Um dos aspectos mais importantes da visão cristã do homem é a de que devemos vê-lo em sua unidade, como uma pessoa total. Os seres humanos têm sido imaginados como consistindo de partes separadas e, algumas vezes, de partes distintas, que são, dessa forma, abstraídas da totalidade. Assim, nos círculos cristãos, tem sido crido do homem como consistindo tanto de “corpo” e “alma” como de “corpo”, “alma” e “espírito”. Tanto os cientistas seculares como os teólogos cristãos, contudo, estão reconhecendo gradativamente que tal entendimento dos seres humanos está errado, e que o homem deve ser visto como uma unidade. Visto que nossa preocupação é com a doutrina cristã do homem, devemos dar uma nova olhada para o ensino bíblico a respeito dos seres humanos, para ver se de fato isto é assim.
Além disso, a Bíblia não usa uma linguagem científica exata.Ela usa termos como alma, espírito e coração mais ou menos indistintamente. Isto é por causa das partes do corpo que são tidas, não primariamente do ponto de vista de suas diferenças ou de suas inter-relações com outras partes, mas como significando ou enfatizando os diferentes aspectos do homem total em relação a Deus. Do ponto de vista da psicologia analítica e da fisiologia, o uso do Antigo Testamento é caótico: ele é o pesadelo do anatomista quando qualquer parte pode ser entendida como sendo a totalidade
Vez por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria ser entendido como consistindo de certas “partes” especificamente distintas. Um desses entendimentos é usualmente conhecido como tricotomia — a idéia que, segundo a Bíblia, o homem consiste de corpo, alma e espírito. Um dos proponentes mais antigos da tricotomia, como vimos, é Irineu, que ensinava que enquanto os incrédulos possuiam somente almas e corpos, os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito Santo.Um outro teólogo que usualmente está associado com a tricotomia é Apolinário de Laodicéa, que viveu de 310 a aproximadamente 390 AD. A maioria dos intérpretes atribuem a ele a idéia de que o homem consiste de corpo, alma e espírito ou mente (pneuma ou nous), e que o Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na natureza humana que Cristo assumiu.Berkouwer, contudo, assinala que Apolinário desenvolveu primeiro a sua cristologia errônea em um contexto de dicotomia.Mas J. N. D. Kelly diz que é uma questão de importância secundária se Apolinário era um dicotomista ou tricotomista.
A tricotomia foi ensinada no século XIX por Franz Delitzsch,J. B. Heard,J. T. Beck,e G. F. Oehler.Mais recentemente tem sido defendido por escritores como Watchman Nee,Charles R. Solomon (que afirma que através do seu corpo, o homem relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do seu espírito com Deus),e Bill Gothard.É interessante observar que a tricotomia é também defendida na antiga e na nova Scofield Reference Bible.A despeito deste apoio, devemos rejeitar a visão tricotomista da natureza humana.
Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade do homem. A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três “partes”: a palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice” e temnein, “cortar. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até sugeriram que certas pessoas tinham os seus espíritos cortados, enquanto que outras não.
Segundo, devemos rejeitá-la porque ela freqüentemente pressupõe uma antítese irreconciliável entre espírito e corpo. Realmente, a tricotomia originada na filosofia grega, particularmente na concepção de Platão, que possuia também um entendimento tríplice da natureza humana. Herman Bavinck levanta uma discussão útil deste assunto no seu livro Biblical Psychology. Ele assinala que em Platão e em outros filósofos gregos havia uma aguçada antítese entre as coisas visíveis e as invisíveis. O mundo como substância material não foi criado por Deus, diziam os gregos, mas sempre esteve contra ele. Um poder intermediário se fazia necessário para que pudesse haver ligação entre o mundo e Deus, e, assim, haver harmonia entre eles — este era o mundo da alma. A idéia do homem, encontrada no pensamento grego, pensa Bavinck, é semelhante: o homem é um ser racional que possui razão (nous), mas ele é também um ser material que tem um corpo. Entre esses dois deve haver uma terceira realidade que age como mediador: a alma, que é capaz de dirigir o corpo em nome da razão.
A Bíblia, contudo, não ensina qualquer tipo de distinção aguda entre espírito (ou mente) e corpo. Segundo as Escrituras, a matéria não é má porque foi criada por Deus. A Bíblia nunca denigre o corpo humano como uma fonte necessária do mal, mas o descreve como um aspecto da boa criação de Deus, que deve ser usado no serviço de Deus. Para os gregos o corpo era considerado “uma sepultura para a alma” (soma sema) que o homem alegremente abandonava na morte, mas esta idéia é totalmente estranha às Escrituras.
Devemos rejeitar também a tricotomia porque ela faz uma aguda distinção entre o espírito e a alma que não encontra suporte algum nas Escrituras. Podemos ver isto mais claramente quando observamos que as palavras hebraica e grega traduzidas como alma e espírito são freqüentemente usadas indistintamente nas Escrituras.
1. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma como alguém que é corpo e espírito: “Não temais aqueles que matam o corpo mas não podem matar a alma” (Mt 10.28); “Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor, assim no corpo como no espírito” (1 Co 7.34); “Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é morta” (Tg 2.25).
2. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito: “Levantou-se Ana e, com amargura de espírito, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (1 Sm 1.10); “Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus” (Is 54.6); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12.27); “Ditas estas cousas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21); “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em face da idolatria dominante na cidade” (At 17.16); “(Porque este justo [Ló], pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)” (1 Pe 2.8).
3. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (lc 1.46-47); “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.30).
4. A salvação é associada tanto à alma como ao espírito: “Acolhei com mansidão a palavra implantada em vós, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21); “...entregue a Satanás, para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo, no dia do Senhor” (1 Co 5.5).
5. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito: “Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni” (Gn 35.18); “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, que faças a alma deste menino tornar a entrar nele” (1 Rs 17.21); “Não temais os que matam o corpo e não podem matar alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28); “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31.5); “E Jesus clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50); “Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou”(Lc 8.55); “Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.46); “E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59).
6. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de almas e outras vezes de espíritos: Mt 10.28, citado acima; “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam” (Ap 6.9); “e a Deus, o juíz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados “ (Hb 12.23); “Pois também Cristo morreu...para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado em espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé” (1 Pe 3.18-20).
Os tricotomistas freqüentemente apelam para duas passagens do Novo Testamento: Hb 4.12 e 1 Ts 5.23, para dar suporte ao seu conceito, mas nenhuma dessas passagens prova o ponto deles.
Hebreus 4.12 diz o seguinte:
Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
Estas palavras descrevem o poder penetrante da palavra de Deus. O autor de Hebreus não pretende dizer que a palavra de Deus causa uma divisão entre uma “parte” da natureza humana chamada alma e outra “parte” chamada espírito, assim como não pretende dizer que a palavra causa uma divisão entre as juntas do corpo e a medula encontrada nos ossos. A linguagem é figurativa. A cláusula seguinte aponta para o intento do autor: ele deseja dizer que a palavra de Deus discerne “os pensamentos e atitudes (ou intenções) do coração”. A palavra de Deus (seja ela entendida como a Escritura ou como Jesus Cristo) penetra nos recônditos mais interiores de nosso ser, trazendo à luz os motivos secretos de nossas ações. Esta passagem, na verdade, está em paralelo com um texto de Paulo: “[o Senhor] não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5). Não há, portanto, nenhuma razão para se entender Hebreus 4.12 como ensinando uma distinção psicológica entre alma e espírito como sendo duas partes constituintes do homem.
A outra passagem é 1 Tessalonicenses 5.23, onde se lê:
O mesmo Deus da paz voz santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nossos Senhor Jesus Cristo.
Deveríamos observar primeiro que esta passagem não é uma afirmação doutrinária, mas uma oração. Paulo ora para que seus leitores tessalonicenses possam ser santificados e completamente preservados ou guardados por Deus até que Cristo volte novamente. A totalidade da santificação, pela qual Paulo ora, é expressa no texto por duas palavras gregas. A primeira, holoteleis, é derivada de holos, significando a totalidade, e telos, significando a finalidade ou o alvo; a palavra significa “a totalidade de modo que se alcance o alvo”. A Segunda palavra, holokleron, derivada de holos e kleros, porção ou parte, significa “completa em todas as suas partes”. É interessante observar que na segunda metade da passagem, ambos o adjetivos holokeron e o verbo teretheie (“possam ser guardados ou preservados”) estão no singular, indicando que a ênfase do texto está sobre a totalidade da pessoa. Quando Paulo ora pelos tessalonicenses para que o espírito, alma e corpo possam ser guardados, ele não está tentando separar o homem em três partes, mais do que Jesus pretendeu fazer em quatro partes quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força (Lc 10.27). Esta passagem, portanto, também não proporciona qualquer base para a visão tricotômica da constituição do homem. [20]
A outra idéia usualmente sustentada a respeito da constituição do homem é a chamada dicotomia — a idéia de que o homem consiste de corpo e alma. Esta visão tem sido mais largamente sustentada do que a tricotomia. Nossa rejeição de tricotomia significa que devemos optar pela dicotomia? Um número de teólogos afirma esta crença. Louis Berkhof, por exemplo, crê que “a representação dominante da natureza do homem na Escritura é claramente dicotômica”. [21]
É minha convicção, contudo, que nós deveríamos rejeitar tanto a dicotomia como a tricotomia. Como cristãos deveríamos certamente repudiar a dicotomia no sentido em que os antigos gregos a ensinaram. Platão, por exemplo, formulou a idéia de que o corpo e a alma devem ser tidos como duas substâncias distintas: a alma pensante, que é divina, e o corpo. Visto que o corpo é composto de substância inferior chamada matéria, ele é de um valor inferior à da alma. Na morte simplesmente o corpo se desintegra, mas a alma racional (ou nous) retorna “aos ceús”, se o seu curso de ação foi justo e honrado, e continua a existir para sempre. A alma é considerada uma substância superior, inerentemente indestrutível, enquanto que o corpo é inferior à alma, mortal, e condenado à destruição total. Não há no pensamento grego, portanto, lugar algum para a ressurreição do corpo. [22]
Mas mesmo à parte do entendimento grego da dicotomia, que é claramente contrário à Escritura, devemos rejeitar o termo dicotomia como tal, visto que ele não é uma descrição exata da visão bíblica do homem. A palavra em si mesma é objetável. Ela vem de duas raízes gregas: diche, significando “dupla” ou “em duas”; e temnein, significando “cortar”. Ela, portanto, sugere que a pessoa humana pode ser cortada em duas “partes”. Mas o homem nesta presente vida não pode ser separado dessa maneira. Como veremos, a Bíblia descreve a pessoa humana como uma totalidade, um todo, um ser unitário.
O melhor modo de determinar a visão bíblica do homem como uma pessoa total é examinar os termos usados para descrever os vários aspectos do homem. Antes de fazer isso, contudo, duas observações devem ser feitas: (1) Como foi dito, a preocupação primária da Bíblia não é a constituição psicológica ou antropológica do homem mas a sua capacidade inescapável de relacionar-se com Deus; e (2) devemos sempre Ter em mente que J. A. T. Robinson diz a respeito do uso que o Antigo Testamento faz destes termos: “Qualquer parte pode ser tomada pelo todo”,e o que G. E. Ladd afirma a respeito do uso que o Novo Testamento faz dessas palavras: “A recente erudição tem reconhecido que termos como corpo, alma e espírito não são diferentes, faculdades separadas do homem mas diferentes modos de ver a totalidade do homem.”
Com isto em mente, nós trataremos primeiro das palavras do Antigo Testamento e, então com as encontradas no Novo Testamento.
AS PALAVRAS DO ANTIGO TESTAMENTO
Começamos com a palavra hebraica nephesh, mais comumente traduzida como “alma”. O léxico Hebraico de Brown, Driver e Briggs dá dez significados para essa palavra, da qual os mais importantes para o nosso propósito são: “o ser mais interior do homem”, “o ser vivo” (usado a respeito de homens e animais),“o homem em si mesmo” (freqüentemente usado como um pronome pessoal: eu mesmo, ele mesmo, etc.; neste sentido pode significar o homem como um todo), “o lugar dos apetites”, “o assento das emoções”. A palavra pode, algumas vezes, se referir a uma pessoa falecida, com ou sem meth (“morta”). É algumas vezes dito que a nephesh morre.
