A MORTE DA MORTE
A MORTE DA MORTE
Cristãos encontram-se, hoje, num estado de perplexidade e
instabilidade. Em assuntos como:
.a prática do evangelismo,
.o ensino da santidade,
.a edificação
da vida da igreja local,
.o cuidado do pastor pelas almas
.o exercício da disciplina
Há evidência
de insatisfação generalizada com o estado de coisas e, igualmente, uma incerteza
generalizada quanto ao caminho que se deve seguir. Trata-se de um fenômeno complexo, para
o qual muitos fatores têm contribuído; mas, se formos à raiz do problema, verificaremos que
todas essas perplexidades devem-se, principalmente, ao fato de "havermos perdido o poder do
evangelho bíblico."
Sem perceber isso, temos barganhado esse evangelho durante quase cem anos por um
produto substitutivo que, embora pareça bastante semelhante nos detalhes, é algo
completamente diferente no todo. Eis as nossas dificuldades:
O produto substitutivo não atende
aos fins para os quais o evangelho autêntico provou-se, nos dias passados, tão poderoso.
O
novo evangelho falha patentemente em produzir reverência profunda, arrependimento
profundo, humildade profunda, um espírito de adoração, um cuidado para com a Igreja.
A razão está em seu próprio caráter e conteúdo.
Ele falha em tornar
os homens centralizados em Deus nos seus pensamentos e tementes a Deus em seus
corações, porque não é isto que ele está visando fazer principalmente.
Uma forma de
estabelecer a diferença entre o novo e o velho evangelho é dizer que o primeiro está excessiva
e exclusivamente preocupado em "ajudar" o homem - a ter paz, conforto, felicidade, satisfação
- e pouquíssimo preocupado em glorificar a Deus.O velho evangelho foi útil também - muito mais, de fato, que o novo - mas
incidentalmente, por assim dizer, pois sua primeira preocupação sempre foi glorificar a Deus.
Ele era sempre e essencialmente uma proclamação da soberania divina em misericórdia e
julgamento, uma convocação para inclinar-se a adorar a Deus, o Todo-poderoso, de quem o
homem depende para todo o bem, tanto em natureza como em' graça. Seu centro de
referência era inequivocamente Deus. Mas no novo evangelho, o centro de referência é o
homem. Isto equivale a dizer que o velho evangelho era religioso numa forma que o novo
evangelho não é.
Enquanto o principal objetivo do velho era ensinar os homens a adorar a Deus, a
preocupação do novo parece limitada a fazê-los se sentirem melhor. O assunto do velho
evangelho era Deus e Suas atitudes para com os homens; o assunto do novo é o homem e a
ajuda que Deus dá a ele. Há um mundo de diferença. A completa perspectiva e ênfase da
pregação do evangelho têm-se mudado.
Esta mudança de interesse deu origem a uma mudança de conteúdo, pois o novo
evangelho tem, com efeito, reformulado a mensagem bíblica nos supostos interesses de ser
"prestativa". Portanto: os temas da incapacidade do homem natural para crer, da eleição
gratuita de Deus como a principal causa da salvação, e de Cristo morrer especificamente por
Suas ovelhas, não são pregadas. Estas doutrinas, seria dito, não são "prestativas"; elas
levariam os pecadores ao desespero, sugerindo-lhes que não está em seu próprio poder o
serem salvos através de Cristo. (A possibilidade de que tal desespero poderia ser salutar não é
considerada; é tomada como ponto pacífico que não pode ser, porque é muito destrutiva para
nossa auto-estima). Seja como for, o resultado dessas omissões é que parte do evangelho
bíblico está agora sendo pregada como se fosse o todo desse evangelho; e uma meia-verdade
disfarçando-se de verdade completa torna-se uma inverdade completa.
Dessa forma, apelamos aos homens como se todos eles tivessem a habilidade de
receber Cristo a qualquer momento; falamos de Sua obra redentora como se Ele não tivesse
feito nada mais, ao morrer, do que tornar possível que nos salvemos a nós mesmos
simplesmente por crermos; falamos do amor de Deus como se não fosse mais do que uma
prontidão geral para receber qualquer um que se volte e creia; e nós descrevemos o Pai e o
Filho, não como soberanamente ativos em atrair pecadores a Si mesmos, mas como que
esperando, impotentes, “à porta de nossos corações" para que Os deixemos entrar.
