sexta-feira, 5 de maio de 2017

PERCURSO HISTÓRICO DE JESUS

PERCURSO DE JESUS


1. Foi neste contexto que Jesus nasceu. César Augusto (Caio Júlio César Otaviano, 63 a.C. – 14 A.D.), imperador de Roma, havia convocado todo o império para um grande recenseamento e José teve que ir de Nazaré, na Galiléia, onde morava, à cidade de Belém, na Judéia, terra de seus antepassados. Ele viajou com sua esposa Maria grávida e Jesus acabou nascendo nesta cidade, exatamente como diziam as profecias.

Assim que Herodes, o Grande, ouviu rumores de que o futuro rei dos judeus havia nascido, mandou magos para tentar descobrir quem era o menino (Mateus 2.7). Percebendo que Herodes queria o mal do recém-nascido os magos não voltaram ao rei com as notícias (Mateus 2.12), o que fez com que Herodes mandasse matar todos os meninos dos arredores com idade inferior a dois anos (Mateus 2.16), mas José e sua família já haviam sido avisados por um anjo e fugido para o Egito, onde ficaram até a morte de Herodes.


2,  A Bíblia relata pouca coisa acerca da infância de Jesus. As únicas informações que temos é que ele nasceu em Belém (Lucas 2.4-7), foi circuncidado ao oitavo dia conforme previa a lei dos judeus (Lucas 2.21), foi apresentado no templo em Jerusalém (Lucas 2.22-24) e fugiu para o Egito, onde ficou por alguns anos até a morte de Herodes (Mateus 2.13-14).


3. Após isso, Jesus só aparece novamente com doze anos, quando é levado novamente ao templo pelos pais numa festa anual. Nesta ocasião ele deu um tremendo susto em seus pais por ter ficado no templo conversando com os doutores enquanto José e Maria voltavam para casa em Nazaré (Lucas 2.41-51).


4. Após esses acontecimentos há um enorme hiato na narração de sua história. Nenhum dos evangelhos conta mais nada. A única informação que temos é que “crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lucas 2.52).


5, PRIMEIRO ANO: ANO DE OBSCURIDADE


“No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Ituréia e Traconites, [...] veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lucas 3.1-2).

Dentre todos os movimentos religiosos existentes, alguns apresentados acima, havia um grupo diferente, liderado pelo nazireu João Batista. Esta nova doutrina tinha como marca o convite ao arrependimento de pecados e o batismo nas águas.
Jesus então, agora próximo dos trinta anos, reaparece como um aparente adepto deste novo movimento, mas o próprio João já sabia que, na verdade, ele era o motivo de sua existência.
Depois de algumas ressalvas, João batizou Jesus, obviamente sem o arrependimento de pecados, momento este em que se ouviu uma voz do céu exaltando o Filho amado (Lucas 3.21-22).

Este Herodes mencionado em Lucas 3 (versículo transcrito no início desta seção) não é mais Herodes, o Grande, mas seu filho Herodes Antipas (ver genealogia herodiana na página 7), que agora era tetrarca (governante da quarta parte de um território) da Galiléia; enquanto seu meio-irmão Filipe era tetrarca da Ituréia e Traconites, regiões ao nordeste da Galiléia

Assim que foi batizado, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto e lá ficou por quarenta dias para ser tentado pelo diabo (Lucas 4.1-13). Muita discussão teológica tem sido desenvolvida questionando se Jesus, por ser Deus, poderia verdadeiramente ter cedido à tentação e, portanto, ter pecado. Como bem argumentou um de meus professores, há casos em que a continuidade do tempo nos impede de responder perguntas que começam com o famoso “e se...”, quando o objeto de estudo é algo que ficou no passado. Isso simplesmente porque o tempo não volta para nos ajudar a confirmar ou derrubar a outra hipótese, de modo que imagino que tal embate vai durar muito mais do que minha vida terrena. Seja como for, o fato é que Jesus resistiu bravamente à tentação e saiu de lá vitorioso.

 PRIMEIRO PERÍODO NA JUDÉIA
O período inicial de Jesus na Judéia só foi descrito pelo evangelho de João. João Batista já batizara Jesus e agora sua preocupação era diminuir-se para que seus discípulos passassem a seguir o verdadeiro Messias (João 1.35-36). Esta nova doutrina de João já trazia consigo os primeiros sinais de incômodo por parte dos fariseus (João 1.19-34). Estes mandaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para inquiri-lo. Quando questionado se ele, João, era o Cristo, negou categoricamente (João 1.19-23); ao contrário, apresentou Jesus como o Filho de Deus, o Messias tão aguardado. Ainda quando estava na Judéia, Jesus chamou seus primeiros discípulos. André e Pedro estavam entre eles e passaram a segui-lo (João 1.40-42)

6, SEGUNDO ANO : ANO DA POPULARIDADE


PRIMEIRO PERÍODO NA GALILÉIA
A região da Galiléia era muito mais próspera do que a Judéia. Por ela passavam as principais rotas de comércio que cruzavam o Oriente Médio e, portanto, muitos estrangeiros transitavam por lá. Os galileus eram, em sua maioria, desprezados pelos judeus de Jerusalém, principalmente pelos líderes religiosos. Isso porque muitos moradores daquela região não eram judeus de sangue, mas sim descendentes dos que haviam sido forçados a se converter na época de Alexandre Janeu