Está claro, portanto, que a palavra nephesh pode significar a pessoa total. Edmond Jacob diz o seguinte: “Nephesh é o termo usual para a natureza total do homem, para o que ele é e não apenas pelo que tem... Por isso a melhor tradução em muitos casos é ‘pessoa’”.
A palavra hebraica seguinte é ruach, usualmente traduzida como “espírito”. O significado da raíz desta palavra é “ar em movimento”; ela é freqüentemente usada para descrever o vento. Brown-Driver-Briggs listam nove significados, incluindo os seguintes: “espírito”, “animação”, “disposição”, “espírito de vida e ser que respira morando na carne de homens e animais” (somente um exemplo deste último: Ec 3.21), “assento das emoções”, “órgão de atos mentais”, “órgão da vontade”. Ruach, portanto, sobrepõe-se em significado a nephesh. W. D. Stacey diz:
Quando a referência é feita ao homem em sua relação com Deus, ruach é o termo mais provável para ser usado..., mas quando referência é feita ao homem em relação a outros homens, ou o homem vivendo a vida comum dos homens, então nephesh é mais provável, se um termo psíquico é exigido. Em ambos os casos a totalidade do homem está envolvida.
Portanto, não deve ser pensado de ruach como um aspecto separado do homem, mas como a pessoa total vista de determinada perspectiva.
Olhamos a seguir para as palavras do Antigo Testamento usualmente traduzidas como “coração”: lebh e lebhabh. Brown-Driver-Briggs dá dez significados para estas duas palavras, incluindo os seguintes: “o homem mais interior ou alma”, “mente”, “resoluções da vontade”, “consciência”, “caráter moral”, “o homem em si mesmo”, “o lugar dos apetites”, “o assento das emoções”, “o assento da coragem”. F. H. Von Meyenfeldt, em seu estudo final da palavra, conclui que lebh ou lebhabh usualmente representa a pessoa total e tem uma significação predominantemente religiosa.
A palavra coração não somente é usada no Antigo Testamento para descrever o assento do pensamento, do sentimento e da vontade; é também a sede do pecado (Gn 6.5; Sl 95.8, 10; Jr 17.9), a sede da renovação espiritual (Dt 30.6; Sl 51.10; Jr 31.33; Ez 36.26), e o lugar da fé (Sl 28.7; 112.7; Pv 3.5).
Mais do que qualquer outro termo do Antigo Testamento, a palavra coração significa o homem no mais profundo centro de sua existência, e como ele é no mais profundo do seu ser. Herman Dooyeweerd, o filósofo holandês, entendeu o coração na Escritura como sendo “a raiz religiosa da existência total do homem”.A filosofia que ele desenvolveu enfatiza que o coração é o centro e a fonte de toda a atividade religiosa, filosófica e moral do homem. Ray Anderson chama o coração de “o centro do eu subjetivo”. Ele é “a unidade do corpo e da alma na verdadeira ordem deles — ele é a pessoa”.
Todos esses três termos examinados do Antigo Testamento, portanto, descrevem o homem em sua unidade e totalidade, embora olhando-o de aspectos ligeiramente diferentes. H. Wheeler Robinson comenta: “Não é possível fazer uma diferenciação exata das províncias cobertas pelo ‘coração’, nephesh e ruach, pela simples razão de que tal diferenciação exata nunca foi feita.”
A próxima palavra é basar, usualmente traduzida como “carne”. Brown-Driver-Briggs lista seis significados, incluindo os seguintes: “”carne” (para o corpo), “parentesco de sangue”, “homem contra Deus como fraco e errante”, “raça humana”. N. P. Bratsiotis diz que basar é mais freqüentemente usado no Antigo Testamento para “o aspecto externo e carnal da natureza humana”.Ele continua a dizer que quando basar é distinto do aspecto externo do homem e nephesh é entendido como sendo o aspecto interno, mesmo assim nunca devemos pensar destas palavras como descrevendo um dualismo de alma e corpo no sentido platônico.
Ao contrário, basar e nephesh devem ser entendidos como aspectos diferentes da existência do homem como uma entidade dual. É precisamente esta totalidade antropológica enfática que é determinante para a natureza dual do ser humano. Ela exclui qualquer noção de uma dicotomia entre basar e nephesh...como irreconciliavelmente opostos uma a outra, e revela o relacionamento psico-somático mútuo entre elas.
A palavra basar é freqüentemente usada para descrever o homem em sua fraqueza. H. W. Wolff observa que freqüentemente basar descreve a vida humana como débil e fraca, dando como exemplo deste uso Jeremias 17.5 – “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço”.
Basar pode algumas vezes denotar a pessoa total, não apenas o aspecto físico.Mas ela pode também ser juntada com nephesh em maneiras que referem ao homem total. Clarence B. Bass, comentando as palavras do Antigo Testamento para “corpo”, afirma:
Corpo e alma são usados quase que indistintamente, sendo que a alma indica o homem como um ser vivo, e corpo (carne) denota-o como uma criatura corporalmente visível...Esta unidade de corpo e alma [tem] conduzido alguns escritores a concluir que o Antigo Testamento carece de uma idéia do corpo físico como uma entidade discreta...Mais propriamente, contudo, o Antigo Testamento vê o corpo e a alma como coordenadas que se interpenetram em funções para formar um todo simples.
Basar, portanto, também é freqüentemente usado no Antigo Testamento para denotar a pessoa total, embora com ênfase no lado exterior.
Assim, o mundo do pensamento do Antigo Testamento exclui totalmente qualquer espécie de dicotomia ou dualismo que pinte o homem como feito de duas substâncias distintas. Como H. Wheeler Robinson diz, “a ênfase final deve cair sobre o fato de que os quatro termos [nephesh, ruach, lebh e basar]...simplesmente apresentam aspectos diferentes da unidade da personalidade.”
AS PALAVRAS DO NOVO TESTAMENTO
A primeira palavra do Novo Testamento que examinaremos é psyche, a palavra grega equivalente a nephesh, usualmente traduzida como “alma”. O léxico do Novo Testamento Grego de Arndt-Gingrich lista um número de significados para esta palavra, alguns dos quais são: “princípio de vida”, “vida terreal”, “assento da vida mais interior do homem” (incluindo sentimentos e emoções), “a sede e o centro da vida que transcende o que é terreno”, “aquilo que possui vida: uma criatura viva” (plural, pessoas).
Eduard Schweizer afirma que psyche é usado freqüentemente nos Evangelhos para descrever o homem total,para representar a verdadeira vida em distinção da vida puramente física,e para referir-se à existência dada por Deus que sobrevive à morte.Schweizer diz que Paulo usa psyche quando se refere à vida natural e à vida verdadeira; ele freqüentemente usa a palavra para descrever a pessoa.No Livro do Apocalipse psyche pode ser usada para denotar a vida após a morte (como em 6.9).Está claro, portanto, que psyche, como nephesh, freqüentemente significa a pessoa total.
Agora nos voltamos para a palavra pneuma, o equivalente do Novo Testamento a ruach, que quando se refere ao homem é mais usualmente traduzida como “espírito”. O léxico de Arndt-Gingrich dá oito significados, incluindo os seguintes: “o espírito como parte da personalidade humana”, “o ego de uma pessoa”, “uma disposição ou estado de mente”. Schweizer diz que Paulo usa pneuma para as funções físicas do homem, que ele é freqüentemente um paralelo de psyche, e que pode denotar o homem como um todo, com ênfase mais forte sobre o seu psíquico do que sobre a sua natureza física.
George Ladd, numa discussão da psicologia paulina, diz-nos que no pensamento de Paulo o homem serve a Deus com o espírito e experimenta a renovação no espírito. Paulo algumas vezes contrasta o pneuma com o corpo como a dimensão mais interior em contraste com lado exterior do homem (2 Co 7.1; Rm 8.10). Pneuma pode descrever a auto-consciência do homem( 1 Co 2.11).W. D. Stacey argumenta que Paulo não vê o pneuma como algo que somente o regenerado tem: “Todos os homens têm pneuma desde o nascimento, mas o pneuma cristão, na comunhão com o Espírito de Deus, assume um novo caráter e uma nova dignidade” (Rm 8.10).
É interessante observar que pneuma pode se referir à vida após a morte. Como já vimos, Hebreus 12.23 descreve santos mortos como “os espíritos dos justos aperfeiçoados”, e ambos, Cristo (Lc 23.46) e Estevão (At 7.59), como moribundos encomendando seus espíritos a Deus o Pai ou Deus o Filho. Cristo é também dito ter pregado aos “espíritos em prisão”, obviamente se referindo a pessoas falecidas (1 Pe 3.19).
Pneuma também é em grande parte sinônimo de psyche, as duas palavras freqüentemente usadas indistintamente no Novo Testamento. Ladd, contudo, sugere uma distinção entre elas: “O espírito é freqüentemente usado a respeito de Deus; a alma nunca é usada dessa forma. Isto sugere que pneuma representa o homem em seu lado voltado para Deus, enquanto que psyche representa o homem em seu lado humano.”.Em geral, eu concordo com isto, mas há duas exceções. Por exemplo, a psyche é descrita algumas vezes como louvando e magnificando o Senhor (Lc 1.46), e Tiago nos diz a respeito da palavra em nós implantada que é capaz de salvar as nossas almas (psychas, Tg 1.21). Pneuma, está claro, pode ser usado como designativo da pessoa total; como psyche, ele descreve um aspecto do homem em sua totalidade.
A próxima palavra que olharemos é kardia, a palavra do Novo Testamento equivalente a lebh e lebhabh, usualmente traduzida como “coração”. Arndt-Gingrich dá o seguinte sentido principal da palavra: “a sede da vida física, espiritual e mental”. Ele é também descrito como o centro e a fonte da totalidade da vida mais interior do homem, com seu pensamento, sentimento e vontade. O coração é também dito ser o lugar de morada do Espírito Santo.
Johannes Behm semelhantemente descreve o coração no Novo Testamento como o principal órgão da vida psíquica e espiritual, o lugar no ser humano no qual Deus testemunha de si mesmo. O coração é o centro da vida mais interior de uma pessoa: de seus sentimentos, entendimento, e vontade. O coração significa a totalidade do ser interior do homem, a parte mais profunda dele; ele é sinônimo de ego, a pessoa. Kardia é supremamente o centro no homem para o qual Deus se volta, no qual a vida religiosa está enraizada, e que determina a conduta moral.
Anteriormente já observamos que lebh no Antigo Testamento é também usado para indicar o coração como a sede do pecado, a sede da renovação espiritual e o lugar da fé. Isto também é verdade de kardia. Além disso, podemos observar que as outras virtudes cristãs são descritas como kardia. O amor é associado com o coração em 2 Tessalonicenses 3.5 e 1 Pedro 1.22. A obediência é ligada ao coração em Romanos 6.17 e em Colossenses 3.22. O perdão é associado ao coração em Mateus 18.35. O coração é ligado com humildade em Mateus 11.29, e é descrito como o assento da pureza em Mateus 5.8 e Tiago 4.8. A gratidão é associada com o coração em Colossenses 3.16, e a paz é dita guardar o coração em Filipenses 4.7.
Em uma seção de sua Dogmatics na qual ele trata com “o homem como alma e corpo”, Karl Barth, falando do coração no Novo e no Antigo Testamentos, diz:
Se fôssemos verdadeiros com os textos bíblicos deveríamos dizer do coração que ele é in nuce o homem total em si mesmo, e, portanto, não somente o locus de sua atividade mas de sua essência...Assim, o coração não é meramente uma realidade mas a realidade do homem, ambos – da totalidade da alma e da totalidade do corpo.
