quinta-feira, 18 de maio de 2017

abusemos deles ( Gênesis 19:5)

GÊNESIS 19:5 " ABUSEMOS DELES "


O verbo em hebraico yada‘( ידע ) que corresponde a conhecer é comumente usado para descrever uma relação sexual entre um homem e uma mulher (Gn 4.1). Mas aqui foi usado para descrever uma forma pervertida de sexo, o homossexualismo (ver Rm 1.18-32, especialmente os v. 26,27). A origem do termo sodomita [para descrever o homossexual ativo] vem desta passagem. 

19.4 — Os homens de Sodoma eram homossexuais e mostraram-se bastante perversos e agressivos; estavam determinados a violentar os viajantes. Dadas estas circunstâncias, Ló mostrou grande coragem ao convidar os visitantes para ficarem em sua casa, sob sua proteção. 

19.6-8 — A réplica de Ló foi severa. Ele tinha convidado os visitantes para pernoitar em sua casa com a finalidade de protegê-los; agora havia o perigo de vê-los sofrer abusos por uma multidão imoral e violenta. O desespero de Ló o levou a arriscar a vida de suas filhas para poupar os estrangeiros do ataque. Aqui, entendemos por que as acusações contra essa cidade chegaram aos ouvidos do Senhor (Gn 18.20,21)

 Embora seja verdade que a palavra hebraica para "conhecer" (yada) não signifique necessariamente "ter relacionamento sexual", no contexto da passagem de Sodoma e Gomorra, ela obviamente tem este significado. Isso é evidente por várias razões. 


Primeiro, em dez de cada doze vezes que esta palavra aparece em Gênesis, ela se refere à relação sexual (cf. Gn 4:1,25).

Segundo, o sentido da palavra "conhecer" é o do conhecimento sexual, neste mesmo capítulo. Pois Ló refere-se às suas duas filhas virgens dizendo "que ainda não conheceram homens" (Gn 19:8, SBTB), sendo este um óbvio emprego da palavra com o sentido sexual.

Terceiro, o significado de uma palavra descobre-se pelo contexto em que ela aparece. E o contexto nesse caso é certamente o sexual, como indicado pela referência à perversidade daquela cidade (18:20), bem como por serem as virgens oferecidas para aplacar-lhes a lascívia (19:8). 

Quarto, "conhecer" não pode ter o sentido de simplesmente "ser apresentado a alguém", porque no caso houve uma referência a "não façais mal" (19:7). 

Quinto, por que oferecer as filhas virgens, se o intento deles não era sexual? Se os homens tivessem pedido para "conhecer" as filhas virgens de Ló, ninguém duvidaria das intenções lascivas deles.

Sexto, Deus já tinha determinado destruir Sodoma e Gomorra, como Gênesis 18:16-33 indica, mesmo antes do incidente ocorrido em 19:8. Conseqüentemente, é muito mais razoável admitir que Deus havia pronunciado juízo sobre aquelas duas cidades pelos pecados que eles já vinham cometendo, isto é, por causa do homossexualismo, do que por um pecado que eles ainda não tinham cometido, a inospitalidade.

O relato de Sodoma e Gomorra enfatiza a prática sexual



O tema de Gênesis 18 não é ser homossexual ou não, é ter relações homossexuais, o que é diferente. É preciso diferenciar a prática homossexual do desejo ou orientação homossexual. O relato apenas indica o que os homens de Sodoma queriam fazer.

Na história, “conhecer” é ter relações sexuais


A exigência dos homens de Sodoma foi: “Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações[יָדַע, yada] com eles” (Gn 19:5).

O verbo yada significa literalmente “conhecer”, e é abundantemente usado na Bíblia para indicar relações sexuais (por ex., 1Rs 1:4). O pedido dos homens de Sodoma é idêntico ao dos homens de Gibeá na história do levita de Juízes 19: “Traga para fora o homem que entrou na sua casa para que tenhamos relações (yada) com ele!” (Jz 19:22).
A resposta de Ló (Gn 19:8) evidencia qual era o sentido de “conhecer” (cf. Gn 4:1; Nm 31:17; Jz 19:22): “Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens [literalmente, ‘que não conheceram homem’, usando yada]” (Gn 19:8).
Assim, “conhecer” aqui significa claramente “ter relações sexuais”, como em Gn 4:1. E o fato de Ló oferecer suas filhas virgens como substitutas evidencia qual era a intenção dos homens de Sodoma: praticar sexo com os visitantes.

