quinta-feira, 9 de abril de 2020

A SANTA CEIA

                                                        A SANTA CEIA

Amanhã é uma data muito importante para o cristianismo,porém além de ser uma data que está sendo esquecida pela igreja,é um dogma completamente desconhecido da mesma,pois o conhecimento que tem é bem superfical.

O assunto é longo,então tentei sintetizar para que tenhamos uma idéia do porque desta data ser tão importante no calendário cristão

A palavra “sacramento” não se encontra na Escritura. É derivada do termo latino "sacramentum",que originariamente denotava uma soma de dinheiro depositada por duas partes em litígio. Após a decisão da corte, o dinheiro da parte vencedora era devolvido, enquanto que a da perdedora era confiscada.

Ao que parece, isto era chamado "sacramentum" porque objetivava ser uma espécie de oferenda propiciatória aos deuses. A transição para o uso cristão do termo deve ser procurada:

(a) no uso militar do termo, em que denotava o juramento pelo qual um soldado prometia solenemente obediência ao seu comandante, visto que no batismo o cristão promete obediência ao seu Senhor

(b) no sentido especificamente religioso que o termo adquiriu quando a Vulgata o empregou para traduzir o grego "mysterion". É possível que este vocábulo grego fosse aplicado aos sacramentos por terem eles uma tênue semelhança com alguns dos mistérios das religiões gregas.

Na Igreja Primitiva a palavra “sacramento” era empregada primeiramente para denotar todas as espécies de doutrinas e ordenanças. Por esta mesma razão, alguns se opuseram ao nome e preferiam falar em “sinais” ou “mistérios”. 

Mesmo durante e imediatamente após a Reforma, muitos não gostavam do nome “sacramento”. 
Melanchton empregava “signi”, 

E tanto Lutero como Calvino achavam necessário chamar a atenção para o fato de que a palavra “sacramento” não é empregada em seu sentido original na teologia. Mas o fato de que a palavra não se encontra na Escritura e de que não é utilizada em seu sentido original quando aplicada às ordenanças instituídas por Jesus, não tem por que dissuadir-nos, pois muitas vezes o uso determina o sentido de uma palavra. 

Pode-se dar a seguinte definição de sacramento: 

Sacramento é uma santa ordenança instituída por Cristo, na qual, mediante sinais perceptíveis, a graça de Deus em Cristo e os benefícios da aliança da graça são representados, selados e aplicados aos crentes, e estes, por sua vez, expressam sua fé e sua fidelidade a Deus.

                                        Partes Componentes do Sacramento


Devemos distinguir três partes nos sacramentos:

1. O SINAL EXTERNO OU VISÍVEL.
2. A GRAÇA ESPIRITUAL INTERNA, SIGNIFICADA E SELADA.
3. UNIÃO SACRAMENTAL ENTRE O SINAL E QUILO QUE É SIGNIFICADO

Porque é exatamente a relação entre o sinal e a coisa significada que constitui a essência do sacramento.

Segundo o conceito reformado (calvinista):

(a) não é física, como pretendem os católicos romanos, como se a coisa significada fosse inerente ao sinal e o recebimento da matéria externa incluísse necessariamente a participação na matéria interna

(b) nem local, como a descrevem os luteranos, como se o sinal e a coisa significada estivessem presentes no mesmo espaço, de sorte que tanto os crentes como os incrédulos recebessem o sacramento completo ao receberem o sinal

(c) mas espiritual, ou como o expressa Turretino, moral e relativa, de modo que, quando o sacramento é recebido com fé, a graça de Deus o acompanha. Conforme este conceito, o sinal externo torna-se um meio empregado pelo Espírito Santo na comunicação da graça divina. A estreita relação existente entre o sinal e a coisa significada explica o emprego daquilo que geralmente se chama “linguagem sacramental”, na qual o sinal é mencionado em lugar da coisa significada, ou vice-versa, (Gn 17.10; At 22.16; 1 Co 5.7.)

 Número dos Sacramentos


1. NO VELHO TESTAMENTO. 

Durante a antiga dispensação havia dois sacramentos, quais sejam, a circuncisão e a páscoa.

2. NO NOVO TESTAMENTO. 

A igreja do Novo Testamento também tem dois sacramentos a saber, o batismo e a Ceia do Senhor.
  
                                      A CEIA DO SENHOR

Justamente como havia analogias do batismo cristão em Israel, havia também analogias da Ceia do Senhor. Não somente entre os gentios, mas também entre os israelitas, os sacrifícios muitas vezes eram acompanhados de refeições sacrificiais. Isto era um traço particularmente característico das ofertas pacíficas.

De maneira simbólica, estas refeições ensinavam que, “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Expressavam o fato de que, com base no sacrifício oferecido e aceito, Deus recebia Seu povo como hóspedes em Sua casa e se unia a eles em jubilosa comunhão, a vida comunitária da aliança.

As refeições sacrificiais, que atestavam a união de Jeová com seu povo, eram ocasiões de júbilo e alegria, e, nesta qualidade, às vezes sofriam abusos e davam lugar a orgia e bebedeira, 1 Sm 1.13; Pv 7.14; Is 28.8.

O sacrifício da Páscoa também se fazia acompanhar de semelhante refeição sacrificial.

A Páscoa era, antes de tudo, um sacrifício de expiação, Ex 12.27; 34.25. Não somente se lhe chamava sacrifício, mas também, no período mosaico, estava relacionada com o santuário, Dt 16.2.

O cordeiro era imolado pelos levitas, e o sangue era manipulado pelos sacerdotes, 1 Cr 30.16; 36.11; Ed 6.19.

Mas, embora fosse antes de tudo um sacrifício, não era somente isso; era também uma refeição, na qual o cordeiro assado era comido com pães asmos, isto é, não levedados, e com ervas amargas, Ex 12.8-10. Do sacrifício se passava diretamente a uma refeição, que mais tarde veio a desenvolver-se de forma muito mais elaborada que em sua origem.

O Novo Testamento atribui à Páscoa uma significação típica., 1 Co 5.7, e, assim, vê nela não somente uma rememoração da libertação do Egito, mas também um sinal e selo da libertação da escravidão do pecado, bem como da comunhão com Deus no Messias prometido. Foi em conexão com a refeição pascal que Jesus instituiu a Santa Ceia. Utilizando elementos presentes naquela, Ele efetuou uma transição muito natural para esta. 

DURANTE E APÓS A REFORMA


Os Reformadores, todos eles, rejeitaram a teoria sacrificial da Ceia do Senhor e a doutrina medieval da transubstanciação. Diferiam, porém, em sua positiva elaboração da doutrina escriturística da ceia do Senhor. 