Naquele tempo e naquela cultura era comum que as festas de casamento, principalmente as de famílias mais abastadas, durassem até uma semana inteira. Acabar o vinho ou a comida durante o evento era tido como uma grande vergonha para o anfitrião e, aparentemente, era exatamente o que estava para acontecer. Não fosse pela presença de um ilustre desconhecido de Nazaré, pequena cidade ao sul de Caná, teria sido em grande desastre. O vinho estava acabando e Jesus ficou sabendo. Eis que aconteceu o seu primeiro grande milagre relatado na Bíblia – a água suja se transformou num delicioso vinho (João 2.1-11)

Jesus ainda permanecia com sua família, mas já era seguido por alguns discípulos (João 2.12). Na ocasião da páscoa foi para Jerusalém e ficou inconformado com o comércio que encontrou no templo. Expulsou todos do local e, pela primeira vez, deu indícios de que iria morrer e ressuscitar, mas ninguém entendeu sua mensagem (João 2.13-22). Depois apresentou o plano de salvação para o fariseu Nicodemos e ficou um tempo na Judéia com seus discípulos.


Saindo da Judéia de volta para a Galiléia, Jesus decidiu passar por Samaria (João 4.3-4). É curioso notar que ele fez a tal viagem de maneira um tanto quanto diferente do convencional. Isso porque os judeus, quando viajavam de Jerusalém para a Galiléia, evitavam passar pela odiada Samaria, que ficava no meio do caminho. Eles preferiam atravessar o rio Jordão para os lados da Peréia e aumentar o percurso natural de três dias para uma distância pelo menos duas vezes maior. Por conta desta mudança de rota padrão, Jesus acabou se encontrando com uma mulher samaritana num poço em Sicar (ver mapa na página 10) e, não somente transformou a vida dela, como também a de muitos samaritanos que creram que ele era de fato o Messias (João 4.5-42)

PERÍODO CENTRAL NA GALILÉIA


A maior parte do ministério de Jesus se deu na Galiléia. Nazaré, cidadezinha sem importância em que Jesus cresceu, ficava na chamada baixa Galiléia (ao sul). Depois de rejeitado pelo povo de sua própria cidade (Lucas 4.16-30), Jesus foi para Cafarnaum, uma cidade próxima ao mar da Galiléia. Na verdade grande parte de seu ministério se deu às margens deste mar.
 Quando voltou da Judéia e Samaria para a região da Galiléia Jesus começou a ganhar
fama. Ensinava nas sinagogas e acumulava cada vez mais discípulos. Certa vez, ainda em sua

cidade, ao se levantar para ler o profeta Isaías, abriu no capítulo 61, que falava sobre a vinda do Messias. Ele começou a leitura: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor... (Isaías 61.1-2a) Estranhamente ele parou aí. Não continuou com o que todos esperavam: ... e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória (Isaías 61.2b-3)
 A extensão do “lago” da Galiléia era enorme – vinte e um quilômetros de comprimento por onze de largura – e, devido aos fortes ventos que investiam contra o vale, estava sujeito a tempestades repentinas. Por várias vezes Jesus atravessou este mar. Foi nele que ele andou sobre as águas e acalmou tempestades. Algumas vezes usou um barco como púlpito, enquanto a multidão ficava às margens ouvindo suas palavras. Foi nesta época que Jesus efetivamente chamou seus primeiros seguidores fiéis: Simão Pedro, André, Tiago e João (Mateus 4.18-22).


TERCEIRO ANO:ANO DA OPOSIÇÃO


ÚLTIMO PERÍODO NA GALILÉIA
Mais uma vez Jesus agiu de forma contrária ao que se esperava de um judeu comum. Desta vez ele incomodou os religiosos porque foi comer com um coletor de impostos chamado Levi, mais conhecido como Mateus, que passou a segui-lo depois do ocorrido (Lucas 5.27-32). Os publicanos, como eram chamados os coletores de impostos, eram, em geral, odiados pela população, pois tinham a fama de extorqui-la – na verdade é o que a maioria fazia mesmo –, uma vez que eram eles que recolhiam os impostos em nome do governo romano.

Quanto mais odiado pelos líderes religiosos mais as multidões o seguiam. Ele escolheu então os seus doze apóstolos (Lucas 6.12-16) e passou a ensinar para um grande número de pessoas em inúmeras situações. Em todos os locais que passava as pessoas o seguiam procurando seus ensinamentos e, principalmente, seus milagres, uma de suas principais marcas.