O Novo Testamento confirma que o problema de Sodoma foi pecado sexual também, e não apenas xenofobia, inospitalidade e injustiça social:
“De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade [ἐκπορνεύω, ekporneuo] e a relações sexuais antinaturais [lit. ‘ir após outra carne’]. Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo” (Jd 1:7).
O verbo ekporneuo significa “entregar-se à imoralidade”, “entregar-se à fornicação”, “ser indulgente com a imoralidade grosseira”. Na raiz desse verbo está o substantivo πορνεία (porneia), que significa imoralidade sexual, fornicação, e de onde vem o prefixo da palavra pornografia.
A expressão “ir após outra carne” (ἀπελθοῦσαι ὀπίσω σαρκὸς ἑτέρας, apelthousai opisō sarkos heteras) está explicando o “entregar-se à imoralidade”. O termo “outra carne” pode significar atos sexuais antinaturais entre seres humanos e mesmo entre homens e animais. Os canaanitas (Sodoma e Gomorra incluídos) praticavam os dois tipos de pecados (Lv 18:22-29).
Pedro também aponta a imoralidade sexual como motivo para a destruição de Sodoma:
“Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios; mas livrou Ló, homem justo, que se afligia com o procedimento libertino [ἀσέλγεια, asélgeia] dos que não tinham princípios morais (pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se atormentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia )” (2Pe 2:6-8).
A palavra grega ἀσέλγεια significa luxúria desenfreada, lascívia, devassidão, sensualidade, licenciosidade (cf. Mc 7:21-22; Rm 13:13; 2Pe 2:2, 7, 18; Jd 1:4). Claramente a Bíblia vincula a destruição de Sodoma ao aspecto sexual da história.
Pode-se até discutir qual é o sentido mais exato dessas expressões, mas será muito difícil negar que uma das causas da destruição de Sodoma foi a perversão sexual. E, como o único tipo de relação sexual presente no relato de Gênesis é o de homens com homens, há uma forte justificativa para usar esse texto contra a homossexualidade.
No entanto, alguém poderia argumentar que o problema foi o estupro, o sexo não consentido, forçado. Mas textualmente esse argumento é inconsistente, pois o relato afirma que os homens de Sodoma queriam “conhecer” (yada) os homens visitantes, e em hebraico existem expressões e palavras específicas para o estupro (como “forçar”, “humilhar”, “deitar à força com”, etc), e elas não são usadas com relação a Sodoma.

No texto hebraico há uma diferença significativa entre abominação (to’ebah) e abominações (to’ebot) que não ficou tão clara nas versões em português [2].  Ao falar especificamente de Sodoma e Gomorra, Deus afirma que: “Eram altivas e cometeram práticas repugnantes [תּוֹעֵבָה, to’ebah, no original está no singular absoluto] diante de mim. Por isso eu me desfiz delas conforme você viu” (Ez 16:50).
Sodoma cometeu práticas repugnantes, ou abominação, e essa palavra, to’ebah (no singular), é exatamente a mesma usada para descrever a prática homossexual em Lv 18:22 e 20:13. Todas as vezes que Ezequiel usa to’ebah no singular, ele está se referindo a um pecado sexual (Ez 22:11 e 33:26) [3].
E aqui, to’ebah é um pecado adicional à injustiça social do v. 49, um pecado extra, diferente da opressão ao pobre. A “abominação” (singular) do v. 50 não se refere à injustiça social do v. 49; ou seja, to’ebah (singular) não inclui o v. 49, mas as “abominações” (plural) do v. 51 inclui.
A palavra to’ebot (plural) no v. 51 resume todos os pecados anteriormente relatados em 49-50. Isso é confirmado pelo uso semelhante que Ezequiel faz de to’ebah e to’ebot em Ez 18:10-13.
Ocorre o mesmo em Lv 18. A prática homossexual é to’ebah (singular) em 18:22, e todas as práticas sexuais proibidas são descritas coletivamente como to’ebot (plural). Essa é uma forte evidência gramatical e intertextual de que Ez 16:49-50 pode estar falando da prática homossexual em Sodoma como um dos pecados sexuais pelos quais Deus a destruiu.
O contexto mais amplo de todo o capítulo 16 de Ezequiel também deixa claro que ele está falando de pecados sexuais, especialmente ao falar da lascivia de Jerusalém no v. 43: “[…] Acaso você não acrescentou lascívia [זִמָּה, zimmah] a todas as suas outras práticas repugnantes [תּוֹעֲבוֹת, to’ebot, plural]?” (Ez 16:43b)
A palavra é zimmah, um de seus significados é “crime lascivo” [4],  e geralmente se refere ao pecado sexual premeditado (Lv 18:17; 20:14; Jz 20:6; Ez 16:27, 58; 22:9; 23:27, 29, 35, 44, 48; 24:13).
Finalmente, o argumento pode ser resumido assim:
a) Ezequiel afirma que Sodoma foi destruída também por causa de to’ebah;
b) Em Ezequiel, to’ebah é pecado sexual;
c) Então, Ezequiel quer dizer que Sodoma foi destruída também por seus pecados sexuais, o que é confirmado no NT.
A esse silogismo, acrescente-se que a única atividade sexual em Sodoma registrada no relato do Gênesis é a tentativa de prática homossexual: homens queriam ter relações sexuais (yada) com outros homens.
Assim, Ezequiel 16 deixa claro que Sodoma foi destruída por causa de to’ebah, práticas sexuais repugnantes, além da inospitalidade e da injustiça 

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