Lutero insistia na interpretação literal das palavras da instituição e na presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor. Contudo, substituiu a doutrina da transubstanciação pela da consubstanciação, defendida exaustivamente por Occam em sua obra sobre o Sacramento do Altar (De Sacramento Altaris), e segundo a qual Cristo está “em, com e sob” os elementos.

Zwínglio negava absolutamente a presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor e dava interpretação figurada das palavras da instituição. Ele via primariamente no sacramento um ato de comemoração, embora não negasse que nele Cristo está espiritualmente presente à fé dos crentes.

Calvino defendia uma posição intermediária. 
. Como Zwínglio, ele negava a presença corporal do Senhor no sacramento
. Em distinção de Zwínglio, insistia na presença real, ainda que espiritual, do Senhor na Ceia, na presença dele como uma fonte de virtude ou poder e eficácia. 
. Além disso, em vez de acentuar a Ceia do Senhor como ato do homem (quer de comemoração quer de profissão), ele salientava o fato de que ela é, acima de tudo, a expressão de uma dádiva da graça de Deus ao homem, e só secundariamente uma refeição comemorativa e um ato de profissão. 
. Era primordialmente um meio divinamente designado para o fortalecimento da fé. 

Os socinianos, os arminianos e os menonitas viam na Ceia do Senhor apenas um memorial, um ato de profissão e um meio para melhoramento moral. 

Sob a influência do racionalismo, este se tornou o conceito popular. Scheleiermacher acentuava o fato de que a Ceia do Senhor é o meio pelo qual a comunhão de vida com Cristo é preservada de maneira particularmente dinâmica no seio da igreja. Muitos dos teólogos “da Mediação”, embora pertencentes à igreja luterana, rejeitavam a doutrina da consubstanciação e aprovavam o conceito calvinista da presença espiritual de Cristo na Ceia do Senhor.

Enquanto há apenas um único nome para o sacramento iniciatório no Novo Testamento, há vários para o sacramento ora sob consideração, todos os quais são derivados da Escritura. São os seguintes: 

(1) Deipnon kyriakon, a Ceia do Senhor, nome derivado de 1 Co 11.20. Nos círculos protestantes, este é o nome mais comum. Subentende-se que na passagem indicada o apostolo quer fazer aguda distinção entre o sacramento e as agapae,que os coríntios relacionavam com ele e nas quais cometiam abusos, deste modo tornando ambos incompatíveis. A ênfase especial recai no fato de que a Ceia é do Senhor. Não é uma ceia para a qual os ricos convidam os pobres e depois os tratam mesquinhamente, mas uma festa na qual o Senhor oferece provisão a todos com abundância. 

(2) Trapeza kyriou, a mesa do Senhor, nome que se acha em 1 Co 10.21. Os gentios coríntios faziam suas ofertas aos ídolos e, depois dos seus sacrifícios, assentavam-se para as refeições sacrificiais; e o que se infere é que alguns da igreja de Corinto achavam que lhes era permissível juntar-se a eles, entendendo que toda carne é igual. Mas Paulo assinala que sacrificar aos ídolos é sacrificar aos demônios, e que associar-se a essas refeições sacrificiais é equivalente a exercer comunhão com os demônios. Isso estava em absoluto conflito com o sentar-se à mesa do Senhor, confessar lealdade a Ele e exercer comunhão com Ele. 

(3) Klasis tou artou, o partir do pão, expressão utilizada em At 2.42; cf. também At 20.7. Embora seja uma expressão que, com toda a probabilidade, não se refere exclusivamente à Ceia do Senhor, mas também às festas do amor, certamente inclui também a Ceia do Senhor. O nome pode igualmente achar sua explicação no partir do pão ordenado por Jesus. (4) Eucharistia, ação de graças, e eulogia, bênção, termos derivados de 1 Co 10.16; 11.24. Em Mt 26.26, 27 lemos que o Senhor tomou um pão e abençoou, e tomou um cálice e deu graças. Com toda a probabilidade, as duas palavras foram usadas uma pela outra e se referiam a uma bênção e a uma ação de graças combinadas. O cálice da ação de graças e da bênção é o cálice sagrado

A INSTITUIÇÃO DA CEIA DO SENHOR

Há quatro diferentes narrativas da instituição da Ceia do Senhor, uma em cada um dos sinóticos, e uma em 1 Co 11. 

João fala do comer a páscoa, mas não menciona a instituição de um novo sacramento. 

As referidas narrativas são independentes umas das outras e se complementam. Evidentemente, o Senhor não terminou a refeição pascal antes de instituir a Ceia do Senhor. 

O novo sacramento estava ligado ao elemento central da refeição pascal. 
.O pão, que era comido com o cordeiro, foi consagrado para um novo uso. 
.Isso é evidenciado pelo fato de que o terceiro cálice, geralmente chamado “cálice da bênção”, foi usado como segundo elemento no novo sacramento. 
.Assim, o sacramento do Velho Testamento foi transferido para o Novo da maneira mais natural.

SUBSTITUIÇÃO DO CORDEIRO PELO PÃO. 

O cordeiro pascal tinha significação simbólica. 

Como todos os sacrifícios cruentos do Velho Testamento, ele ensinava ao povo que o derramamento de sangue era necessário para a remissão dos pecados. 

Em acréscimo a isto, ele tinha uma significação típica, apontando para o grande sacrifício futuro que seria apresentado na plenitude do tempo para tirar o pecado do mundo. 

E, finalmente, também tinha significação nacional como um memorial da liberdade de Israel.

Era simplesmente natural que, quando o real Cordeiro de Deus fez Seu aparecimento e estava a ponto de ser morto, o símbolo e o tipo deviam desaparecer. O todo-suficiente sacrifício de Jesus Cristo tornou todo e qualquer outro derramamento de sangue desnecessário; e, portanto, era inteiramente próprio que o elemento cruento desse caminho a um elemento incruento que, como aquele, tivesse propriedades nutricionais. 

Além disso, pela morte de Cristo, a parede intermediária de divisão foi derrubada e as bênçãos da salvação foram estendidas ao mundo todo. 

E em vista disto, era muito natural que a páscoa, símbolo com sabor nacional, fosse substituído por outro, que não levasse consigo nenhuma implicação de nacionalismo.

Gestos simbólicos. 