É inegável
que pregamos assim; talvez seja isso que nós realmente cremos. Mas é necessário dizer, com
ênfase, que este conjunto de meias-verdades torcidas é algo diferente do evangelho bíblico. A
Bíblia está contra nós quando pregamos dessa maneira; e o fato de que tal pregação tem-se
tornado quase uma prática padrão entre nós, mostra apenas quão urgente é que revisemos
este assunto. Recuperar o velho, autêntico e bíblico evangelho, e fazer com que nossa
pregação e prática estejam somente de acordo com esse evangelho, é, talvez, nossa.
necessidade mais premente. E é neste ponto que o tratado de Owen sobre a redenção pode
nos ajudar.
POR QUEM CRISTO MORREU?
A Bíblia diz que a morte de Jesus Cristo foi como um pagamento para libertar os
homens do pecado. Até aqui, tudo bem; mas há um problema! A morte de Cristo libertou
todos os homens, ou somente alguns homens, dos seus pecados?
Os cristãos têm pontos
de vista diversos. Uns dizem uma coisa, outros dizem outra. Mas, o que diz a Bíblia? É isso
que precisamos descobrir.
Se dissermos que a morte de Cristo foi por todos, então não podemos ao mesmo
tempo dizer que foi apenas por aquelas pessoas a quem Deus escolheu.
Se Cristo morreu
por todos, então Deus não precisava escolher um povo especial, não é?
Por outro lado, se
dissermos que Deus realmente escolheu um povo especial - como a Bíblia ensina - então
Cristo não precisaria morrer por todos, não é?
Se dissermos que a morte de Cristo foi um resgate, ou pagamento, por toda a raça
humana, então:
1. todos os homens têm o poder para aceitar ou rejeitar aquela redenção; ou
2. todos os homens realmente são redimidos por Cristo, tenham eles
conhecimento disso ou não.
A morte de Cristo por todos os homens somente poderia ser real, se uma dessas
afirmações fosse verdadeira.
Mas a primeira sugestão nega o ensino bíblico de que todos
os homens estão irremediavelmente perdidos no pecado e em si mesmos não têm poder
para se chegarem a Cristo.
A segunda sugestão nega o ensino bíblico de que alguns
homens estão perdidos para sempre.
Obviamente, há profundas dificuldades com relação
à afirmativa de que a morte de Cristo foi por todos os homens.
Por que, então, algumas pessoas dizem que a morte de Cristo foi por todos?
Parece haver
cinco razões possíveis:
1. Parece tornar Deus mais "atraente", se dizem que a morte de Cristo foi por
todos.
2. Parece tornar o amor de Deus "maior", se dizem que Ele ama todos os
homens igualmente.
3. Parece tornar a morte de Cristo de maior "valor", se podem dizer que ela foi
um pagamento pelos pecados de todos.
4. A Bíblia parece usar as palavras "o mundo" e "todo" como se significassem
"todas as pessoas".
5. Alguns podem apenas querer dizer que a morte de Cristo foi por todos, para
que eles possam ser incluídos, embora não queiram mudar a maneira ímpia como
estão vivendo!
Neste POST vamos ver porque estas cinco razões estão erradas, e o que a Bíblia realmente
ensina sobre o propósito da morte de Jesus Cristo.
PROPÓSITO DA MORTE DE CRISTO
1. O PROBLEMA
O próprio Cristo nos disse porque veio ao mundo. Ele disse: "Porque o Filho do
homem veio buscar e salvar o que se havia perdido." (Lucas 19:10).
Numa outra ocasião
Ele disse que o Filho do homem viera para "dar sua vida em resgate de muitos." (Marcos
10:45).
O apóstolo Paulo também afirmou, claramente, porque Cristo veio ao mundo: "O
qual (Jesus Cristo) se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente
século mau" (Gálatas 1:4). " ... Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (l
Timóteo 1:15). "O qual (Jesus Cristo) se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a
iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras." (Tito 2:14).
A partir destas afirmações, está claro que o propósito da morte de Cristo foi:
. salvar as pessoas do pecado,
. libertar as pessoas do mundo mau,
.tornar as pessoas puras e santas,
. criar pessoas que façam boas obras.
Outras passagens bíblicas explicam o que Jesus Cristo realmente fez em Sua morte.