Assim, novamente aqui vemos a ênfase bíblica na totalidade do homem. Kardia significa a pessoa total em sua essência mais interior. No coração a atitude básica do homem para com Deus é determinada, seja de fé ou de incredulidade, de obediência ou de rebelião.
Embora estritamente falando o Antigo Testamento não tenha uma palavra para corpo, ele usa basar para descrever o aspecto físico do homem, sua carne. No Novo Testamento há duas palavras para corpo: sarx e soma. Arndt-Gringrich lista oito significados para sarx, usualmente traduzidos como “carne”; entre outros significados estão: “corpo”, “um ser humano”, “natureza humana”, “limitação física”, “o lado exterior da vida”, e “o instrumento desejoso do pecado” (particularmente nos escritos de Paulo).
Sarx no Novo Testamento, então possui dois significados principais: (1) o aspecto externo, físico da existência do homem — neste sentido ele pode ser usado do homem como um todo; e (2) carne como a tendência dentro do homem caído para desobedecer a Deus em todas as áreas da vida.Neste segundo sentido, encontrado principalmente nas epístolas de Paulo, não devemos restringir o sentido de sarx como se referindo somente ao que usualmente chamamos de “pecados da carne” (pecados do corpo); ao contrário, deveríamos entendê-lo como referindo-se aos pecados cometidos pela pessoa total. Na lista das “obras da carne” (ta erga tes sarkos) encontrada em Gálatas 5.19-21, onde cinco de quinze dizem respeito aos pecados do corpo; o restante diz respeito ao que chamamos de “pecados do espírito”— como ódio, discórdia, ciúme, e que tais. Assim, mesmo quando a palavra sarks é usada neste segundo sentido, ela diz respeito à pessoa total, e não apenas a uma parte dela.
Agora nos voltamos para a palavra soma, usualmente traduzida como “corpo”. Arndt-Gingrich dá cinco significados, incluindo os seguintes: “o corpo vivo”, “o corpo da ressurreição”, e “a comunidade cristã ou igreja”. Clarence B. Bass, num artigo sobre o corpo nas Escrituras, também lista cinco definições da palavra soma: “a pessoa total como uma entidade diante de Deus”, “o locus do espiritual no homem”, “o homem total como destinado para a membrezia no reino de Deus”, “o veículo para a ressurreição”, e “o lugar do teste espiritual em termos do qual o julgamento acontecerá”.Ele chega à seguinte conclusão:
Assim, está claro que o corpo é usado para representar a totalidade do homem, e milita contra qualquer idéia da visão bíblica do homem como existindo à parte da manifestação corporal, a menos que seja durante o estado intermediário [que é, o estado entre a morte e a ressurreição].
Podemos resumir nossa discussão das palavras bíblicas usadas para descrever os vários aspectos do homem, como segue: o homem deve ser entendido como um ser unitário. Ele tem um lado físico e um lado mental ou espiritual, mas não devemos separar esses dois. A pessoa humana deve ser entendida como uma alma corporificada ou um corpo “espiritualizado” (“animado”).A pessoa humana deve ser vista em sua totalidade, não como uma composição de diferentes “partes”. Este é o ensino claro de ambos os Testamentos.
UNIDADE PSICOSSOMÁTICA
Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também reconhece que o ser humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele possui um corpo físico, mas ele também é uma personalidade. Ele tem uma mente com a qual ele pensa, mas também um cérebro que é parte do seu corpo, e sem o qual ele não pode pensar. Quando as coisas andam errada com ele, é necessária uma cirurgia, mas outras vezes ele pode precisar de um aconselhamento. O homem é uma pessoa que pode, contudo, ser vista de dois ângulos.
Como, então, haveremos de expressar esses “dois lados” do homem? Já observamos as dificuldades relacionadas com o termo dicotomia. Alguns tem falado de um dualismo,enquanto outros preferem o termo dualidade, fazendo maior justiça à unidade do homem. Berkouwer, por exemplo, explica que “a dualidade e o dualismo não são idênticos de forma alguma, e...uma referência ao momento dual na realidade cósmica não implica necessariamente em dualismo.”Semelhantemente, Anderson diz que “devemos fazer uma distinção entre uma ‘dualidade’ do ser no qual uma modalidade de diferenciação é constituída como uma unidade fundamental, e um ‘dualismo’ que opera contra essa unidade”.
Minha preferência, contudo, é falar do homem como uma unidade psico-somática. A vantagem desta expressão é que ela faz plena justiça aos dois aspectos do homem, ao mesmo tempo em que enfatiza a sua unidade.
Podemos ilustrar isto olhando para o relacionamento entre a mente e o cérebro. Reconhecendo que o homem deveria ser tido como uma unidade com muitos aspectos que constituem um todo indivisível, Donald M. MacKay faz três comentários significativos a respeito da relação entre mente e cérebro:
Nós não precisamos retratar a ‘mente’ e o ‘cérebro’ como duas espécies ‘substâncias” que se interagem. Não precisamos pensar dos eventos mentais e dos eventos cerebrais como dois conjuntos distintos de eventos...Parece-me suficientemente melhor descrever os eventos mentais e seus eventos cerebrais correlatos como os aspectos “interiores” e “exteriores” de uma e da mesma seqüência de eventos, que em sua plena natureza são mais ricos — tem mais para eles — do que pode ser expresso tanto numa categoria mental como física, isoladamente.
Nós os estamos considerando [minha experiência consciente e as obras do meu cérebro] como dois aspectos igualmente reais de uma e da mesma unidade misteriosa. O observador externo vê um aspecto, como um padrão físico da atividade cerebral. O próprio agente conhece um outro aspecto como sua experiência consciente...O que estamos dizendo é que estes aspectos são complementares.
O homem, então, existe num estado de unidade psico-somática. Assim, fomos criados, assim somos agora, e assim seremos após a ressurreição do corpo. Porque a redenção plena inclui a redenção do corpo (Rm 8.23; 1 Co 15.12-57), visto que o homem não é completo sem o corpo. O futuro glorioso dos seres humanos em Cristo inclui ambos, a ressurreição do corpo e uma nova terra purificada e aperfeiçoada.
II . DICOTOMIA
Segundo os dicotomistas, o homem seria constituído de duas partes: corpo e
alma (= espírito). Para eles, “alma” e “espírito” são usados na Bíblia como
sinônimos, referindo-se à única porção imaterial e imortal de nosso ser, que
preserva as atividades pessoais após a morte do corpo físico.
Um exame mais cuidadoso dos dados bíblicos leva a crer que a concepção
dicotômica é a que mais se aproxima daquilo que as Escrituras ensinam acerca
da natureza humana.6
Os argumentos em prol da dicotomia não apenas são
mais numerosos, mas também mais convincentes que os argumentos em favor
da tricotomia. Enquanto a dicotomia apóia-se numa grande variedade de textos bíblicos (tanto do Antigo quanto do Novo Testamento), que trazem claras lições
sobre a constituição humana, a tricotomia ancora-se, basicamente, no fato de as
palavras “alma” e “espírito” aparecerem, juntas, nas passagens de
1Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, o que é um argumento indefensável.
Neste estudo, será demonstrado que a Bíblia, quando em contextos que
tratam de antropologia (ou não), empregam alma e espírito como sinônimos. Ou
seja, esses dois termos falam da única parte do ser humano que se mantém
consciente após a dissolução do corpo, motivo pelo qual a dicotomia deve ser
considerada a teoria que melhor explica a composição humana.
Há uma porção de textos mostrando que a alma e o espírito têm as mesmas
características e funções, o que só pode nos fazer concluir que esses dois
vocábulos são tratados na Bíblia como sinônimos, referindo-se à única parte
imaterial e imortal do homem. Como veremos, tudo aquilo que a alma é, o
espírito também é, e tudo aquilo que a alma faz, o espírito também faz. Isso,evidentemente, vai de encontro à concepção tricotômica , pois esta apregoa que
a alma e o espírito são dois elementos distintos, que realizam tarefas distintas.
Vejam, na tabela abaixo, algumas passagens em que alma e espírito, em
contextos que tratam de antropologia,7
são empregados pelos autores bíblicos
como sinônimos:
Alma Espírito
É imaterial e imortal (Gn 35.18; 1Rs
17.21, 22; Mt 10.28; At 2.27, 31; 20.10;
Ap 6.9-11; 20.4).
É imaterial e imortal (Sl 146.4; Ec 12.7;
Lc 8.55; At 7.59; Hb 12.23; Tg 2.26).
Vivifica o corpo. Quando sai, o corpo
morre; quando retorna, o corpo é
vivificado (Gn 35.18; 1Rs 17.21, 22; Mt
10.28; At 2.27, 31; 20.10; Ap 6.9-11;
20.4).
Vivifica o corpo. Quando sai, o corpo
morre; quando retorna, o corpo é
vivificado (Sl 146.4; Ec 12.7; Lc 8.55; At
7.59; Hb 12.23; Tg 2.26).
Relaciona-se com Deus (Ap 6.9-11;
20.4).
Relaciona-se com Deus (At 7.59; Hb
12.23).
Interpretando os dados dessa tabela, podemos fazer algumas afirmações:
1. Tanto a alma quanto o espírito são imateriais e imortais. Ou seja,
ambos sobrevivem à morte do corpo. Isso depõe contra a idéia de
alguns tricotomistas de que a alma cessa de existir quando o corpo
morre, restando apenas o espírito.
2. Tanto a alma quanto o espírito dão vida ao corpo físico. Ou seja,
alma e espírito foram criados por Deus com uma mesma função:
vivificar o corpo material.
3. Tanto a alma quanto o espírito dos justos vão para o céu, para
desfrutar da presença do Senhor. Tais informações bíblicas colidem
com o argumento tricotomista de que somente o espírito relaciona-se
com Deus.
Usando ainda essa tabela, vejam como a igualdade entre espírito e alma salta
aos olhos quando fazemos uma comparação entre dois textos: 1Reis 17.21, 22 e
Lucas 8.55. Se realizarmos uma rápida leitura desses dois relatos de
ressurreições, de imediato já notamos que eles são quase que idênticos, a não ser por uma única diferença: enquanto 1Reis 17 traz a palavra “alma”, Lucas 8
traz a palavra “espírito”. Como veremos, essa diferença é muito significativa,
pois comprova que espírito e alma, quando em contextos que tratam de
antropologia, identificam-se tanto pelo que são quanto pelo que fazem:
1. Em 1Reis 17.21, 22, quando a “alma-nephesh” sai do corpo, a pessoa
morre. Em Lucas 8.55, quando o “espírito-pneuma” sai do corpo, a
pessoa também morre.
2. Em 1Reis 17.21, 22, quando a “alma-nephesh” volta ao corpo, a pessoa
revive. Em Lucas 8.55, quando o “espírito-pneuma” volta ao corpo, a
pessoa também revive.
3. Em 1Reis 17.21, 22, a “alma-nephesh” não morre junto com o corpo. Ou
seja, ela é imortal. Em Lucas 8.55, o “espírito-pneuma” também não
morre junto com o corpo. Ou seja, ele também é imortal.
4. Em 1Reis 17.21, 22, a “alma-nephesh” é imaterial. Em Lucas 8.55, o
“espírito-pneuma” também é imaterial.
5. Em 1Reis 17.21, 22, a “alma-nephesh” é essencial para vivificar o corpo.
Em Lucas 8.55, o “espirito-pneuma” também é essencial para vivificar o
corpo.
6. Em 1Reis 17.21, 22, a “alma-nephesh” é um elemento que faz parte da
constituição humana. Em Lucas 8.55, o “espírito-pneuma” também é um
elemento que faz parte da constituição humana.
Como ficou claro, alma e espírito não apenas são idênticos (são elementos
imateriais e imortais da natureza humana), mas realizam a mesmíssima função
(fazem com que o corpo tenha vida), e isso corrobora, mais ainda, a tese de que
o homem é um ser dicotômico.