Todas as narrativas da Ceia do Senhor fazem menção do partir o pão, e Jesus indica claramente que isto se destinava a simbolizar o partir do Seu corpo para a redenção dos pecadores. Porque Jesus partiu o pão na presença dos Seus discípulos, a teologia protestante geralmente insiste em que esse ato sempre deve ter lugar à vista do povo. Essa importante transação destinava-se a ser um sinal, e um sinal deve ser visível. Depois de repartir o pão, Jesus tomou o cálice, abençoou-o e o deu aos Seus discípulos. Não se vê que Ele tenha despejado o vinho na presença deles, e, portanto, isto não é considerado essencial para a celebração da Ceia do Senhor. Contudo, o doutor Wielinga infere do fato de que o pão deve ser partido, que o vinho também deve ser despejado à vista dos comungantes. 1 Naturalmente, Jesus usou pão não levedado, visto ser o único tipo à mão, e o vinho comum, amplamente usado como bebida na Palestina. Mas, nem uma coisa nem outra é salientada, e, portanto, não se segue que não seria permitido usar pão levedado e algum outro tipo de vinho. É fora de dúvida que os discípulos receberam os elementos numa posição reclinada, mas isto não significa que os crentes não possam participar deles sentados, de joelhos ou de pé.

As Realidades Significadas e Seladas na Ceia do Senhor.

Uma das características do sacramento é que ele representa uma ou mais verdades espirituais mediante sinais perceptíveis e externos. No caso da Ceia do Senhor, o sinal externo inclui não somente os elementos visíveis empregados, mas também o partir do pão e o derramamento do vinho, a apropriação do pão e do vinho pelo comer e beber, e a participação deles em comum com outras pessoas. Os seguintes pontos devem ser mencionados aqui:

a.) É uma representação simbólica da morte do Senhor, 1 Co 11.26. O fato central da redenção, prefigurado nos sacrifícios do Velho Testamento, é exposto claramente por meio dos significativos símbolos do sacramento do Novo Testamento. As palavras da instituição, “dado por vós” e “derramado em favor de muitos”, indicam o fato de que a morte de Cristo é sacrificial, em benefício do Seu povo, e mesmo em lugar deste.

b.) Simboliza também a participação do crente no Cristo crucificado. Na celebração da Ceia do Senhor, os participantes não ficam apenas a olhar para os símbolos, mas os recebem e se alimentam deles. Falando figuradamente, eles comem a carne do Filho do homem e bebem o Seu  sangue, Jo 6.53, isto é, assimilam simbolicamente os benefícios assegurados pela morte sacrificial de Cristo.

c. Representa, não somente a morte de Cristo como objeto de fé, e o ato de fé que une o crente a Cristo, mas também o efeito desse ato, dando vida, força e alegria à alma. Isso está implícito nos emblemas utilizados. Precisamente como o pão e o vinho nutrem e fortalecem a vida corporal do homem, assim Cristo sustenta e revigora a vida da alma. Segundo as descrições normais da Escritura, os crentes têm sua vida, e força, e felicidade, em Cristo.

d.) Finalmente, o sacramento simboliza também a união dos crentes uns com os outros. Como membros do corpo místico de Jesus Cristo, constituindo uma unidade espiritual, eles comem do mesmo pão e bebem do mesmo vinho, 1 Co 10.17; 12.23. Recebendo os elementos uns dos outros, eles exercem íntima comunhão uns com os outros.

AS COISAS SELADAS NA CEIA DO SENHOR.

A Ceia do Senhor não é somente um sinal, mas é também um selo. Em nossos dias esta visão foi perdida por muitos que têm um conceito deveras superficial do sacramento, e o consideram apenas como um memorial de Cristo e como um distintivo da profissão cristã. Estes dois aspectos do sacramento, quais sejam, sinal e selo, não são independentes um do outro. O sacramento como sinal – ou, numa colocação diferente – o sacramento com tudo o que ele significa ou simboliza, constitui um selo. O selo está vinculado às coisas significadas, e é um penhor da graça pactual de Deus revelada no sacramento. O Catecismo de Heidelberg afirma que Cristo visa, “com estes sinais e penhores visíveis, garantirmos que realmente somos participantes do Seu verdadeiro corpo e sangue, pela operação do Espírito Santo, quando recebemos pela boca do corpo estas santas insígnias em rememoração dele; e que todos os Seus sofrimentos e obediência são tão certamente nossos como se nós mesmos, em nossas pessoas, tivéssemos sofrido e prestado satisfação a Deus pelos nossos pecados”. 1 Os seguintes pontos entram em consideração aqui :

a.) Ele sela, para o participante, o grande amor de Cristo, revelado no fato de que Ele se rendeu a uma vergonhosa e amarga morte por eles. Isto não significa meramente que o sacramento atesta a realidade dessa auto-rendição sacrificial, mas, sim, que assegura ao crente participante da Santa Ceia que ele foi, pessoalmente, objeto desse amor incomparável.

b.) Além disso, ele afiança ao crente que participa do sacramento, não somente o amor e a graça de Cristo em oferecer-se agora a eles como Seu Redentor e em toda a plenitude da Sua obra redentora; mas lhe dá a certeza pessoal de que todas as promessas da aliança e todas as riquezas do oferecimento do Evangelho são suas, graças a uma doação divina, de maneira que ele tem direito pessoal a elas.

c. )Ainda, o sacramento não somente ratifica ao crente participante as ricas promessas do Evangelho, mas lhe garante que as bênçãos da salvação são suas, como possessão real. Tão seguramente como o corpo é alimentado e renovado pelo pão e pelo vinho, assim a alma que recebe o corpo e o sangue de Cristo pela fé, está agora de posse da vida eterna, e com a mesma segurança a receberá mais abundantemente ainda. d. Finalmente, a Ceia do Senhor é um selo recíproco. É uma insígnia de profissão da parte dos que participam do sacramento. Sempre que eles comem o pão e bebem o vinho, professam sua fé em Cristo como o seu Salvador, e sua fidelidade a Ele como o seu Rei, e solenemente se comprometem a uma vida de obediência aos Seus divinos mandamentos.

Comentário de Isaías 21

                                                         ISAÍAS 21


Isaías é um profeta que fala sobre o julgamento das nações.

. Nos capítulos 1-5, Isaías apresentou uma série de sermões denunciando o pecado do povo de Deus.  

. No capítulo 6, encontramos o chamado do profeta Isaías.

. Nos capítulos 7-12, a grande trilogia de profecias messiânicas. Isaías proclamou as mensagens de Deus durante o reinado de Acaz.

Agora, nos capítulos 13-23, Isaías reitera alguns dos mesmos temas que havia manifestado:

Deus usa vários meios para punir o pecado, e julgará as nações que são arrogantes contra o povo da aliança. São mensagens contra nove nações dos gentios pecadores ou cidades ao redor de Judá.41 Nesses capítulos, o profeta revela o plano de Deus não apenas para Judá, mas também para as nações dos gentios

Podemos dividir Isaías 13 a 23 em 6 grupos de capítulos: 

• Capítulos 13 e 14 profecias contra a Babilônia, Assíria e os Filisteus 
• Capítulos 15 e 16 profecias contra Moabe 
• Capítulos 17-18 profecias contra a Síria, Israel, Judá e Damasco 
• Capítulos 19-20 profecias contra o Egito e Etiópia 
• Capítulos 21 e 22 profecias contra a Babilônia, Edom, Arábia e Jerusalém 
• Capítulo 23 profecia contra a cidade de Tiro.

