jo 3.13. Daí, a maioria dos comentadores entende que a expressão se refere simplesmente à terra. A expressão pode derivar de Sl 139.15 e se refere mais particularmente à encarnação.

(2) 1 Pe 3.18, 19, que fala de Cristo como estando “morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão”. Supõe-se que esta passagem se refere à descida ao hades e visa a declarar o propósito dessa descida. O espírito ali referido é então entendido como sendo a alma de Cristo, e a pregação mencionada terá que ter tido lugar entre a Sua morte e a Sua ressurreição. Mas, tanto uma coisa como a outra são impossíveis. O Espírito mencionado não é a alma de Cristo, mas o Espírito vivificante, e foi com esse mesmo Espírito que dá vida que Cristo pregou. A interpretação comum que os protestantes fazem desta passagem é que, no Espírito, Cristo pregou por meio de Noé aos desobedientes que viveram antes do dilúvio, que eram espíritos em prisão quando Pedro escreveu, podendo ele, pois, denomina-los desse modo. Bavinck considera isso insustentável e interpreta a passagem como se referindo à ascensão, que ele considera uma rica, triunfante e poderosa pregação aos espíritos em prisão.

(3) 1 Pe 4.4-6, particularmente o versículo 6, redigido como segue: “Pois, para este fim foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus”. Neste contexto o apóstolo admoesta os leitores a que não vivam o restante de suas vidas na carne para as luxúrias dos homens, mas para a vontade de Deus, mesmo que com isso ofendam os seus ex-companheiros e sejam ultrajados por eles, visto que eles terão que prestar contas dos seus feitos a Deus, que está pronto a julgar os vivos e os mortos. Os “mortos” a quem o Evangelho foi pregado, evidentemente não estavam mortos ainda quando ouviram a sua pregação, visto que o propósito dessa pregação era, em parte, que fossem “julgados na carne segundo os homens”. Isso só poderia acontecer durante a vida deles na terra. Com toda a probabilidade, o escritor se refere aos mesmos espíritos dos quais fala no capítulo anterior.

(4) Sl 16.8-10 (comparar com At 2.25-27, 30, 31). É especialmente o versículo 10 que entra em consideração aqui: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Desta passagem Pearson conclui que a alma de Cristo esteve no inferno (hades) antes da ressurreição, pois se nos diz que ela não foi deixada lá.


Mas devemos notar o seguinte:

(a) A palavra nephesh (alma) é muitas vezes empregada no hebraico pelo pronome pessoal, e sheol, pelo estado de morte.

(b) Se entendermos assim essas palavras aqui, teremos um claro paralelismo sinonímico. A idéia expressa seria a de que Jesus não foi deixado sob o poder da morte.

(c) Isso está em perfeita harmonia com a interpretação feita por Pedro em At 2.30, 31, e por Paulo em At 13.34, 35. Em ambos os casos o Salmo é citado para provar a ressurreição de Jesus.


Diferentes interpretações

. (1) A Igreja Católica Romana a entende no sentido de que, após a Sua morte, Cristo foi para o Limbus Patrum (Limbo dos pais), onde os santos do Velho Testamento estavam aguardando a revelação e aplicação da Sua obra redentora, pregou-lhes o Evangelho e os levou para o céu.

(2) Os luteranos consideram a descida ao hades como o primeiro estágio da exaltação de Cristo. Cristo foi ao mundo inferior para revelar e consumar a Sua vitória sobre Satanás e sobre os poderes das trevas, e para pronunciar a sentença de condenação deles. Alguns luteranos localizam essa marcha triunfal entre a morte de Cristo e Sua ressurreição; outros, após a ressurreição.

(3) A Igreja da Inglaterra sustenta que, enquanto o corpo de Cristo estava no túmulo, a alma foi ao hades, mais particularmente ao paraíso, a habitação das almas dos justos, e lhes fez uma exposição mais completa da verdade.

(4) Calvino interpreta a frase metaforicamente,  entendendo que se refere aos sofrimentos penais de Cristo na cruz, onde Ele sofreu realmente as angústias do inferno. A interpretação do catecismo de Heidelberg é parecida. Segundo a posição reformada (calvinista) usual, as palavras se referem não somente aos sofrimentos de Cristo na cruz, mas também às agonias do Getsêmani.

(5) A Escritura certamente não ensina uma descida literal ao inferno. Além disso, há sérias objeções a esse conceito. Ele não pode ter descido ao inferno quanto ao corpo, pois este se achava no sepulcro. Se Ele desceu realmente ao inferno, só pode ter sido quanto à Sua alma, o que significaria que somente a metade da Sua natureza humana teve participação nesse estágio da Sua humilhação (ou exaltação). Ademais, enquanto Cristo não ressurgisse dos mortos, não teria chegado ainda a ocasião para a marcha triunfal, como os luteranos supõem. E, finalmente, na hora da Sua morte Cristo encomendou Seu espírito ao Seu Pai. Isto parece indicar que Ele esteve passivo, e não ativo, desde a hora da Sua morte até quando saiu do túmulo.


De modo geral, parece melhor combinar dois pensamentos: (

a) que Cristo sofreu as angústias do inferno antes da Sua morte, no Getsêmani e na cruz;

(b) que Ele adentrou a mais profunda humilhação do estado de morte.






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