Mostrou o seu poder até mesmo sobre a morte ao ressuscitar o filho de uma viúva em Naim, cidade a cerca de dezesseis quilômetros a sudeste de Nazaré (Lucas 7.11-17). Tempos depois, novamente mostrou seu poder sobre a morte ao ressuscitar a filha de Jairo e, mais uma vez, ao ressuscitar o amigo Lázaro

Partindo para as regiões ao redor da Galiléia passou por Tiro – cidade 48 km a noroeste de Cafarnaum – e Sidom – mais 40 km a norte de Tiro (Marcos 7.24). Ele provavelmente começou a viajar para lugares afastados para evitar a perseguição constante dos judeus da Galiléia e, assim, conseguir tempo para preparar os seus discípulos em particular, que o seguiam nessas viagens. Mesmo assim as pessoas logo percebiam sua presença e iam atrás dos milagres.

Depois que passou por Tiro e Sidom, Jesus seguiu em direção ao mar da Galiléia, passando por Decápolis, território governado por Herodes Filipe, onde executou mais alguns milagres (Marcos 7.31-37). Aparentemente Jesus estava adiando ao máximo sua volta para a Galiléia, governada por Herodes Antipas, pois muitas pessoas ali queriam aclamá-lo rei à força (João 6.14-15). Depois de algum tempo voltou secretamente à Galiléia, mas já dizia a seus discípulos que sua morte estava próxima (Mateus 17.22-23).

 ÚLTIMO PERÍODO NA JUDÉIA
Jesus evitava ao máximo voltar à Judéia, pois sabia que os judeus o procuravam para matá-lo. Porém, alguns meses depois, aproximou-se a festa dos Tabernáculos – esta festa, comemorada de 15 a 22 do mês de tirsi, relembrava o tempo em que Israel passou pelo deserto – e Jesus voltou a Jerusalém. Prudentemente mandou sua família ir à frente e foi depois, secretamente (João 7.1-10).

 Como previsto, assim que a família de Jesus chegou, todo o povo passou a procurá-lo. Jesus, ousado que era e sabendo que a hora de sua captura e morte ainda não havia chegado, começou a ensinar e a maravilhar a maioria das pessoas com suas palavras. Passou todo o período da festa e mais algum tempo nos arredores de Jerusalém e, apesar da revolta dos fariseus, Jesus saiu ileso (João 7.11 - 10.42). Pelo contrário, fez mais alguns milagres e, em diversas oportunidades, discutiu com os líderes judeus a ponto de, algumas vezes, pegarem em pedras para atirarem em Jesus; contudo não tiveram sucesso em nenhuma das tentativas. Nem ao menos conseguiram prendê-lo – não desta vez

Alguns homens apareceram para avisar Jesus que Lázaro, de Betânia, estava muito doente. Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, mas Jesus se demorou ainda dois dias para ir até lá. Quando finalmente chegou encontrou Lázaro já morto há quatro dias (João 11.1-17). De acordo com o que temos relatado nos evangelhos, esta foi a última vez que Jesus ressuscitou alguém.

PERÍODO BREVE NA PERÉIA

Quando descia para Jerusalém Jesus foi rejeitado em Samaria (Lucas 9.51-56), de modo que agora decidiu seguir por onde os judeus costumavam ir. Atravessou o rio Jordão e seguiu pela região da Peréia. A região, embora não fosse tecnicamente parte da Judéia, situava-se muito próximo dela. O território também fazia parte da tetrarquia de Herodes Antipas e estendia-se a leste do rio Jordão, do mar da Galiléia até próximo do Mar Morto. Ali Jesus repreendeu seus discípulos por dificultar a aproximação de crianças (Mateus 19.13-15), repreendeu o homem rico que buscava a vida eterna e acabou indo embora cabisbaixo (Mateus 19.16-22), contou algumas parábolas e, finalmente, avisou novamente seus discípulos sobre sua iminente morte e ressurreição (Mateus 20.17-19). Depois foram pela última vez para Jerusalém.

ULTIMOS DIAS EM JERUSALÉM



A caminho de Jerusalém Jesus passou novamente em Betânia para visitar seus amigos Lázaro, Maria e Marta. Maria ungiu os pés do Senhor com um precioso bálsamo e o próprio Cristo indicou que isto era uma prefiguração do que haveria de acontecer; ou seja, que ela o embalsamava para a morte (João 12.1-8).




CONCLUSÃO



 Com certeza Jesus foi o homem mais importante que existiu. Até mesmo entre os historiadores ateus ele tem um destaque mais do que especial, de modo que nunca é demais pensar em alguma nova abordagem quando se pretende estudar sua vida e ministério. Tentei, nas linhas acima, criar todo um ambiente para que aqueles que desejam aceitar o desafio de estudar a fundo a vida de Jesus consigam contextualizar melhor os acontecimentos e, assim, aproveitar ao máximo o trabalho que farão. Como disse anteriormente, não era minha intenção descrever extensivamente o ministério de Cristo em si – isso pode ser feito em um estudo aprofundado das Escrituras –, mas apenas apresentar uma gama de informações periféricas acerca de personagens e contextos histórico-políticos nem sempre explicados na Bíblia. Espero ter tido sucesso e que este material sirva de ferramenta para enriquecer seus futuros estudos acerca de nosso Salvador Jesus Cristo. Abaixo segue a espinha dorsal do ministério de Jesus cronologicamente, juntamente com as referências de cada evento conforme relatados nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Imagino que será de grande valia para aqueles que desejam se aprofundar nos estudos da vida e ministério de Cristo.

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