Ainda existem dezenas de outros versículos que, apesar de não usarem alma
e espírito no seu sentido antropológico, usam-nos, da mesma forma, como
sinônimos. Por exemplo, vejam algumas passagens nas quais esses dois termos,
em contextos que falam do relacionamento do justo com Deus, são usados
indistintamente:
Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira
a minha alma [heb. nephesh] por ti, ó Deus (Sl 42.1).
Bendize, ó minha alma [heb. nephesh], ao SENHOR, e tudo o que há
em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao
SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios (Sl 103.1,
2). Louvai ao SENHOR. Ó minha alma [heb. nephesh], louva ao SENHOR
(Sl 146.1).Com minha alma [heb. nephesh] te desejei de noite, e com o meu
espírito [heb. ruach], que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te...
(Is 26.9).
Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e
o meu espírito [gr. pneuma] se alegra em Deus meu Salvador (Lc 1.46).
Como se constata, para os autores bíblicos era indiferente dizer que a “alma”
ou o “espírito” se relacionava com Deus, pois a mentalidade hebraica, tanto dos
dias do Antigo quanto do Novo Testamento, desconhecia qualquer diferença
entre esses dois termos.10 As Escrituras, pois, usam alma e espírito como
sinônimos, seja para falar de antropologia (como nos textos alistados na tabela
acima) ou não, motivo pelo qual não deveríamos contrariar esse uso.
Como demonstramos neste estudo, a concepção tricotômica da natureza
humana não encontra apoio nas Escrituras. Construir um argumento somente
em cima da citação dos termos “alma” e “espírito”, em 1Tessalonicenses 5.23 e
Hebreus 4.12, é, para nós, uma linha de defesa muito frágil e, portanto,
indefensável. Para comprovar a constituição tríplice do ser humano, os
tricotomistas precisariam apresentar algum texto que dissesse que o homem
tem uma alma e um espírito. Entretanto, tal texto não pode ser encontrado na
Bíblia, em parte alguma.
Em contraposição, existem bastantes passagens—que só podem ser usadas
na defesa da dicotomia—mostrando que o homem tem um componente
imaterial e imperecível em sua estrutura, que se separa do corpo no momento
da morte. Como se isso não bastasse, ainda há muitas e claras evidências de
que os escritores bíblicos usavam alma e espírito como sinônimos, estivessem
falando sobre antropologia ou não. Se eles não faziam qualquer distinção entre
esses dois vocábulos, então contrariar isso acaba gerando problemas e
incoerências para nosso entendimento bíblico acerca da constituição humana.
Por fim, talvez os leitores tenham percebido que os assuntos “Natureza
Humana” e “Destino Humano” estão íntima e inseparavelmente relacionados,
pois nossa antropologia (o que somos) afeta diretamente nossa escatologia
individual (para onde vamos após a morte). Não é por acaso que muitos dos
textos bíblicos que relatam o momento da morte de pessoas, ou o estado delas
no pós-túmulo, são centrais para aprendermos acerca de nossa constituição (e
vice-versa). Esses dois assuntos são as duas faces de uma mesma moeda e,
portanto, devem ser tratados sempre em conjunto, uma vez que o
conhecimento de um lança luzes sobre o outro.
Ora, saber do vínculo entre esses dois temas reveste-se de grande relevância
para esse debate, visto que a dicotomia, além de ter a seu favor o fato de alma e
espírito serem usados na Bíblia como sinônimos, apóia-se em textos que falam sobre o destino do homem após a morte. No entanto, a tricotomia busca refúgio
em duas passagens que não têm qualquer lição acerca do que se sucede com a
pessoa no momento da morte, tampouco sobre a condição dela no além.
Portanto, a dicotomia é, sem dúvida, uma concepção muito mais sólida e
confiável quando queremos conhecer nossa constituição, uma vez que os textos
que a apóiam falam sobre o Destino Humano, assunto este que, como vimos,
está umbilicalmente ligado à Natureza Humana.
Foi por causa da quantidade e do poder de convencimento de todas essas
evidências que nos propusemos a defender, neste estudo, a dicotomia,
reputando-a como a posição que está de acordo com aquilo que as Escrituras
ensinam sobre nossa natureza. Deus nos criou com duas partes: corpo e alma (=
espírito).
III . TRICOTOMIA
Os tricotomistas procuram suporte no fato de que a Bíblia, como eles a vêem, reconhece
duas partes constitutivas da natureza humana em acréscimo ao elemento inferior ou material, a
saber, a alma (hebraico, nephesh; grego, psyque) e o espírito (hebraico, ruah; grego, pneuma ).
Mas o fato de serem empregados esses termos com grande freqüência na escritura não dá base
para a conclusão de que designam partes componentes, em vez de aspectos diferentes da
natureza humana. Um cuidadoso estudo da Escritura mostra claramente que ela emprega as
palavras umas pelas outras, em permuta recíproca. Ambos os termos indicam o elemento superior
ou espiritual do homem, vendo-o, porém, de diferentes pontos de vista. Contudo, é preciso
mostrar logo de início que a distinção que a Escritura faz entre os dois não concorda com o que é
mais comum na filosofia, de que a alma é o elemento espiritual do homem, conforme se relaciona
com o mundo animal, enquanto que o espírito é aquele mesmo elemento em sua relação com o
mundo espiritual superior, e com Deus. Os seguintes fatos militam contra essa distinção filosófica:
Ruah-pneuma, bem como nephesh-psyque, são empregados com referência à criação animal
inferior, Ec 3.21; Ap 16.3. A palavra psyque é empregada até com referencia a Jeová, Is 42.1; Jr
9.9; Am 6.8 (texto hebraico); Hb 10.38. Os mortos desencarnados são chamados psyqai,Ap 6.9;
20.4. Os mais elevados exercícios da religião são atribuídos à psyque, Mc 12.30; Lc 1.46; Hb
6.18, 19; Tg 1.21. Perder a psyque é perder tudo. É mais que evidente que a Bíblia emprega as
duas palavras uma pela outra, permutando-as reciprocamente. Observa-se o paralelismo em Lc
1.46, 47: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador”. A fórmula escriturística para designar o homem é, nalgumas passagens, “corpo e
alma”, Mt 6.25;* 10.28; e noutras, “corpo e espírito”,*
* Ec 12.7; 1 Co 5.3, 5. Às vezes a morte é
descrita como a entrega da alma, Gn 35.18; 1 Rs 17.21; At 15.26;*
** e também como a entrega do
espírito, Sl 31.5; Lc 23.46; At 7.59. Além disso, tanto “alma” como “espírito”são empregados para
designar o elemento imaterial do homem, 1 Pe 3.19; Hb 12.23; Ap 6.9; 20.4. A principal distinção
feita pela Escritura é como segue: a palavra “espírito”designa o elemento espiritual do homem
como o princípio de vida e ação que domina e dirige o corpo; ao passo que a palavra “alma”
denomina o mesmo elemento como o sujeito da ação no homem e, portanto, muitas vezes é
empregada em lugar do pronome pessoal no Velho Testamento, Sl 10.1, 2; 104.1; 146.1; Is 42.1;
cf, também Lc 12.19. Em diversos casos, designa mais especificamente a vida interior como a
sede dos sentimentos. Isso tudo está em completa harmonia com Gn 2.7, “o Senhor Deus...lhe
soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Assim, pode dizer
que o homem tem espírito, mas é alma. Portanto, a Bíblia indica dois, e somente dois, elementos
constitutivos da natureza humana, a saber, corpo e espírito ou alma. Esta descrição escriturística
harmoniza-se também com a consciência própria do homem. Enquanto que o homem tem
consciência do fato de que consiste de um elemento material e de um elemento espiritual,
nenhum homem tem consciência de possuir alma em distinção do espírito.
Há, porém, duas passagens que parecem estar em conflito com a usual descrição dicotômica
da escritura, a saber, 1 Ts 5.23, “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito,
alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo”; e Hb 4.12, “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas e apta
para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. Deve-se notar, porém, que: (a) É boa
regra de exegese que as afirmações excepcionais sejam interpretadas à luz da analogia
Scripturae, ou seja, da apresentação usual da Escritura. Em vista deste fato, alguns dos
defensores da tricotomia admitem que essas passagens não provam necessariamente a posição
deles. (b) A simples menção dos termos espírito e alma um ao lado do outro não prova que,
segundo a escritura, são duas substâncias distintas, como também Mt 22.37 não prova que Jesus
Considerava o coração, a alma e o entendimento como três substâncias distintas. (c) Em 1 Ts
5.23 o apóstolo deseja simplesmente fortalecer a afirmação: “O mesmo Deus da paz vos
santifique em tudo”, com uma declaração epizegética,*
*** na qual se resumem os diferentes
aspectos da existência do homem, e na qual o apóstolo se sente perfeitamente livre para
mencionar os termos alma e espírito um ao lado do outro, porque a Bíblia distingue entre ambos.
Ele não poderia ter pensado na alma e no corpo como duas substâncias diferentes, porquanto noutros lugares da Escritura diz ele que o homem consiste de duas partes, Rm 8.10; 1 Co 5.5;
7.34; 2 Co 7.1; Ef 2.3; Cl 2.5. (d) Hb 4.12 não deve ser entendido no sentido de que a palavra de
Deus, penetrando no íntimo do homem, faz separação entre a sua alma e o seu espírito, o que
naturalmente implicaria que são dias substâncias diferentes; mas simplesmente no sentido de
uma declaração de que ela produz uma separação entre os pensamentos e as intenções do
coração.
ADENDO SOBRE A TRICOTOMIA
Considerações:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. I Ts 5.23
O texto é claro, nos exorta a conservar a integridade, e irrepreensíveis em tudo. Pois na vinda de Jesus, o homem um ser completo (espírito, alma e corpo), deve estar sem condenação. (Ver no anexo a tríplice constituição do homem).
O espírito é a dimensão do homem que lida com o âmbito espiritual. É a parte do homem que conhece a Deus, enquanto que a alma é a dimensão que lida com as coisas mentais, ou seja, o intelecto, a sensibilidade e a vontade, a parte que raciocina e pensa. Já o corpo é a dimensão do homem que lida com o âmbito físico.
O homem é um ser espiritual, assim como Deus, mas que possui uma alma e um corpo.
É fácil discernir corpo do espírito e da alma, mas às vezes é difícil distinguir o espírito da alma, e somente na Bíblia encontramos respaldo para tal divisão, somente a palavra de Deus tem a autoridade à qual podemos buscar para entendermos esta diferença. Um texto muito conhecido está no livro de Hebreus 4.12.
ADENDO SOBRE A TRICOTOMIA
Considerações:
1. Em primeiro lugar, Gênesis 2.7 não declara absolutamente que Deus fez um ser duplo. O texto hebraico está no plural “E o Senhor formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem passou a ser alma vivente”.
2. Em segundo lugar, Paulo diz que o corpo, alma e espírito são três partes distintas da natureza do homem (I Ts 5.12). A mesma coisa está indicada em Hebreus 4.12, onde está registrado que a Palavra “penetra” até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas.
3. Em terceiro lugar, tal organização tríplice da natureza do homem parece estar também subentendida na classificação do homem como “natural”, “carnal”, e “espiritual”. (I Co 2.14 – 3.4)
O elemento de verdade na tricotomia é que o homem tem uma triplicidade de dons, em virtude dos quais, a alma se relaciona com a matéria, consigo e com Deus.
Estudando o texto de I Tessalonicenses 5.23, podemos tirar algumas conclusões a cerca da formação do homem, uma vez que Paulo deixa bem claro “… e o vosso espírito, alma e corpo…”, reforçando assim a teoria tricotomista.
Detemos-nos, no entanto nestas três palavras: espírito, alma e corpo, fazendo um estudo de suas origens no grego.