Cada uma das seções começa com a expressão: “Sentença contra...”. 
A palavra traduzida como “sentença” (massa’) vem de uma raiz hebraica que significa “suportar um fardo”. Significa algo pesado, algo difícil de realizar ou algo difícil (pesado) de dizer. 
O Profeta estava carregando um fardo muito pesado por causa da natureza solene de sua mensagem (Jr 23.33). Ele estava anunciando julgamentos que envolviam a destruição de cidades e do abate de milhares de pessoas. Não admira que ele se sentisse sobrecarregado!

Mas Isaías obedeceu a Deus e proclamou tudo!  

Vamos ver aqui,apenas a que nos interessa que é a profecia contra a Babilônia,já que muitas interpretações foram publicadas,citando Isaías 21,quando na verdade,essa profecia começa bem antes ou seja no capítulo 13.


I. Profecia contra a Babilônia (Is 13.1-14.23; 21.1–10) 

“Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz, contra a Babilônia” (Is 13.1) – A palavra Babilônia (Babel, em hebraico) significa “confusão” (Gn 10.8-10; 11.1- 9). Nas Escrituras, a Babilônia simboliza o sistema mundial humano em rebelião contra Deus. Jerusalém e Babilônia são cidades contrastantes: uma é a cidade escolhida de Deus, outra, a cidade perversa do homem.Contudo, a cidade de Deus permanecerá para sempre, mas a cidade rebelde do homem será destruída (Ap 14.8; 16.19; 17-18).  

A. O Dia do Senhor (Is 13.1-16)

“Alçai um estandarte sobre o monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos tiranos” (v. 2) – Como em 5.26, o Senhor convocou exércitos estrangeiros para conquistar a Babilônia em toda a sua grandeza. “Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso como assolação” (v. 6) – A destruição da Babilônia será “o Dia do Senhor”, ou seja, o dia da vingança do Senhor. Será um dia de medo e fuga. Durante o julgamento de Deus, não haverá escapatória (v. 6-16).


B. A destruição da Babilônia (Is 13.17-22) 

“Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso de prata, nem tampouco desejarão ouro” (v. 17) – 
A cidade da Babilônia foi completamente destruída em 689 a.C. por Senaqueribe e reconstruída pelo filho de Senaqueribe. Mas em 539 a.C., Dario, o Medo, capturou a cidade (Dn 5.31), mas não a destruiu. Essa foi a primeira de muitas conquistas sobre a Babilônia ao longo dos séculos. Após a morte do seu último grande conquistador, Alexandre, o Grande, a cidade diminuiu e logo já não existia. Eventualmente, o local ficou deserto. Tornou-se refúgio das criaturas do deserto, assim como Isaías havia proclamado (v. 20-22).

C. O futuro de Israel (Is 14.1-4) 

 “Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua própria terra; e unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se achegarão à casa de Jacó” (Is 14.1) – 

A queda da Babilônia foi parte do plano de Deus para o Seu povo. Ajudado por nações gentílicas, o povo de Deus mais uma vez se estabelecerá na terra de Canaã e os gentios serão servos do Senhor. Uma referência à igreja de Cristo conquistando as nações através do poder do Evangelho. 

 (O filho e sucessor de Senaqueribe foi Assaradão (681 - 669 a.C.), que expandiu seus domínios ao Nilo, estabelecendo sobre o Egito uma dominação inicialmente precária, tendo também reconstruído a Babilônia que fora destruída por seu pai, a qual pode ter se tornado a nova capital do Império Assírio durante algum período.)

D. A queda do rei tirano (Is 14.4b-21)


 “Povo de Israel, chegará o dia em que o SENHOR Deus vai livrá-los da escravidão, e assim vocês ficarão livres dos sofrimentos e dos trabalhos pesados que são forçados a fazer. Quando esse dia chegar, zombem do rei da Babilônia, recitando esta poesia: Vejam como desapareceu o rei cruel! Vejam como acabou a sua violência!” (Is 14.3-4, NTLH) – A canção de provocação sobre o rei da Babilônia é um dos poemas mais marcantes do Antigo Testamento. Ela contém quatro estrofes cada uma descrevendo uma cena diferente. 

Na primeira, Isaías descreve a terra com a notícia da queda da Babilônia. Agora que o tirano estava morto, a terra estava novamente tranquila (14.4b-8). No entanto, no Sheol, não era o caso, tudo estava agitado. 

Na segunda estrofe Isaías proclama como os espíritos dos mortos tiranos cumprimentavam o agora morto, rei de Babilônia, com lembretes de que o seu orgulho o havia humilhado. Ele foi enterrado com pompa apenas para ter o seu cadáver real devorado por vermes (14.9-11). 

Na terceira estrofe Isaías descreve a queda meteórica do tirano. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!” (Is 14.12) – A cena muda abruptamente do mundo para o céu, com o intuito de enfatizar o orgulho do rei da Babilônia e de Satanás que lhe de dá poder. O brilho de uma estrela na madrugada de repente desaparece quando o sol nasce. 

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!” (Is 14.12) – A Vulgata Latina (uma versão para o latim da Bíblia Sagrada) traduziu “estrela da manhã” por “Lúcifer”, que veio a se tornar nome próprio e, depois, foi aplicado a Satanás. O rei da Babilônia caiu como uma estrela do céu, ou seja, de grande altura política. Ele aspirava à assembleia dos deuses nas alturas do norte. No entanto, ele foi abandonado nas profundezas do abismo do inferno (14.12-15). Isaías viu neste evento algo muito mais profundo do que a derrota de um império. Na queda do rei da Babilônia, ele viu a derrota de Satanás, o “príncipe deste mundo”, (Jo 12.31; Ef 2.1-3).50 Nada poderia salválo da morte e da decadência no túmulo. 

Na quarta estrofe Isaías proclama o espanto na terra sobre essa tragédia final. Os espectadores não conseguiam acreditar no terrível destino do rei da Babilônia. Os habitantes da Terra expressam a esperança de que o nome do tirano seja esquecido e seus herdeiros destruídos (14.16-21). 

Todos os reis não importam quão invencíveis possam parecer, sairão de cena. Em sua morte, por exemplo, Senaqueribe não recebeu um enterro decente como a maioria dos reis (v. 18). Ele foi assassinado por seus filhos Adrameleque e Sarezer, que foram incapazes de governar em seu lugar (v. 21), porque tiveram que fugir para salvar suas vidas (2Rs 19.37).