Há
cinco coisas que podemos notar:
1. As pessoas são reconciliadas com Deus através dela (Rom. 5: 1).
2. As pessoas são perdoadas e justificadas através dela (Rom. 3:24).
3. As pessoas são purifica das e santificadas através dela (Heb. 9:14).
4. As pessoas são adotadas como filhos de Deus através dela (Gal. 4:4-5).
5. As pessoas recebem glória e vida eterna através dela (Heb. 9: 15).
A partir de todas estas evidências, o ensino da Bíblia é claro: o propósito da vinda de
Cristo foi (e realmente cumpre tal propósito) trazer perdão ao homem, no tempo presente,
e glória no porvir. Portanto, se Cristo morreu por todos os homens, então...
...todos os homens estão agora livres do pecado, e estão perdoados e serão
glorificados, ou...
...Cristo falhou em Seu propósito.
Sabemos, através de nossa experiência diária com a humanidade, que a primeira
afirmativa não é verdadeira.
A segunda sugestão - que Cristo falhou - é um insulto para
Deus.
Para fugir ao problema de aceitar uma ou outra destas duas sugestões, aqueles que dizem
que Cristo realmente morreu por todos os homens, dizem que não era propósito de Deus que todos os homens fossem beneficiados. Dizem que o benefício é só para aqueles que
produzem uma fé para crer em Cristo. Este ato de fé deve ser algo que alguns homens
fazem por si mesmos, tornando-os diferentes dos outros homens. (Se fé fosse alguma
coisa obtida pela morte de Cristo, e se Ele tivesse morrido por todos os homens, então
todos os homens teriam fé!). Tal sugestão parece-me diminuir aquilo que Cristo realmente
obteve através de Sua morte, portanto vou combatê-la mostrando que o que a Bíblia
ensina é bastante diferente!
2. O quem, o como e o quê de uma coisa
Há três palavras que usaremos bastante neste POST, e será bom aprensentá-las
resumidamente aqui.
Quando qualquer ação acontece, há um agente (o quem a pratica);
Há os meios empregados (o como é feita); e
Há um fim em vista (o quê, ou resultado final).
Decidimos como faremos uma coisa (os meios) de acordo com o quê se quer fazer
(o fim). Portanto, podemos dizer que o fim é a razão para os meios. E se tivermos
escolhido os meios adequados, o fim é certo.
É claro que se o agente que pretende fazer
alguma coisa, tiver escolhido os meios adequados, não poderá falhar.
Ora, podemos aplicar estes princípios à nossa discussão neste pos.
Vamos ver,
primeiramente, quem é o agente que pretende nos redimir.
Depois vamos ver os meios que
foram utilizados para nos redimir.
E, finalmente (na Segunda Parte), vamos ver qual foi o
resultado dos meios empregados.
De acordo com a Bíblia, o agente que está pretendendo a nossa salvação é o Deus
Triúno.
Todos os outros agentes foram apenas instrumentos em Suas mãos (Atos 4:28).
O
agente principal é a Santa Trindade. Vamos estudar isto mais detalhadamente ...
3. Deus, o Pai, agente de nossa salvação
De que maneira foi Deus, o Pai, o agente de nossa salvação?
Minha resposta para essa
pergunta é a seguinte: por duas maneiras, isto é,
.foi Deus, o Pai, que enviou o Filho para
morrer, e
.foi o Pai que puniu Cristo por causa dos nossos pecados.
Podemos examinar
estas duas coisas em maiores detalhes.
1. É claro, a partir de muitos versículos bíblicos, que o Pai enviou o Filho ao
mundo. Por exemplo: "vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei,
afim de recebermos a adoção de filhos." (Gálatas 4:4-5).
O fato de enviar o Filho
envolveu Deus, o Pai, em três coisas:
1. houve o propósito original que sempre estivera em Sua mente (I Pedro 1:20);
2. houve o Seu ato de dar ao Filho todas as habilidades que Ele necessitava, a
fim de fazer a obra para a qual fora enviado (João 3:34-35)
1
;
3. houve o Seu ato de prometer a Seu Filho toda a ajuda necessária quanto ao
sucesso na obra (Atos 4: 10-11).
2. É claro, a partir de muitos versículos bíblicos, que o Pai puniu Jesus Cristo por
causa dos nossos pecados. Por exemplo: "Àquele que não conheceu pecado, o
fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." (II Coríntios
5:21). Pode-se dizer que Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Sendo assim,
não seria estranha a idéia de que Cristo deveria sofrer em lugar daqueles que
também irão sofrer por causa dos seus próprios pecados?
Cristo sofreu...
...pelos pecados de todos os homens, ou...
...pelos pecados de alguns homens, ou...
...por alguns dos pecados de todos os homens.
.Se a última afirmativa é verdadeira, então todos os homens ainda têm alguns
pecados, e, portanto, ninguém pode ser redimido.