Psyche, a palavra grega equivalente a nephesh, usualmente traduzida como “alma”. O léxico do Novo Testamente Grego Arndt-Gingrich lista um número de significados para esta palavra; alguns dos quais são: “princípio de vida”, “vida terreal”, “assunto da vida mais interior do homem”, “a sede e o centro da vida que transcende o que é terreno”, “aquele que possui vida: uma criatura viva” (plural pessoas). Usa-se a cerca do homem individual (At 2.21;Rm 13.1; I Pe 3.20); da vida animal sensitiva, com as suas paixões e desejos, distinguindo-se do corpo (Mt 10.28), e do espírito (Lc 1.46; I Ts 5.23; Hb 4.12)
Estudando o texto de I Tessalonicenses 5.23, podemos tirar algumas conclusões a cerca da formação do homem, uma vez que Paulo deixa bem claro “… e o vosso espírito, alma e corpo…”, reforçando assim a teoria tricotomista.
Detemos-nos, no entanto nestas três palavras: espírito, alma e corpo, fazendo um estudo de suas origens no grego.
Psyche, a palavra grega equivalente a nephesh, usualmente traduzida como “alma”. O léxico do Novo Testamente Grego Arndt-Gingrich lista um número de significados para esta palavra; alguns dos quais são: “princípio de vida”, “vida terreal”, “assunto da vida mais interior do homem”, “a sede e o centro da vida que transcende o que é terreno”, “aquele que possui vida: uma criatura viva” (plural pessoas). Usa-se a cerca do homem individual (At 2.21;Rm 13.1; I Pe 3.20); da vida animal sensitiva, com as suas paixões e desejos, distinguindo-se do corpo (Mt 10.28), e do espírito (Lc 1.46; I Ts 5.23; Hb 4.12)
É a parte imaterial e invisível do homem em relação ao corpo e à natureza física. Schweizer diz que Paulo usa psyche quando se refere à vida natural e a vida verdadeira; ele freqüentemente usa a palavra para descrever a pessoa.
Pneuma, o equivalente a ruach, que quando se refere ao homem é mais usualmente traduzida como “espírito”. O léxico de Arndt-Gingrich dá oito significados, incluindo os seguintes: “o espírito como parte da personalidade humana”, “o ego de uma pessoa”, “uma disposição ou estado de mente”, “vento”, “espírito” (humano com ou sem corpo), “disposição ou atitude”. Faculdade divinamente concedida, pela qual o homem pode pôr-se em comunhão com Deus, distingui-se do seu próprio caráter natural.
Soma, neste texto traduzido como corpo. Arndt-Gingrich dá cinco significados incluindo os seguintes: “o corpo vivo”, “o corpo da ressurreição”, “corpo humano”, “pessoa”.
Podemos ver claramente que cada uma dessas palavras tem o seu significado, sendo assim, estas três palavras e , são usadas para indicar o ser completo, seja o lado imortal, pessoas ou físico de uma pessoa. O Dr. Scofield (autor da Bíblia de Estudo, que leva seu nome) assim comenta:
Pneuma, o equivalente a ruach, que quando se refere ao homem é mais usualmente traduzida como “espírito”. O léxico de Arndt-Gingrich dá oito significados, incluindo os seguintes: “o espírito como parte da personalidade humana”, “o ego de uma pessoa”, “uma disposição ou estado de mente”, “vento”, “espírito” (humano com ou sem corpo), “disposição ou atitude”. Faculdade divinamente concedida, pela qual o homem pode pôr-se em comunhão com Deus, distingui-se do seu próprio caráter natural.
Soma, neste texto traduzido como corpo. Arndt-Gingrich dá cinco significados incluindo os seguintes: “o corpo vivo”, “o corpo da ressurreição”, “corpo humano”, “pessoa”.
Podemos ver claramente que cada uma dessas palavras tem o seu significado, sendo assim, estas três palavras e , são usadas para indicar o ser completo, seja o lado imortal, pessoas ou físico de uma pessoa. O Dr. Scofield (autor da Bíblia de Estudo, que leva seu nome) assim comenta:
“A alma e o espírito humano não são idênticos, como se prova pelo fato de que há divisão entre eles (Hb 4.12), que há uma nítida distinção entre ambos no sepultamento e na ressurreição do corpo. Semeia-se corpo animal (natural) [do grego: soma psychikan – corpo-alma], e ressuscitará corpo espiritual [do grego soma – pneumatikan – corpo-espírito]. Significa dizer que não há diferença entre corpo mortal e corpo ressuscitado. Paulo claramente afirma que existe esta diferença”
G. A. Pember afirma:
“O corpo pode ser considerado a parte na qual reside a consciência sensível e física (a consciência cósmica); a alma representa a consciência de si próprio, o espírito, a consciência de Deus. A alma no dá o intelecto que nos fornece as condições procedentes dos sentidos. O espírito, é a parte mais elevada, vindo diretamente de Deus, e por ele podemos aprender a adorar a Deus. O corpo põe a nossa disposição os cincos sentidos físicos”.
Como cristãos deveríamos certamente repudiar a dicotomia no sentido em que os antigos gregos a ensinaram. Platão, por exemplo, formulou a idéia de que o corpo e a alma devem ser tidos como duas substâncias distintas: a alma pensante, que é divina, e o corpo. Visto que o corpo é composto de substância inferior chamamos matéria, ele é de um valor inferior à da alma. Na morte simplesmente o corpo se desintegra, mas a alma racional (ou nous) retorna “aos céus”, se o seu curso de ação foi justo e honrado, e continua a existir para sempre. A alma é considerada uma substância superior, inerentemente indestrutível, enquanto que o corpo é inferior à alma mortal, e condenado à destruição total. Não há no pensamento grego, portanto, lugar algum para a ressurreição do corpo.
Mas mesmo à parte do entendimento grego da dicotomia, que é claramente contrário à Escritura, devemos rejeitar o termo dicotomia como tal, visto que ele não é uma descrição exata da visão bíblica do homem. A palavra em si mesma é objetável. Ela vem de duas raízes gregas: diche, significando “dupla” ou “em duas”, e temnein, significando “cortar”. Ela, portanto, sugere que a pessoa humana pode ser cortada em duas “partes”. Mas o homem nesta presente vida não pode ser separado dessa maneira. Como veremos, a Bíblia descreve a pessoa humana como uma totalidade, um todo, um ser unitário.
Segundo Strong, a parte imaterial do homem, considerada como uma vida individual e consciente, capaz de possuir e animar um organismo físico são chamados de psychi, considerada como um agente moral e racional, suscetível à influência e habitação divinas, esta mesma parte imaterial é chamada de pneuma. O pneuma é então a natureza do homem voltada para Deus, e capaz de receber e manifestar o pneuma hagian, a psyche na natureza do homem voltada para a terra, que toca o mundo dos sentidos. O pneuma é a parte mais elevada do homem, relacionada com realidades espirituais capaz de tal relacionamento; a psyche é a parte mais elevada do homem, relacionada ao corpo ou capaz de relacionamento. Portanto, o homem, não é um ser tricotômano, mas dicotômano, e sua parte imaterial, embora possuam dualidade de poderes, tem unidades de substâncias.
Segundo Strong, a parte imaterial do homem, considerada como uma vida individual e consciente, capaz de possuir e animar um organismo físico são chamados de psychi, considerada como um agente moral e racional, suscetível à influência e habitação divinas, esta mesma parte imaterial é chamada de pneuma. O pneuma é então a natureza do homem voltada para Deus, e capaz de receber e manifestar o pneuma hagian, a psyche na natureza do homem voltada para a terra, que toca o mundo dos sentidos. O pneuma é a parte mais elevada do homem, relacionada com realidades espirituais capaz de tal relacionamento; a psyche é a parte mais elevada do homem, relacionada ao corpo ou capaz de relacionamento. Portanto, o homem, não é um ser tricotômano, mas dicotômano, e sua parte imaterial, embora possuam dualidade de poderes, tem unidades de substâncias.
O HOMEM TRÍPLICE
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. I Ts 5.23
O texto é claro, nos exorta a conservar a integridade, e irrepreensíveis em tudo. Pois na vinda de Jesus, o homem um ser completo (espírito, alma e corpo), deve estar sem condenação. (Ver no anexo a tríplice constituição do homem).
O espírito é a dimensão do homem que lida com o âmbito espiritual. É a parte do homem que conhece a Deus, enquanto que a alma é a dimensão que lida com as coisas mentais, ou seja, o intelecto, a sensibilidade e a vontade, a parte que raciocina e pensa. Já o corpo é a dimensão do homem que lida com o âmbito físico.
O homem é um ser espiritual, assim como Deus, mas que possui uma alma e um corpo.
É fácil discernir corpo do espírito e da alma, mas às vezes é difícil distinguir o espírito da alma, e somente na Bíblia encontramos respaldo para tal divisão, somente a palavra de Deus tem a autoridade à qual podemos buscar para entendermos esta diferença. Um texto muito conhecido está no livro de Hebreus 4.12.
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. (Hb 4.12).
Argumentos bíblicos de que temos um espírito.
“Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito”. (I Co 6.17).
O Espírito Santo de Deus nos toma, o nosso espírito e incorporados pelo Espírito Santo de Deus..
“Porque, se eu orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto”. (I Co 14.14).
Há diferença entre o espírito e a alma. Na oração a alma a parte que pensa raciocina nos permite discernir o que oramos, mas quando o espírito ora, nada se discernem, pois é espiritual. E não podemos contestar este, pois é no espírito que entramos em contado com Deus.
O novo nascimento é um renascimento do espírito humano, e só oramos no espírito quando passamos por este processo de restauração, e por conseqüência o equilíbrio espiritual vem de Jesus. Ao conservar a integridade do corpo temos maior possibilidade de interagir no mundo espiritual.
Sendo assim, teoria Tricotomista é que melhor se enquadra no pensamento bíblico, uma vez que assim como Deus é triuno, nós que somos a sua imagem e semelhança não seríamos diferentes.
O novo nascimento é um renascimento do espírito humano, e só oramos no espírito quando passamos por este processo de restauração, e por conseqüência o equilíbrio espiritual vem de Jesus. Ao conservar a integridade do corpo temos maior possibilidade de interagir no mundo espiritual.
Sendo assim, teoria Tricotomista é que melhor se enquadra no pensamento bíblico, uma vez que assim como Deus é triuno, nós que somos a sua imagem e semelhança não seríamos diferentes.
USO DO TERMO ALMA (ψυχὴ) E ESPÍRITO (πνεῦµα)
ψυχὴ é a alma ou a vida animal (Mt 2.20; 6.25) usada a respeito do homem e dos outros animais (Ap 8.9; 16.3); usado acerca dos homens, significa a sede das paixões e desejos, o nexo entre a natureza corpórea e o aspecto mais elevado da personalidade humana.
πνεῦµα é o principio vital que anima o corpo humano, ou a essência incorpórea e imaterial de várias ordens de seres, inclusive os santos no céu e os anjos e o próprio Deus; é dotado de conhecimento, desejo, decisão e capacidade de agir. ψυχὴ é a parte imaterial e invisível do homem em relação ao corpo e à natureza física: πνεῦµα é a parte imaterial e invisível do homem em relação a Deus e outros espíritos.