Após várias profecias contra algumas nações ( Assíria,Filisteus,Moabe,Damasco e Efraim,Etiópia, Egito (mostrando especificamente como acontecerá a esta nação,narra a conversão dessa nação,citando 5 cidades que se converterão,porém,alguns, no entanto, permanecerão endurecidos no pecado (“cidade da destruição”). Egípcios convertidos falarão “a língua de Canaã”, ou seja, a língua em que o verdadeiro Deus é adorado. Além disso, eles jurarão obedecer ao Senhor (19.18). “... Uma delas se chamará Cidade do Sol” (v. 18) – Heliópolis, uma das principais cidades do extremo sul do Delta do Egito, adorava ao deus sol. Tal mudança é significativa (deixaram de adorar o deus sol para adorar o Deus verdadeiro) a fim de provar para o mundo e para Israel de que muitos egípicios haviam se arrependido),Dumá (Edom),Arábia e à própria Jerusalém,Tiro,Isaías conclui esse tema

Conclusão

Nossa jornada através desses onze capítulos nos ensinou que Deus está no trono do universo. Nada escapa ao Seu controle. Ele governa e reina em majestade e glória. 

Ele conhece todos os detalhes de nossa vida. Ao longo da história muitos tentaram conquistar e dominar o mundo. 

O primeiro e mais poderoso usurpador foi Satanás. Depois de sua rebelião contra Deus ele foi esmagado e seus seguidores foram expulsos do céu (Lc 10.18; Ap 12.3-4), e se tornou o “deus deste mundo” (2Co 4.4). 

Ele inspirou vários seres humanos, homens como Nabucodonosor, Dario, Alexandre, o Grande, os imperadores de Roma, Átila o huno, Gengis Khan, Napoleão, Lenin, Stalin e Hitler.

Entretanto, todos eles têm algo em comum: eles falharam! Apenas um tem o direito, o poder e a autoridade para governar a terra: O Senhor Jesus Cristo. 

Ele um dia vai tomar de volta o que é Seu por direito. 


sexta-feira, 3 de abril de 2020

Cordeiros e Cordeirinhos

crentes, a linhagem santa seria propagada e as nossas igrejas cresceriam e tor-nar-se-iam mais robustas,
porque, quando há fidelidade no cultivo da semente santa, as novaÇ gerações de crentes se tornam .cada vez
mais espirituais. Os melhores crentes são aqueles que foram educados em lares crentes; são eles a linhagem
santa de que nos fala a Bíblia. Trabalhemos para multiplicar os verdadeiros descendentes espirituais do
nosso pai Abraão, de acordo com o que nos diz a Palavra de Deus: "Vós sois os filhos dos profetas e da
aliança que Deus estabeleceu com vossos país, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas
todas as famílias da terra" (Atós 3:25).
Mesmo quando muitos crentes se desviem dos retos caminhos do Senhor, casando-se com incrédulos, Deus
guardará para si remanescente santo. É o que afirma o profeta Isaías: "Se ainda ficar nela a décima parte, essa
tornará a ser exterminada. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derrubados, ainda fica o
tronco; assim a santa semente é o seu tronco. (Isaías 6:13).

Batismo Infantil

COMPREENDENDO O SIGNIFICADO DO BATISMO
Por causa do amor fraternal típico dos reformados históricos,abstemo-nos de controvérsias sobre esse assunto,porém o amor às almas fala mais forte e nos leva a falar de forma segura e útil sobre o assunto
Por determinação do próprio Deus,nossos filhos devem ocupar uma posição destacada no Reino de Deus e na sua Igreja no mundo.

Pelo lado positivo, a doutrina dos meninos como membros da Igreja foi para nós um conforto e estímulo,com referência aos nossos próprios filhos, que foram contemplados por Deus nas suas promessas, e ficamos convencido de que, se os ensinos bíblicos sobre o assunto fossem bem compreendidos e postos em prática, os filhos da Igreja conservar-se-iam dentro dela e constituiriam os seus mais valiosos elementos na promoção dos interesses do reino de Deus sobre a terra.

O nosso desejo ê compartilhar com os nossos irmãos na fé evangélica é despertar um maior interesse pela educação cristã dos filhos da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

UMA CRIANÇA NASCE

Quando nasce uma criança, em lar cristão, os pais começam logo a sonhar romanticamente com o futuro do filhinho querido, como, há séculos, sonharam Sara e Abraão, Ana e Elcana, Isabel e Zacarias, e tantos outros pais crentes. Não podem deixar de cismar, como Maria que, ao ouvir as palavras de adoração dirigidas pelos pastores de Belém ao seu Filho Maravilhoso, "guardava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" (Lucas 2:19).

O nascimento de uma criança é um acontecimento notável, capaz de despertar não somente as
mais lindas esperanças, como também as mais sombrias apreensões. Surgirão, espontaneamente, nos corações bem formados, perguntas como estas: 

"Qual será a missão que desempenhará esta criança no seio da sociedade?" 
"Será ela uma bênção para as gerações futuras, como o foi o filho de Abraão? "
"Qual será o seu destino e, se vier a morrer, ainda pequenina, que sorte ou estado lhe reserva a vida além?" 
"Terá a criança, ao nascer, quaisquer direitos adquiridos por herança, em virtude da fé alimentada pelos pais? "
"Além da herança física, terá ela qualquer herança espiritual?" 
"E deveremos considerá-la como parte integrante do povo de Deus ou classificá-la como alienada da comunhão dos santos, como entendem alguns, até que possa exercer fé
pessoal no Salvador?"

Perguntas como estas que acabamos de fazer colocam-nos perante solene alternativa:  1.Consideramos a criança nascida em lar cristão como um dos remidos do Senhor
2. Consideramos a criança como uma criatura ainda não atingida pela graça divina e, pois, excluída do reino de Deus. 
"Como devem os pais crentes encarar os filhos?" 
"E, o que importa ainda mais, como os encara o próprio Deus, o nosso Pai do Céu?"

Das respostas que pais crentes derem a essas perguntas, à luz do ensino da Bíblia, dependerá o tratamento que hão de dispensar aos filhos:

1. Se os considerarem como alheios à graça de Deus, deverão trabalhar ansiosamente pela sua regeneração; se,
2. Se concluírem que já estão contados como parte dos remidos do Senhor, a sua tarefa será outra, a saber, nutri-los espiritualmente e educá-los no conhecimento do Senhor Jesus, a fim de que, à semelhança do Menino Modelo, cresçam "em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens" (Lucas 2.52).

É de se crer que a compreensão clara das responsabilidades e privilégios de pais cristãos com referência à educação dos filhos, constitui poderosa energia a impedir que os menores procedentes de lares cristãos venham a se extraviar da Igreja para o mundo, pois afirma a sabedoria divina: "Educa a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele' (Provérbios 22:6).