.Se a primeira afirmativa é verdadeira, então porque não estão todos os homens
livres do pecado? Você poderá dizer: "Por causa da incredulidade deles. "Mas eu pergunto:
"A incredulidade é um pecado?" Se não é, por que todos os homens são punidos por causa
dela? Se é um pecado, então deve estar incluída entre os pecados pelos quais Cristo
morreu. Portanto, a primeira afirmativa não pode ser verdadeira!
Assim, é claro que a única possibilidade restante é que Cristo levou sobre Si todos
os pecados de alguns homens, os eleitos, somente. Creio que este é o ensino da Bíblia.
4. Deus, o Filho, agente de nossa salvação
Devido ao fato de Deus, o Filho, haver voluntariamente concordado em fazer o que o
Pai tinha planejado, podemos dizer que Ele também era um agente de nossa salvação.
Jesus disse: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua
obra." (João 4:34). Há três maneiras pelas quais Cristo mostrou Sua prontidão para ser um
agente:
1. Ele se dispôs a deixar de lado a glória de Sua natureza divina e fazer-Se
homem. "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele
participou das mesmas coisas... ". (Hebreus 2: 14). Note que é afirmado que Ele
fez isto não porque toda a raça humana era composta de carne e sangue, mas
porque os filhos que Deus lhe dera eram humanos. (Hebreus 2: 13). Sua
prontidão estava relacionada àqueles filhos, não a toda a raça humana.
2. Ele Se dispôs a dar-Se a Si mesmo como oferta. É verdade que Ele sofreu
muitas coisas passivamente. Contudo, é verdade que Ele deu-Se a Si mesmo
para aqueles sofrimentos, ativa e prontamente. Sem tal consentimento
voluntário, os sofrimentos não teriam qualquer valor. Assim Ele pode
verdadeiramente dizer: "Por isto o Pai me ama, porque dou minha vida...
Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou". (João 10: 17-18).
3. Suas orações no presente em favor de Seus filhos mostram Sua prontidão em
ser um agente em nossa salvação. Agora Cristo entrou no santuário. (Hebreus
9: 11-12). Sua obra ali é a intercessão (oração). Veja que Ele não ora pelo
mundo (João 17:9), mas por aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos 8:34).
Ele pede que aqueles que Lhe foram dados possam ir para onde Ele está, para
ver a Sua glória (João 17 :24). Portanto, é claro que Ele não poderia ter morri do
por todos os homens!
5. Deus, o Espírito, agente de nossa salvação
A Bíblia fala de três coisas nas quais o Espírito Santo opera com o Pai e o Filho para nos
redimir. E estas atividades mostram que Ele também é um agente de nossa salvação.
1. O corpo humano que o Filho tomou, quando Se tornou homem, foi criado pelo
Espírito Santo, em Maria. " ... achou-se ter concebido do Espírito Santo."
(Mateus 1: 18).
2. A Bíblia diz que quando o Filho Se ofereceu a Si mesmo como sacrifício, Ele o
fez pelo Espírito. " ... que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo
imaculado a Deus ... " (Hebreus 9: 14). Disso fica claro que o Espírito Santo foi,
de certa forma, o instrumento que tornou possível o oferecimento.
3. Há declarações claras na Bíblia mostrando que a obra de levantar Cristo dentre os
mortos, foi operação do Espírito Santo. “....mortificado, na verdade, na carne,
mas vivificado pelo Espírito." (I Pedro 3:18).
Sem dúvida alguma, o Espírito Santo teve importantes coisas para fazer, unindo-Se
ao Pai e ao Filho no propósito de nos redimir.
Temos visto que cada pessoa da Trindade pode ser chamada de agente de nossa
salvação. Mas é importante lembrar que, embora para o propósito de nosso estudo,
tenhamos feito uma distinção quanto à operação de cada uma das pessoas divinas, não
há, de fato, três agentes de nossa salvação, mas apenas um, pois Deus é Um. Portanto,
podemos dizer que toda a Trindade é um agente para a nossa redenção.
6. A obra de Cristo é o meio usado para obter nossa salvação
O agente que faz algo usa certos meios para
alcançar o fim particular que ele tem em vista.