Todavia ψυχὴ e πνεῦµα são puros sinônimos, em muitas passagens como Mt. 11.29; 22.37; 26.38; Lc 1.46; 2.35; At 2.27; 14.22; III Jo 2; I Pe 1.9,22 (ψυχὴ); Lc 1.47; 2.40; 8.55; 10.21; 23.46; Jo 4.24; 13.21; At 7.59; 17.16; 18.5,25; Rm 1.9; I Co 2.11; 6.17,20; 7.34; 16.18; Tg 2.26; (πνεῦµα). O pecado reside tanto na alma como no espírito, mesmo do homem regenerado (II Co 7.1; I Pe 1.22; Rm 2.9; II Pe 2.14). A personalidade humana é una e indivisível, se bem que capaz de viver imortalmente sem o corpo, e, para descrever esta personalidade uma, há várias palavras mais ou menos sinônimas – coração ; mente ; alma ; espírito e inteligência (; entendimento e consciência, juízo – e quando várias destas palavras se empregam juntas é para ênfase ou hipérbole e não para dividir a personalidade humana em compartimentos separáveis. Assim devem ser entendidos: Mt 22.37; Mc 12.30,33; Lc 10.27; Ef 6.5-18; I Ts 5.23; Hb 4.12. σάρ em geral não é meramente σῶµα, mas quando usado eticamente é mais a qualidade de ψυχὴ do que de σῶµα. σαρ, especialmente nos escritos de Paulo, indica a natureza não regenerada, ou os restos desta natureza no crente, (Rm 8.4-9,12; 13.14; I Co 5.5; II Co 7.1; Gl 5.16; 6.8; Ef 2.3); contudo σάρ não é muito diferente de σῶµα em Mc 10.8; Jo 1.14; 3.6; 6.51; Rm 1.3; 9.3; I Co 6.16; II Co 5.16). transcende o mero órgão físico e aproxima-se dos sentidos mais elevados de ψυχὴ e πνεῦµα, abrangendo todas as faculdades, se bem que geralmente saliente mais as emoções ou os afetos. Thayer o define assim: “a alma ou a mente como fonte e sede dos pensamentos, paixões, desejos, apetites, afetos, propósitos e esforços” (Mt 11.29; 13.15; 15.19; Mc 2.6; Lc 1.51; 24.25; At 4.32; 8.22; 16.14; Rm 2.15; 6.17; 10.10; II Co 9.7; Hb 4.12). νοῦς é a mente inteligente e perceptiva (Rm 1.28; 7.23,25; 11.34; 12.2; I Co 2.16) e é o entendimento, usado para o bem ou o mal (Ef 1.18; 2.3; 4.18; I Pe 1.13).
Os adjetivos destas mesmas raízes têm suas matizes de diferenças e ideia. ψυχικός, natural, chega a significa sensual (I Co 2.14; 15.44,46; Tg 3.15; Jd 19). Encontramos σάρκινος carnal, arraigada na natureza carnal (Hb 7.16; I Co 3.1; Rm 7.14); e σάρκικός, governado pela natureza humana, não pelo Espírito de Deus, Iço 3.3,4; 9.11; II Co 1.12; 10.4. há grande confusão nos textos, e isto confunde os lexicógrafos. Ambas as palavras têm sentido mau ou inferior, πνεῦµατικός é sobrenatural, I Co 15.44,46 (e Ef 6.12 no sentido mau), espiritual, tendo as qualidades ou caráter do divino Espírito (Rm 1..1; 7.14; I Co 2.15; 10.3,4; 12.1; 14.37; Gl 6.1; Ef 1.3; I Pe 2.5).
σῶµα nada tem que ver com implicações baixas da filosófica grega, mas é, em geral, livre das más implicações de σάρ e, no crente, tem alta missão cristã (Rm 12.1; I Co 6.15,19; 9.27); e serve para expressar algumas das mais elevadas figuras das Epístolas (Ef 1.23; 4.16; 4.16; 5.28,30; Fp 3.21; I Pe 2.24).
ψυχὴ é a alma ou a vida animal (Mt 2.20; 6.25) usada a respeito do homem e dos outros animais (Ap 8.9; 16.3); usado acerca dos homens, significa a sede das paixões e desejos, o nexo entre a natureza corpórea e o aspecto mais elevado da personalidade humana.
πνεῦµα é o principio vital que anima o corpo humano, ou a essência incorpórea e imaterial de várias ordens de seres, inclusive os santos no céu e os anjos e o próprio Deus; é dotado de conhecimento, desejo, decisão e capacidade de agir. ψυχὴ é a parte imaterial e invisível do homem em relação ao corpo e à natureza física: πνεῦµα é a parte imaterial e invisível do homem em relação a Deus e outros espíritos.
Todavia ψυχὴ e πνεῦµα são puros sinônimos, em muitas passagens como Mt. 11.29; 22.37; 26.38; Lc 1.46; 2.35; At 2.27; 14.22; III Jo 2; I Pe 1.9,22 (ψυχὴ); Lc 1.47; 2.40; 8.55; 10.21; 23.46; Jo 4.24; 13.21; At 7.59; 17.16; 18.5,25; Rm 1.9; I Co 2.11; 6.17,20; 7.34; 16.18; Tg 2.26; (πνεῦµα). O pecado reside tanto na alma como no espírito, mesmo do homem regenerado (II Co 7.1; I Pe 1.22; Rm 2.9; II Pe 2.14). A personalidade humana é una e indivisível, se bem que capaz de viver imortalmente sem o corpo, e, para descrever esta personalidade uma, há várias palavras mais ou menos sinônimas – coração ; mente ; alma ; espírito e inteligência (; entendimento e consciência, juízo – e quando várias destas palavras se empregam juntas é para ênfase ou hipérbole e não para dividir a personalidade humana em compartimentos separáveis. Assim devem ser entendidos: Mt 22.37; Mc 12.30,33; Lc 10.27; Ef 6.5-18; I Ts 5.23; Hb 4.12. σάρ em geral não é meramente σῶµα, mas quando usado eticamente é mais a qualidade de ψυχὴ do que de σῶµα. σαρ, especialmente nos escritos de Paulo, indica a natureza não regenerada, ou os restos desta natureza no crente, (Rm 8.4-9,12; 13.14; I Co 5.5; II Co 7.1; Gl 5.16; 6.8; Ef 2.3); contudo σάρ não é muito diferente de σῶµα em Mc 10.8; Jo 1.14; 3.6; 6.51; Rm 1.3; 9.3; I Co 6.16; II Co 5.16). transcende o mero órgão físico e aproxima-se dos sentidos mais elevados de ψυχὴ e πνεῦµα, abrangendo todas as faculdades, se bem que geralmente saliente mais as emoções ou os afetos. Thayer o define assim: “a alma ou a mente como fonte e sede dos pensamentos, paixões, desejos, apetites, afetos, propósitos e esforços” (Mt 11.29; 13.15; 15.19; Mc 2.6; Lc 1.51; 24.25; At 4.32; 8.22; 16.14; Rm 2.15; 6.17; 10.10; II Co 9.7; Hb 4.12). νοῦς é a mente inteligente e perceptiva (Rm 1.28; 7.23,25; 11.34; 12.2; I Co 2.16) e é o entendimento, usado para o bem ou o mal (Ef 1.18; 2.3; 4.18; I Pe 1.13).
Os adjetivos destas mesmas raízes têm suas matizes de diferenças e ideia. ψυχικός, natural, chega a significa sensual (I Co 2.14; 15.44,46; Tg 3.15; Jd 19). Encontramos σάρκινος carnal, arraigada na natureza carnal (Hb 7.16; I Co 3.1; Rm 7.14); e σάρκικός, governado pela natureza humana, não pelo Espírito de Deus, Iço 3.3,4; 9.11; II Co 1.12; 10.4. há grande confusão nos textos, e isto confunde os lexicógrafos. Ambas as palavras têm sentido mau ou inferior, πνεῦµατικός é sobrenatural, I Co 15.44,46 (e Ef 6.12 no sentido mau), espiritual, tendo as qualidades ou caráter do divino Espírito (Rm 1..1; 7.14; I Co 2.15; 10.3,4; 12.1; 14.37; Gl 6.1; Ef 1.3; I Pe 2.5).
σῶµα nada tem que ver com implicações baixas da filosófica grega, mas é, em geral, livre das más implicações de σάρ e, no crente, tem alta missão cristã (Rm 12.1; I Co 6.15,19; 9.27); e serve para expressar algumas das mais elevadas figuras das Epístolas (Ef 1.23; 4.16; 4.16; 5.28,30; Fp 3.21; I Pe 2.24).
Dados Bíblicos
Embora a Tricotomia seja uma idéia comum no ensino bíblico cristão, a Bíblia não usa este tremo. Por isso poucos estudiosos a defendem. Sustentam que todas as pessoas possuem alma, e argumentam que o espírito do homem é uma faculdade humana superior, que surge quando a pessoa se torna cristã (Rm 8.10). O espírito da pessoa seria a parte dela que mais diretamente adora e ora a Deus (Jo 4.24; Fp 3.3).
Outros dizem que o “espírito” não é uma parte distinta do homem, mais simplesmente outra palavra que exprime “alma”, e que ambos os termos “alma” e “espírito” são sinônimos, e são usadas indistintamente nas Escrituras para falar da parte imaterial do homem, a parte que sobrevive após a morte do corpo. A idéia de que o homem é composto de duas partes (corpo e alma/espírito) chama-se dicotomia.
Os que defendem que essa idéia muitas vezes admite que as Escrituras, usa a palavra espírito (Hebraico Rûach e Grego Pneuma) mais frequentemente com referência à nossa relação com Deus mas que esse uso não é uniforme; e que a palavra alma é também usada em todos os sentidos em que se pode usar espírito.
Antes de perguntar se a Escritura vê “alma” e “espírito” como partes distintas, do homem, devemos a princípio deixar claro que há forte ênfase na Escritura sobre a total unidade do homem que foi criado por Deus. Quando Deus fez o homem, Ele “soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn. 2:7). Aqui Adão é visto como unidade, com corpo e alma vivendo e agindo conjuntamente.
Esse estado original do homem, em harmonia e em unidade, ocorrerá novamente quando Cristo voltar e formos totalmente redimidos em nosso corpo, assim como em nossa alma, para viver com ele para sempre (I Co 15.51-54). Além disso, devemos crescer em santidade e amor por Deus em cada aspecto de nossa vida, em nosso corpo assim como em nosso espírito e alma (I Co 7.34). Importa que nos purifiquemos “de tudo que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (II Co 7.1).
Mas uma vez enfatizando o fato de que Deus nos criou para haver a unidade entre corpo e alma, e para que cada ato que realizamos nesta vida seja um ato de todo o nosso ser, envolvido em certa medida tanto o corpo quanto a alma; então podemos destacar que as Escrituras ensinam bem claramente que há uma parte imaterial na natureza humana.
Embora a Tricotomia seja uma idéia comum no ensino bíblico cristão, a Bíblia não usa este tremo. Por isso poucos estudiosos a defendem. Sustentam que todas as pessoas possuem alma, e argumentam que o espírito do homem é uma faculdade humana superior, que surge quando a pessoa se torna cristã (Rm 8.10). O espírito da pessoa seria a parte dela que mais diretamente adora e ora a Deus (Jo 4.24; Fp 3.3).
Outros dizem que o “espírito” não é uma parte distinta do homem, mais simplesmente outra palavra que exprime “alma”, e que ambos os termos “alma” e “espírito” são sinônimos, e são usadas indistintamente nas Escrituras para falar da parte imaterial do homem, a parte que sobrevive após a morte do corpo. A idéia de que o homem é composto de duas partes (corpo e alma/espírito) chama-se dicotomia.
Os que defendem que essa idéia muitas vezes admite que as Escrituras, usa a palavra espírito (Hebraico Rûach e Grego Pneuma) mais frequentemente com referência à nossa relação com Deus mas que esse uso não é uniforme; e que a palavra alma é também usada em todos os sentidos em que se pode usar espírito.
Antes de perguntar se a Escritura vê “alma” e “espírito” como partes distintas, do homem, devemos a princípio deixar claro que há forte ênfase na Escritura sobre a total unidade do homem que foi criado por Deus. Quando Deus fez o homem, Ele “soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn. 2:7). Aqui Adão é visto como unidade, com corpo e alma vivendo e agindo conjuntamente.
Esse estado original do homem, em harmonia e em unidade, ocorrerá novamente quando Cristo voltar e formos totalmente redimidos em nosso corpo, assim como em nossa alma, para viver com ele para sempre (I Co 15.51-54). Além disso, devemos crescer em santidade e amor por Deus em cada aspecto de nossa vida, em nosso corpo assim como em nosso espírito e alma (I Co 7.34). Importa que nos purifiquemos “de tudo que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (II Co 7.1).
Mas uma vez enfatizando o fato de que Deus nos criou para haver a unidade entre corpo e alma, e para que cada ato que realizamos nesta vida seja um ato de todo o nosso ser, envolvido em certa medida tanto o corpo quanto a alma; então podemos destacar que as Escrituras ensinam bem claramente que há uma parte imaterial na natureza humana.