Com o estado espiritual dos filhos de crentes está intimamente ligada a questão do batismo infantil. Se os nossos filhos são herdeiros de promessas espirituais, membros infantis do reino de Deus, semente santa,cordeirinhos do rebanho de Cristo e "santos", no dizer do Apóstolo São Paulo (I Cor. 7:14), está claro que não devera ser privados do batismo cristão, sinal visível dessas preciosas realidades. Ademais, se, como pretendemos mostrar, na Nova como na Velha Dispensação, Deus determinou que as Crianças sejam incluídas em sua Igreja visível, estará confirmado o direito que têm os pequeninos ao rito de iniciação na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Todavia, o que nos deve preocupar, acima de tudo, não é a cerimonia do batismo em si mesma, mas antes a sua profunda, rica e consoladora significação espiritual, que será para os pais
crentes poderoso e perene incentivo ao fiel cumprimento dos deveres paternais e constante recordação da aliança com Deus, na qual Ele prometeu ser o seu Deus e o Deus de seus filhos.

Nas Escrituras Sagradas podem os pais crentes encontrar respostas satisfatórias e confortadoras às ansiosas perguntas que fazem a respeito do estado espiritual dos filhos e essas respostas animam-nos a crer que Deus contempla com a sua graça, e de um modo todo especial, os pequeninos que alegram os nossos lares,considerando-os como parte da sua Igreja. Nesse post, chamaremos a atenção do leitor para as provas bíblicas desse nosso asserto.

1.  A SIGNIFICAÇÃO DO BATISMO

Por consenso quase unânime, as igrejas cristas do mundo sustentaram sempre a existência de íntimo contacto entre o batismo e a regeneração. 
Afirmam algumas que o batismo com água produz a regeneração, enquanto outras vêem nele apenas um símbolo ou representação visível do fenômeno do novo nascimento.
O eminente historiador batista, dr. Alberto Henry Newman, afirma: "O batismo, se simboliza alguma coisa, simboliza a regeneração" (História Eclesiástica, Vol. II pág. 120). 

Estamos de pleno acordo com essa declaração do ilustre historiador, mas não podemos acompanha-lo, quando duvida da regeneração de crianças, filhas de país crentes. No entanto, os próprios batistas crêem na salvação de menores, que morrem na infância e, esse facto, admitem a sua regeneração, visto como ninguém pode entrar no reino celestial senão pelo novo
nascimento, que é a mesma regeneração (João 3:3). 

A criança que morre na infância é regenerada e salva pela obra do Espírito Santo, que, operando nela, aplica-lhe' os benefícios da redenção adquirida por Cristo.

Salva-se sem uma fé ativa. Isso é admitido pelos nossos irmãos batistas.

A água do batismo não tem nenhuma virtude sobrenatural ou mágica para efetuar a regeneração, ou seja o novo nascimento, que é obra exclusiva do Espírito Santo de Deus (S. João 3:3-8).

Além disso, as Sagradas Escrituras declaram categoricamente que ninguém se salva por cerimônias ou ritos religiosos. Diz o apóstolo Paulo: "Em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura" (Gál. 6:15)., Uma
pessoa poderia ter sido batizada com água mil vezes; isso, porém, de nada lhe aproveitaria, se não houvesse experimentado ainda o novo nascimento.

A Igreja Católica Romana e a Luterana defendem a doutrina da regeneração batismal. Os católicos chegam a afirmar que a criança não batizada não se salva, mas vai para o Umbus infantum. Não pode gozar da bem-aventurança do céu e o corpo tem de ser enterrado fora do cemitério de terra consagrada. 

Está errada essa doutrina, porque Jesus disse: "Deixai vir a mim os meninos e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele' (Marcos 10:14 e 15).

As igrejas batistas, metodistas, e congregacionais estão acordes em rejeitar a doutrina da regeneração batismal, mas é de se lastimar que ainda perdure, entre muitos cristãos evangélicos, a infeliz ideia de que fica de alguma maneira prejudicada, relativamente à sua bem-aventurança eterna, a criança que morre sem o batismo. 

Há mesmo mães cristãs que ficam aflitíssimas, se perdem filhos não batizados. Não há,
todavia, motivo algum para tal aflição, pois o batismo é apenas um sinal visível de uma graça invisível.

Existindo a graça interior e invisível, o sinal exterior é coisa muito secundária e de menor importância.

Batizamos os nossos filhos, por julgar que estão salvos e não para salvá-los.

Os antipedobatistas acham que as crianças não devem ser batizadas, por não poderem exercer a fé e os pedobatistas mantêm que, neste caso, a fé não é necessária, porque as crianças podem ser regeneradas e salvas sem a fé, como acontece com as que morrem sem o batismo ou com ele. 
Se a criancinha pode ser regenerada e salva sem a fé em Cristo, também pode ser batizada sem o exercício pessoal de fé, pois o batismo é o símbolo da regeneração divina e não da fé humana que é apenas um dos produtos ou resultados da regeneração. 

E, no entanto, quer se trate do batismo infantil, quer do batismo de adultos, a fé é absolutamente necessária. 
Referimo-nos, porém, à fé professada pelos adultos que, no primeiro caso, é válida para os filhos e, no segundo, para aqueles que a exercem.

Para entender a significação do batismo, podemos contrastá-lo com a santa ceia. 
Na santa ceia, representa-se um fato histórico e objetivo, que se realizou já há muitos séculos, isto é, a morte expiatória de Cristo na cruz do Calvário para conseguir a nossa redenção. 

Por outro lado, no batismo representa-se um fato subjetivo que se realiza dentro de nós, quando o Espírito Santo de Deus, no ato da regeneração, aplica individualmente a cada um de nós os benefícios da redenção adquirida por Cristo. 

A santa ceia representa a salvação conquistada para nós e o batismo representa a salvação aplicada a nós pelo Espírito Santo. 

A primeira ordenança representa a obra de Cristo e a segunda a obra do Espírito Santo.

No seu sentido religioso e restrito, a regeneração é a mudança radical, operada, pelo poder do Espírito Santo no coração-do pecador, quando este passa do estado de morte espiritual para o de vida espiritual. Sem esse ; novo nascimento, não são possíveis as outras graças da conversão e da santificação, que dele resultam. As bênçãos espirituais da fé, do arrependimento e da santificação acham-se germinalmente contidas na ração, porque são frutos dela. Concluímos, pois, que o batismo representa, não somente a grande bênção inicial da regeneração, mas também, por antecipação, todas as bênçãos espirituais que dela decorrem, por estarem nela germinalmente incluídas.

Na regeneração, o Espírito Santo efetua a nossa união com Cristo, produzindo em nós uma nova vida espiritual. O batismo com água representa o batismo com o Espírito Santo, que produz a nossa união com Cristo. 