E na própria obra de nossa salvação, há -duas ações que Cristo fez. (Não me refiro
ao plano eterno que torna possível nossa salvação, mas apenas na sua produção em
tempos históricos). Estes dois atos históricos de Cristo, são:
1. Sua entrega voluntária, no passado, e
2. Sua intercessão por nós, agora.
Na entrega que Cristo fez de Si mesmo, incluo Sua prontidão para sofrer tudo o que
estava envolvido em Sua vinda para morrer, isto é, o esvaziar-Se de Sua própria glória, e o
nascer de uma mulher, Seus atos de humildade e obediência à vontade do Pai através de
toda a Sua vida, e, finalmente, Sua morte na cruz.
E na intercessão de Cristo por nós, incluo também Sua ressurreição e ascensão, pois
são a base de Sua intercessão. Sem elas, não poderia haver intercessão.
Veremos estas duas coisas em maiores detalhes no próximo capítulo, mas quero
fazer alguns comentários agora. Estes dois atos têm a mesma intenção. Sua entrega
voluntária e intercessão destinam-se a "trazer muitos filhos à glória." (Hebreus 2:10). Os
benefícios intencionados por estes dois atos destinam-se às mesmas pessoas; Ele ora em
favor daqueles por quem morreu. (João 17:9). Sabemos que Sua intercessão deve ser bem
sucedida - "Pai, graças te dou, por me haveres ouvido", disse Ele certa vez. (João 11 :41).
Segue-se, então, que todos por quem Ele morreu necessariamente receberão todas as
boas coisas obtidas através daquela morte. Isso claramente destrói o ensino de que Cristo
morreu por todos os homens!
7. A entrega voluntária de Cristo e Sua intercessão são o único meio para realizar
nossa redenção
É importante verificar, nas Escrituras, como a entrega voluntária de Cristo e Sua
intercessão estão ligadas intimamente. Por exemplo:
.Cristo justifica aqueles cujas iniqüidades (ou pecados) Ele carregou (ls. 53: 11).
.Cristo intercede por aqueles cujos pecados Ele carregou (ls. 53:12).
.Cristo ressuscitou dos mortos para justificar aqueles pelos quais Ele morreu (Rom.
4:25).
.Cristo morreu pelos eleitos de Deus e agora ora por eles (Rom. 8:33-34).
Isto deixa claro que Cristo não pode ter morrido por todos os homens, pois se tivesse,
então todos os homens seriam justificados - o que, sem dúvida alguma, não acontece.
Sacrificar e orar são tarefas requeridas de um sacerdote. Se ele falhar em qualquer uma
delas, terá falhado na qualidade de sacerdote de seu povo. Jesus Cristo é mencionado
tanto como nossa propiciação (sacrifício) quanto como nosso advogado (representante) (I
João 2: 1-2). Ele é mencionado tanto como oferecendo Seu sangue (Hebreus 9: 11-14),
quanto como intercedendo por nós (Hebreus 7:25). Posto que é um sacerdote fiel, Ele
precisa realizar estas duas tarefas com perfeição. Visto que Suas orações são sempre
ouvidas, Ele não pode estar intercedendo por todos os homens, porquanto nem todos os
homens são salvos. Isto deixa claro que Ele também não pode ter morri do por todos os
homens.
Devemos também nos lembrar da maneira como Cristo agora intercede por nós. As
Escrituras dizem que é pela apresentação de Seu sangue no céu (Hebreus 9: 11-12, 24).
Em outras palavras, Ele intercede apresentando Seus sofrimentos ao Pai. Os dois atos,
sofrimento e intercessão, devem, portanto, estar relacionados à mesma pessoa, caso
contrário, não adiantaria usar um como base para o outro.
O próprio Cristo associa Sua morte e Sua intercessão como o único meio para nossa
redenção, em Sua oração no capítulo 17 de João. Nesta oração, Ele se refere à entrega de
Si mesmo na morte, e Sua oração é por aqueles que o Pai havia dado a Ele. Não podemos
separar estes dois atos, se o próprio Cristo os une. Um sem outro não teria valor, como
Paulo argumenta: "E, se Cristo não ressuscitou (e portanto não está intercedendo agora), é
vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados." (I Coríntios 15: 17).
Portanto, se separarmos a morte de Cristo de Sua intercessão, não há segurança de
salvação para nós. De que valeria dizer que Cristo morreu por mim, no passado, se Ele
agora não intercede por mim? É somente se Ele nos justifica agora que somos salvos da
condenação de nossos pecados. Eu ainda poderia estar condenado se Cristo não
intercedesse por mim. É claro que Sua intercessão deve ser em favor das mesmas
pessoas pelas quais Ele morreu - e, sendo assim, Ele não pode ter morri do por todos!
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