O Homem é Tanto Corpo e Alma Quanto Corpo e Espírito
O homem é visto como possuindo tanto “corpo e alma” como “corpo e espírito”. Jesus nos exorta a não temer aqueles que “matam o corpo, mas não podem matar a alma”. “Antes”, disse Jesus, “tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno” (Mt 10.28). “Alma” aqui claramente deve ser entendida como referência à parte da pessoa que existe após a morte. Além disso, quando Jesus fala a respeito de “alma e corpo”, parece óbvio que Ele está falando a respeito da totalidade da pessoa, embora Ele não mencione “espírito” como componente separado. “Alma” parece equivaler à totalidade da parte imaterial do homem.
Por outro lado, o homem é às vezes mencionado como “corpo e espírito”. Paulo quer que a igreja de Corinto entregue um irmão em pecado a Satanás “para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Co 5.5). Isso não significa que Paulo tenha se esquecido da salvação da alma do homem; ele simplesmente usa a palavra “espírito” para referir-se à totalidade da existência imaterial de uma pessoa. Semelhantemente, Tiago diz que “o corpo sem o espírito está morto” (Tg 2.26), mas não menciona nada a respeito da alma existindo separadamente.
Além disso, quando Paulo fala de crescimento em santidade pessoal, ele aprova as mulheres estão preocupadas em “serem santas no corpo e no espírito” (1 Co 7.34), sugere que isso cobre a totalidade da vida da pessoa. Ainda mais explícito é o texto de 2 Coríntios 7.1, no qual Paulo diz: “…purifiquemo-nos de tudo que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temos de Deus”. A purificação da corrupção da “alma” ou do “espírito’ envolve a totalidade do lado imaterial de nossa existência” (Rm 8.10; I Co 5.3; Cl 2.5).
O homem é visto como possuindo tanto “corpo e alma” como “corpo e espírito”. Jesus nos exorta a não temer aqueles que “matam o corpo, mas não podem matar a alma”. “Antes”, disse Jesus, “tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno” (Mt 10.28). “Alma” aqui claramente deve ser entendida como referência à parte da pessoa que existe após a morte. Além disso, quando Jesus fala a respeito de “alma e corpo”, parece óbvio que Ele está falando a respeito da totalidade da pessoa, embora Ele não mencione “espírito” como componente separado. “Alma” parece equivaler à totalidade da parte imaterial do homem.
Por outro lado, o homem é às vezes mencionado como “corpo e espírito”. Paulo quer que a igreja de Corinto entregue um irmão em pecado a Satanás “para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Co 5.5). Isso não significa que Paulo tenha se esquecido da salvação da alma do homem; ele simplesmente usa a palavra “espírito” para referir-se à totalidade da existência imaterial de uma pessoa. Semelhantemente, Tiago diz que “o corpo sem o espírito está morto” (Tg 2.26), mas não menciona nada a respeito da alma existindo separadamente.
Além disso, quando Paulo fala de crescimento em santidade pessoal, ele aprova as mulheres estão preocupadas em “serem santas no corpo e no espírito” (1 Co 7.34), sugere que isso cobre a totalidade da vida da pessoa. Ainda mais explícito é o texto de 2 Coríntios 7.1, no qual Paulo diz: “…purifiquemo-nos de tudo que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temos de Deus”. A purificação da corrupção da “alma” ou do “espírito’ envolve a totalidade do lado imaterial de nossa existência” (Rm 8.10; I Co 5.3; Cl 2.5).
A Alma Pode Pecar ou o Espírito Pode Pecar?
Aqueles que defendem a tricotomia geralmente concordam que a alma pode pecar, pois crêem que a alma inclui o intelecto, as emoções e a vontade. (I Pe 1.22; Ap 18.14).
O tricotomista, porém, geralmente considera que o espírito é mais puro do que a alma e, quando renovado, livre do pecado e sensível ao chamado do Espírito Santo. Essa concepção (que às vezes se insinua na pregação e nos escritos cristãos populares) não encontra realmente apoio no texto bíblico. Quando Paulo encoraja os coríntios a se purificar “de toda impureza, tanto da carne como do espírito” (II Co 7.1), ele sugere nitidamente que pode haver impureza (ou pecado) no espírito. Do mesmo modo, fala da mulher solteira que se preocupa em ser santa “assim no corp como no espírito” (I Co 7.34). Outros versículos falam de modo semelhante (II Co 7.34 – “santificação do espírito”; Dt 2.30 – “espírito endurecido”; Sl 78.8 – “espírito infiel”; Pv 16.18 – “espírito altivo”; Ec 7.8 – “espírito orgulhoso”; Is 29.24 – “espírito que erra”; Dn 5.20 – “espírito soberbo e arrogante”). O fato de “todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (Pv 16.2), implica a possibilidade de que o nosso espírito esteja errado aos olhos de Deus. Outros versículos que implicam a possibilidade da existência do pecado no nosso espírito (Sl 32.2; 51.10)
Os defensores da tricotomia enfrentam um problema difícil na definição clara e exata da diferença entre alma e espírito (segundo o seu ponto de vista). Se as Escrituras dessem claro apoio à idéia de que o espírito é a parte de nós que diretamente se relaciona com Deus em adoração e oração, enquanto a alma abarca o intelecto (pensamento), as emoções (sentimentos) e a vontade (decisões), então os tricotomistas teriam em mãos um forte argumento. Todavia, a Bíblia parece não dar apoio a tal distinção.
Por outro lado, não se diz que as atividades de pensar, sentir e decidir sejam realizados somente pela alma. Por exemplo, o espírito também pode viver emoções, como em Atos 17.16, quando “o seu espírito [de Paulo] se revoltava”, ou quando “angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21). É também possível tem um “espírito abatido”, o oposto de um “coração alegre” (Pv 17.22).
Além disso, também se diz que as funções de conhecer, perceber e pensar são executados pelo espírito. Por exemplo, Marcos retrata o Senhor Jesus “percebendo (epiginõskõ “conhecer, reconhecer, saber”) logo por Seu espírito” (Mc 2.8). Quando o Espírito Santo “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), nosso espírito recebe e compreende esse testemunho, o que certamente equivale à faculdade de conhecer algo. De fato, nosso espírito parece conhecer nossos pensamentos com bastante profundidade, pois Paulo pergunta: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está”? (I Co 21.11); (cf., Is 29,24, que fala daqueles que hoje “erram de espírito”, mas que “virão a ter entendimento”).
O objetivo desses versículos não é dizer que é o espírito e não a alma que sente e pensar, mas que “alma” e “espírito” são termos usados indistintamente para significar o lado imaterial das pessoas, e é difícil enxergar qualquer distinção real no uso dessas palavras.
De fato não devemos cair no erro de pensar que determinadas atividades como pensar, sentir ou decidir, são executadas por somente uma parte de nós. Ates, essas atividades são executadas pela pessoa como um todo. Quando pensamos, sentimos e, certamente todo o nosso corpo físico se envolve também. Sempre que pensamos usamos o cérebro que Deus nos deu. Do mesmo modo o cérebro e todo o sistema nervoso se envolvem em sensações físicas em outras partes do corpo. As Escrituras enfocam basicamente o homem como unidade, na qual o corpo físico e a parte não física funcionam juntas, ou seja, unitariamente
Aqueles que defendem a tricotomia geralmente concordam que a alma pode pecar, pois crêem que a alma inclui o intelecto, as emoções e a vontade. (I Pe 1.22; Ap 18.14).
O tricotomista, porém, geralmente considera que o espírito é mais puro do que a alma e, quando renovado, livre do pecado e sensível ao chamado do Espírito Santo. Essa concepção (que às vezes se insinua na pregação e nos escritos cristãos populares) não encontra realmente apoio no texto bíblico. Quando Paulo encoraja os coríntios a se purificar “de toda impureza, tanto da carne como do espírito” (II Co 7.1), ele sugere nitidamente que pode haver impureza (ou pecado) no espírito. Do mesmo modo, fala da mulher solteira que se preocupa em ser santa “assim no corp como no espírito” (I Co 7.34). Outros versículos falam de modo semelhante (II Co 7.34 – “santificação do espírito”; Dt 2.30 – “espírito endurecido”; Sl 78.8 – “espírito infiel”; Pv 16.18 – “espírito altivo”; Ec 7.8 – “espírito orgulhoso”; Is 29.24 – “espírito que erra”; Dn 5.20 – “espírito soberbo e arrogante”). O fato de “todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (Pv 16.2), implica a possibilidade de que o nosso espírito esteja errado aos olhos de Deus. Outros versículos que implicam a possibilidade da existência do pecado no nosso espírito (Sl 32.2; 51.10)
Os defensores da tricotomia enfrentam um problema difícil na definição clara e exata da diferença entre alma e espírito (segundo o seu ponto de vista). Se as Escrituras dessem claro apoio à idéia de que o espírito é a parte de nós que diretamente se relaciona com Deus em adoração e oração, enquanto a alma abarca o intelecto (pensamento), as emoções (sentimentos) e a vontade (decisões), então os tricotomistas teriam em mãos um forte argumento. Todavia, a Bíblia parece não dar apoio a tal distinção.
Por outro lado, não se diz que as atividades de pensar, sentir e decidir sejam realizados somente pela alma. Por exemplo, o espírito também pode viver emoções, como em Atos 17.16, quando “o seu espírito [de Paulo] se revoltava”, ou quando “angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21). É também possível tem um “espírito abatido”, o oposto de um “coração alegre” (Pv 17.22).
Além disso, também se diz que as funções de conhecer, perceber e pensar são executados pelo espírito. Por exemplo, Marcos retrata o Senhor Jesus “percebendo (epiginõskõ “conhecer, reconhecer, saber”) logo por Seu espírito” (Mc 2.8). Quando o Espírito Santo “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), nosso espírito recebe e compreende esse testemunho, o que certamente equivale à faculdade de conhecer algo. De fato, nosso espírito parece conhecer nossos pensamentos com bastante profundidade, pois Paulo pergunta: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está”? (I Co 21.11); (cf., Is 29,24, que fala daqueles que hoje “erram de espírito”, mas que “virão a ter entendimento”).
O objetivo desses versículos não é dizer que é o espírito e não a alma que sente e pensar, mas que “alma” e “espírito” são termos usados indistintamente para significar o lado imaterial das pessoas, e é difícil enxergar qualquer distinção real no uso dessas palavras.
De fato não devemos cair no erro de pensar que determinadas atividades como pensar, sentir ou decidir, são executadas por somente uma parte de nós. Ates, essas atividades são executadas pela pessoa como um todo. Quando pensamos, sentimos e, certamente todo o nosso corpo físico se envolve também. Sempre que pensamos usamos o cérebro que Deus nos deu. Do mesmo modo o cérebro e todo o sistema nervoso se envolvem em sensações físicas em outras partes do corpo. As Escrituras enfocam basicamente o homem como unidade, na qual o corpo físico e a parte não física funcionam juntas, ou seja, unitariamente
Por outro lado, na visão tricotomista o espírito é o elemento humano que se relaciona mais diretamente com Deus na adoração e na oração não parece se basear nas Escrituras. “A ti, Senhor, elevo a minha alma”. (Sl 25.1). “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa”. (Sl 62.1). “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome”. (Sl 103.1). “Louva, ó minha alma, ao Senhor ”. (Sl 146.1). “A minha alma engrandece ao Senhor”. (Lc 1.46). Essas passagens indicam que nossa alma pode adorar a Deus, louvá-lo e dar graças a Ele. Nossa alma pode orar a Deus, como Ana sugere ao dizer: “Venho derramando a minha alma perante ao Senhor” (I Sm 1.15).
De fato o maior mandamento é “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.5; cf. Mc 12.30). Nossa alma pode ansiar por Deus e ter sede dEle (Sl 42.1,2) e pode “esperar em Deus” (cf. Sl 42.5).