O ser balizado em Cristo, de que fala São Paulo em Romanos 6:3, é o equivalente de ser ligado ou unido com Cristo, a fonte de todas as nossas bênçãos espirituais. O apóstolo argumenta que quem já foi batizado em Cristo está com ele de tal maneira ligado que não pode permanecer no pecado, mas forçosamente andará em novidade de vida. Depreende-se, portanto, que a santificação resulta da regeneração,isto é do batismo espiritual em Cristo, que é visivelmente representado pelo batismo com água.

Às vezes os termos regeneração e conversão são empregados como sinônimos, mas, para maior clareza na discussão do assunto, julgamos conveniente distingui-los um do outro, como fazem muitos teólogos modernos. 

A regeneração é exclusivamente obra do Espírito Santo, que atua no pecador, morto espiritualmente nos seus delitos e pecados, e produz'nele uma nova vida espiritual.

Nessa infusão de nova vida, o regenerando é tão passivo como o é um cadáver. A conversão, por sua vez, é um dos efeitos da regeneração e nela o homem coopera com o Espírito Santo, voltando-se para Deus com fé e arrependimento. 

No dizer do Rev. Lauro de Queiroz "A regeneração é a causa, a conversão, o efeito da nova vida. 

Na regeneração, o pecador, morto em seus delitos e pecados, recebe a vida; 
Na conversão, o morto ressuscitado espiritualmente entra em ativídade nova, amando o que aborrecia e aborrecendo o que amava" (Manual do Candidato à Profissão de Fé, pág. 25).

Do que fica acima exposto, conclui-se que a regeneração é a fonte espiritual de onde emanam todas as bênçãos divinas da vida crista, bem como a condição indispensável para a nossa admissão no reino de Deus.

De tudo isso, o batismo é apenas o sinal exterior, o selo público e visível dessas graças invisíveis.
Quando os crentes adultos e batizados apresentam os filhos para receberem o mesmo sacramento, afirmam eles a sua fé em Cristo e confirma,.", a aliança que fizeram com Deus, que prometeu ser o seu Deus e o Deus dos seus filhos. "A promessa é para vós e para vossos filhos" ensina o apóstolo S. Pedro (Atos 2:39).

Os teólogos da célebre Assembleia de Westminster assim definiram o batismo: "O batismo é o sacramento no qual o lavar com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo significa e sela a nossa união com Cristo, a participação das bênçãos do pacto da graça e a promessa de pertencermos ao Senhor". E, respondendo à pergunta: "A quem deve ser administrado o batismo?", preceituaram: "O batismo não deve ser administrado àqueles que estão fora da igreja visível, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e obediência a Ele; mas os filhos daqueles que são membros da igreja visível devem ser batizados".

A tese que vamos defender é a mesma dos teólogos de Westminster, a saber: "Os filhos daqueles que são membros da igreja visível devem ser batizados". Essa questão do direito das crianças ao batismo gira em torno da sua regeneração e do seu direito de pertencer ao povo de Deus. 
Se Deus as incluiu entre os remidos,são, por isso mesmo, membros de sua Igreja e têm direito ao sinal exterior dessa graça; se Deus, porém, as houvesse excluído da Igreja, seria claro que não teriam direito àquele sinal.

1.° — Deus fêz com o seu povo uma aliança, na qual deíermínou que os filhos dos crentes fossem recebidos como membros da sua Igreja visível, por meio de uma ordenança solene, que, no Velho Testamento, se chamava circuncisão e no Novo denomina-se o batismo cristão.

2.° — As Escrituras Sagradas afirmam que os filhos dos crentes são uma semente santa, cordeirinhos do rebanho de Cristo, membros do seu reino, santos e herdeiros das promessas feitas ao nosso pai espiritual, Abraão. Presumivelmente, portanto, são regenerados, esmo incluídos no rol dos remidos do Senhor e têm, por isso mesmo, o direito ao sinal exterior que representa todas essas preciosas realidades, o batismo cristão.

3.° — A história do povo de Deus, tanto no Veího Testamento como no Novo, e também a da Igreja primitiva, demonstra que as crianças eram recebidas como membros infantis da Igreja de Deus, e recebiam o sinal visível dessa inclusão na 'comunhão dos santos".

Não vou comentar sobre a origem no batismo no Velho Testamento porque está recheado de textos,situações e argumentos,me deterei no Novo Testamento:

O batismo no Novo Testamento é denominado a circuncisão de Cristo (Col. 2:11, 12). 
Nessa passagem, tanto o batismo como a circuncisão devem ter um sentido espiritual. Referem-se à nova vida em Cristo. 
Dessa nova vida são símbolos o batismo com água e a circuncisão carnal. Esses dois ritos representam a mesma coisa. 
O batismo na Nova Dispensação significa tudo quanto significava a circuncisão na Velha. E justo, pois, concluir que a circuncisão foi substituída pelo batismo cristão.

Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos qualquer passagem que exclua as crianças da Igreja de Deus. Ora, sendo o batismo, na Nova Dispensação, o sinal de inclusão na Igreja, segue-se que os filhos dos crentes, hoje, não têm menos direito ao batismo do que tinham os filhos dos israelitas à circuncisão.

S. Pedro, no dia de Pentecostes, confirma o direito das crianças por nós defendido. Pregando o Evangelho a adultos capazes de compreender a sua mensagem e capazes de crer, disse-lhes ser necessário que se arrependessem e fossem banzados em nome de Jesus Cristo (At. 2:38). 

Não exigiu o arrependimento ou a fé por parte das crianças, incapazes do exercício desses atos; não obstante, as incluiu na lista dos beneficiados pelas bênçãos conferidas por meio das promessas de Deus ao seu povo. 

Dirigindo a palavra aos pais crentes, disse-lhes: "Para vós é a promessa e para vossos filhos, e para todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor nosso Deus (At. 2:39).

A promessa a que S. Pedro se refere é, sem dúvida, aquela que foi feita ao povo de Deus por intermédio de Abraão e que se estende a todos os que crêem (Rom. 4:31, 13 e 17). Nós, os crentes, somos a descendência espiritual de Abraão e os herdeiros das promessas que lhe foram feitas. 
E S. Paulo que no lo diz: "Justamente como Abraão creu a Deus, e foi lhe imputado para justiça; sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão. A Escritura, prevendo que Deus justificaria os Gentios pela fé, de antemão anunciou as boas novas a Abraão: "Em ti serão bem-aventuradas todas as nações. Assim os que são da fé, são bem-aventurados com o fiel Abraão" (Gal. 3:6-9)- 

E no fim do mesmo capítulo, S. Paulo afirma: "Se vós sois de Cristo, então sois semente de Abraão, herdeiros segundo a promessa' (Gal. 3:29)- 

S. Pedro afirmava a mesma verdade, quando dizia  aos três mil batizados no dia de Pentecostes: "A promessa é para vós e para vossos filhos".