Pode também alegra-se e deleitar-se em Deus, pois diz Davi: “Minha alma se regozijará no Senhor e se deleitará na sua salvação” (Sl 35.9; cf. Is 61.10). Diz ainda o Salmista “Consumida está a minha por desejar, incessantemente, os juízos” (Sl 119.20) e “A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente” (Sl 119.167). Parece não haver aspecto da vida ou relação com Deus na qual as Escrituras afirmam agir o espírito, mas não a alma. Os dois termos são usados para falar de todos os aspectos do nosso relacionamento com Deus.
De fato o maior mandamento é “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.5; cf. Mc 12.30). Nossa alma pode ansiar por Deus e ter sede dEle (Sl 42.1,2) e pode “esperar em Deus” (cf. Sl 42.5).
Pode também alegra-se e deleitar-se em Deus, pois diz Davi: “Minha alma se regozijará no Senhor e se deleitará na sua salvação” (Sl 35.9; cf. Is 61.10). Diz ainda o Salmista “Consumida está a minha por desejar, incessantemente, os juízos” (Sl 119.20) e “A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente” (Sl 119.167). Parece não haver aspecto da vida ou relação com Deus na qual as Escrituras afirmam agir o espírito, mas não a alma. Os dois termos são usados para falar de todos os aspectos do nosso relacionamento com Deus.
Contra Argumentos dos Tricotomistas
As Escrituras aparentemente não sustentam nenhuma distinção entre alma e espírito. Não parece haver uma resposta satisfatória para os Dicotomista, fica então a pergunta aos tricotomistas: “O que pode o espírito fazer que a alma também não possa? O que pode a alma fazer que o espírito também não possa?”.
Os Tricotomista se defendem. Analisemos os versículos a seguir:
Em I Tessalonicenses 5.23 diz: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Esse versículo porventura não fala claramente que o homem possui três partes?
Em Hebreus 4.12 diz: “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. Se a espada das Escrituras divide a alma e o espírito, esses não seriam então elementos distintos do homem?
Em I Coríntios 2.14-3.4 a passagem trata de diferentes tipos de pessoas, daqueles que são “carnais” (sarkinos I Co 3.1); do que não é “espiritual” (Psychikos, lit. “alma” I Co 2.14); e daquele que é “espiritual” (pnecunotkos I Co 2.15). Acaso essas categorias não sugerem tipos diferentes de pessoas – os não cristãos “carnais”, os cristãos “naturais” que seguem os desejos da alma e os cristãos mais maduros que seguem os desejos do espírito? Será que isso não sugere que alma e espírito são elementos distintos da nossa natureza?
Em I Coríntios 14.14 quando Paulo diz: “Se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera”; não sugere ele que a mente faz algo diferente do espírito, e não sustentaria isso o argumento tricotomista de que a mente e o pensamento devem ser atribuídos à alma não ao espírito?
Segundo os tricotomista, o homem tem uma percepção espiritual, uma consciência espiritual da presença de Deus que os afeta de um modo que, o homem sebe a diferença do pensamento comum e também das emoções. Perguntam eles: “Se eu não tenho um espírito distinto dos meus pensamentos e das minhas emoções, então o que exatamente é isso que sinto ser diferente dos meus pensamentos e das minhas emoções, algo que só posso descrever como adoração a Deus em espírito e, como percepção da sua presença no meu espírito? Porventura não há algo em mim maior do que meramente meu intelecto, minhas emoções e minha vontade, e não deve isso se chamar espírito?”.
Alguns tricotomistas argumentam que homem e animais têm alma, mas sustentam que é a presença do espírito que nos faz diferentes dos animais. E que quando nos tornamos cristãos, nosso espírito recebe vida “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça” (Rm 8.10).
Os Tricotomista se defendem. Analisemos os versículos a seguir:
Em I Tessalonicenses 5.23 diz: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Esse versículo porventura não fala claramente que o homem possui três partes?
Em Hebreus 4.12 diz: “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. Se a espada das Escrituras divide a alma e o espírito, esses não seriam então elementos distintos do homem?
Em I Coríntios 2.14-3.4 a passagem trata de diferentes tipos de pessoas, daqueles que são “carnais” (sarkinos I Co 3.1); do que não é “espiritual” (Psychikos, lit. “alma” I Co 2.14); e daquele que é “espiritual” (pnecunotkos I Co 2.15). Acaso essas categorias não sugerem tipos diferentes de pessoas – os não cristãos “carnais”, os cristãos “naturais” que seguem os desejos da alma e os cristãos mais maduros que seguem os desejos do espírito? Será que isso não sugere que alma e espírito são elementos distintos da nossa natureza?
Em I Coríntios 14.14 quando Paulo diz: “Se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera”; não sugere ele que a mente faz algo diferente do espírito, e não sustentaria isso o argumento tricotomista de que a mente e o pensamento devem ser atribuídos à alma não ao espírito?
Segundo os tricotomista, o homem tem uma percepção espiritual, uma consciência espiritual da presença de Deus que os afeta de um modo que, o homem sebe a diferença do pensamento comum e também das emoções. Perguntam eles: “Se eu não tenho um espírito distinto dos meus pensamentos e das minhas emoções, então o que exatamente é isso que sinto ser diferente dos meus pensamentos e das minhas emoções, algo que só posso descrever como adoração a Deus em espírito e, como percepção da sua presença no meu espírito? Porventura não há algo em mim maior do que meramente meu intelecto, minhas emoções e minha vontade, e não deve isso se chamar espírito?”.
Alguns tricotomistas argumentam que homem e animais têm alma, mas sustentam que é a presença do espírito que nos faz diferentes dos animais. E que quando nos tornamos cristãos, nosso espírito recebe vida “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça” (Rm 8.10).
CONCLUSÃO
Apesar de o homem ser um ser espiritual com corpo e alam, devemos vê-lo em sua unidade, como uma pessoa total. E não como consistindo de partes separadas e, algumas vezes, de partes distintas, descaracterizando a totalidade. O homem deve ser visto como uma unidade.
Um ser completo, racional, que tem sentimentos, capaz de amar, odiar, chorar, que faz suas escolhas. Ele é a perfeição de Deus, que assim o fez. Cada órgão com uma função, e quando qualquer um desses apresenta um problema, compromete o corpo todo.
Apesar de controvérsias a formação do homem também é completa. Ele possui um corpo, uma alma e um espírito. Cada um com seu papel a desempenhar. O corpo a parte exterior, facilmente percebível abrigando outras duas partes que não são vistas, mas sabemos que existem. A alma que é a nossa consciência, que nos dá as nossas emoções que provem dos nossos sentidos, nossas emoções, nossas paixões e, o espírito parte da personalidade humana é ele quem nos coloca em comunhão com Deus, através dele é que podemos adorar a Deus.
O homem relaciona-se com o ambiente: através de sua alma relaciona com os outros, e o seu espírito com Deus.
A palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice” e temnein, “cortar”. Mas não necessariamente cortar o homem, separá-lo, mas sim distinguir a sua natureza material da imaterial. É por isso que a tricotomia é a teoria melhor aceita.
Quando Deus criou o homem (Gn 1.26), soprou em suas narinas o sopro divino, e tornou-se o espírito do homem. este em contato com a parte material – o corpo – ouve uma reação, e por meio desta reação foi criada a alma humana.
Assim como o corpo manifesta a vida do espírito e da alma, quando Deus criou o homem, Ele criou o corpo e soprou o espírito, e este ao entra no homem tornando-o espiritual, reagiu à parte material – a alma – tornando-se alma vivente. Esta faz ponte de ligação entre a parte que liga o material com o espiritual.
Portanto a alma pode vir a controlar tanto o espírito do homem como o corpo. Porque nela está a vontade, ou seja, livre-arbítrio, as emoções e o intelecto, por isso a alma após a queda tornou-se mais importante, pois ela faz constantemente o homem pecar por estar relacionado com o intelecto, a vontade e as emoções. Mas antes da queda quando o homem não havia pecado, o espírito era quem comandava o ser humano na sua totalidade.
Agora o inverso é verdadeiro, pois, com a queda a alma passou a comandar; ora se inclina para o lado do espírito para fazer a vontade do espírito, ora se inclina para o lado do corpo, para fazer a vontade do corpo.
A alma é predisposta para a inclinação, e há uma constante luta entre o espírito com o corpo e a alma. O espírito luta contra a carne para não ceder-lhe a vontade.
Segundo o gráfico (ver anexo) da tríplice composição do homem (corpo, alma e espírito), vemos que depois da queda do ser humano, a alma é quem passou a governar o homem. É na alma que está a vontade o livre-arbítrio a livre escolha. Entretanto depois da ressurreição quem passou a governar é o espírito. Aqueles que já nasceram de novo (do espírito), este passa a ter o governo de todo o corpo.
Quando o homem está em Cristo (nascido do espírito), sua alma passa a submeter-se à vontade de Deus que está no espírito. “Bendize, ó minha alma, ao Senhor” (Sl 103.1).
Um ser completo, racional, que tem sentimentos, capaz de amar, odiar, chorar, que faz suas escolhas. Ele é a perfeição de Deus, que assim o fez. Cada órgão com uma função, e quando qualquer um desses apresenta um problema, compromete o corpo todo.
Apesar de controvérsias a formação do homem também é completa. Ele possui um corpo, uma alma e um espírito. Cada um com seu papel a desempenhar. O corpo a parte exterior, facilmente percebível abrigando outras duas partes que não são vistas, mas sabemos que existem. A alma que é a nossa consciência, que nos dá as nossas emoções que provem dos nossos sentidos, nossas emoções, nossas paixões e, o espírito parte da personalidade humana é ele quem nos coloca em comunhão com Deus, através dele é que podemos adorar a Deus.
O homem relaciona-se com o ambiente: através de sua alma relaciona com os outros, e o seu espírito com Deus.
A palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice” e temnein, “cortar”. Mas não necessariamente cortar o homem, separá-lo, mas sim distinguir a sua natureza material da imaterial. É por isso que a tricotomia é a teoria melhor aceita.
Quando Deus criou o homem (Gn 1.26), soprou em suas narinas o sopro divino, e tornou-se o espírito do homem. este em contato com a parte material – o corpo – ouve uma reação, e por meio desta reação foi criada a alma humana.
Assim como o corpo manifesta a vida do espírito e da alma, quando Deus criou o homem, Ele criou o corpo e soprou o espírito, e este ao entra no homem tornando-o espiritual, reagiu à parte material – a alma – tornando-se alma vivente. Esta faz ponte de ligação entre a parte que liga o material com o espiritual.
Portanto a alma pode vir a controlar tanto o espírito do homem como o corpo. Porque nela está a vontade, ou seja, livre-arbítrio, as emoções e o intelecto, por isso a alma após a queda tornou-se mais importante, pois ela faz constantemente o homem pecar por estar relacionado com o intelecto, a vontade e as emoções. Mas antes da queda quando o homem não havia pecado, o espírito era quem comandava o ser humano na sua totalidade.
Agora o inverso é verdadeiro, pois, com a queda a alma passou a comandar; ora se inclina para o lado do espírito para fazer a vontade do espírito, ora se inclina para o lado do corpo, para fazer a vontade do corpo.
A alma é predisposta para a inclinação, e há uma constante luta entre o espírito com o corpo e a alma. O espírito luta contra a carne para não ceder-lhe a vontade.
Segundo o gráfico (ver anexo) da tríplice composição do homem (corpo, alma e espírito), vemos que depois da queda do ser humano, a alma é quem passou a governar o homem. É na alma que está a vontade o livre-arbítrio a livre escolha. Entretanto depois da ressurreição quem passou a governar é o espírito. Aqueles que já nasceram de novo (do espírito), este passa a ter o governo de todo o corpo.
Quando o homem está em Cristo (nascido do espírito), sua alma passa a submeter-se à vontade de Deus que está no espírito. “Bendize, ó minha alma, ao Senhor” (Sl 103.1).
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