Em Efésios 2:11-16, encontramos ainda outra declaração categórica de que nós, os gentios, fomos também incluídos na aliança da promessa feita aos da circuncisão:
"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não rendo esperança, e sem Deus no mundo.
"Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.Porque êle é a nossa paz, o qual de ambos os povos fêz um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isro é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades."

Ainda mais: outro escritor inspirado nos qualifica de "herdeiros da promessa" (Heb. 6:17). Se a promessa, e a aliança que Deus fez com o seu povo, é para nós e nossos filhos, estes estão incluídos entre os que constituem a Igreja de Deus e tem direito ao sinal visível desse privilégio.

Há quem afirme que S. Pedro se refere somente a filhos adultos de crentes em At. 2:39, mas assim não compreenderiam os ouvintes de Pedro, que eram judeus convertidos, pois eles sabiam que a promessa a que ele aludira era a mesma que Deus fizera a Abraão e aos seus descendentes e que, portanto, incluiria os filhos menores de todos os crentes nas promessas.

Isaac, e muitos outros meninos de oito dias apenas, foram publicamente incorporados ao povo de Deus, pela circuncisão.

É significativo que S. Pedro mencione três classes de pessoas às quais se fez a promessa: 

(1) Vós; eram os adultos que ouviam a sua pregação, na maioria judeus e prosélitos do judaísmo, crentes na religião do povo de Deus. (2) Vossos filhos; isto é, os filhos dos adeptos da religião de Deus. 
(3) Todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor nosso Deus; isto é, os demais eleitos de Deus. judeus e gentios, que haviam de aceitar o Evangelho no futuro.

Os judeus, na Antiga Dispensação, já estavam acostumados a incluir os filhos na Igreja visível de Deus, pelo rito da circuncisão. Não podiam, portanto, interpretar as palavras de S. Pedro, senão de modo a incluir os filhinhos na Igreja visível da Nova Dispensação. Na Igreja, seriam incluídos us que ouviam e criam no Evangelho, os seus filhos e todos os demais eleitos que viessem a ser chamados por Deus para fazer parte do seu povo.

Os filhos de cristãos no Novo Testamento são chamados santos, mesmo quando somente um dos pais é crente. O apóstolo S. Paulo declara: "O marido incrédulo é santificado na mulher, e a mulher incrédula é santificada no irmão; de outra maneira os vossos filhos seriam imundos, mas agora são santos" (I Cor. 7:14).

São santificados os filhos em virtude da fé professada pelos pais. Para S. Paulo, santos são os próprios membros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele escreveu várias cartas dirigidas aos santos, que eram membros de diversas igrejas (I Cor. 1:2; Rom. 1:7; Ef. 1:1; ). 

Concluímos que os meninos, santos,filhos de crentes, são membros da Igreja e, por isso mesmo, devem ser batizados.

Até aqui, temos demonstrado, à luz das Escrituras, que o próprio Deus determinou fossem as crianças incluídas na sua Igreja visível, desde o tempo de Abraão, e que essa determinação divina não foi revogada, na Nova Dispensação, mas antes, confirmada pelos claros ensinos dos apóstolos Pedro e Paulo. 

E, sendo as crianças, por determinação divina, membros da Igreja de Deus, devem também receber o sinal visível desse fato auspicioso, o santo batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 28:19).

JESUS E AS CRIANÇAS

Ás palavras de Jesus, registradas em Mateus 19:13-15, pronunciadas com referência às criancinhas,merecem o nosso cuidadoso estudo. 

''Então lhe trouxeram alguns meninos, para que lhes impusesse as mãos e orasse por eles; e os discípulos reprenderam aos que os trouxeram. Jesus, porém, disse: Deixai os meninos,
e não os impeçais de virem a mim; porque dos tais é o reino dos céus. Depois de lhes impor as mãos, partiu dali".

Encontramos narrativas do mesmo incidente em Marcos 10:13-16 e Lucas 18:15-17. S. Lucas se refere às criancinhas trazidas a Jesus como (tà bréphe), termo grego relativo a crianças pequeninas, 

Marcos nos informa que Jesus as tomou em seus braços. Eram, portanto, pequeninas demais para poderem arrepender-se e ter fé. 

Às palavras registradas por  Mateus,  Lucas acrescenta ainda estas do divino Mestre: "Em
verdade vos digo: Aquele que não receber o reino de Deus como um menino, de maneira alguma entrará nele".

Há pessoas que perguntam, com referência a estas passagens, porque Jesus não balizou essas criancinhas, se elas deviam ser admitidas como membros infantis da sua Igreja? 

resposta é óbvia: Jesus não havia ainda instituído o batismo cristão. Esse rito, como também a santa ceia, começou a ser celebrado, somente no dia de Pentecostes, por ocasião do derramamento do Espírito Santo e da fundação da Igreja Cristã da Nova Dispensação. 

O único batismo que encontramos no Novo Testamento, antes do dia de Pentecostes, é o
batismo de João Batista e esse não era o batismo cristão, como se prova pelo fato de Paulo ter mandado batizar, "em nome de Jesus", alguns crentes de Éfeso que já haviam recebido o batismo de João (Atos 19:5).

Quando Jesus abençoou os meninos, ainda estava em vigor a circuncisão. Esses meninos tinham sido circuncidados, como fora o próprio Jesus, ao oitavo dia depois do nascimento. Já tinham recebida o sinal de iniciação na Igreja de Deus do seu tempo.

A interpretação'natural das palavras de Jesus, acima citadas, è que as crianças pertencem ao reino de Deus.
Esse reino, também denominado dos céus, é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que tem o seu aspecto visível aqui no mundo e da qual Ele é o único Chefe infalível. 

O eminente historiador batista Alberto Newman assim define a história' da Igreja: "E' a narrativa de tudo que se conhece da fundação e do desenvolvimento do reino de Cristo sobre a terra" ("A Manual of Church His* toty" Voí. I, página 4). Identifica-se, portanto, a Igreja com o reino de Cristo. Nesse particular concordamos com o Dr. Newman. Dizendo que as crianças são do seu reino, Jesus lhes deu um lugar dentro da sua Igreja. Pertencendo elas à Igreja, terão o direito ao batismo, que é o sinal visível da sua inclusão nessa instituição divina.

E, se alguém nos disser que a expressão reino dos céus se refere somente ao reino da glória, ou à Igreja invisível, responderemos que, se for assim, isso vem fortalecer o nosso argumento, pois a inclusão das crianças na Igreja invisível lhes dá o direito de serem recebidas na visível. Quem possui a realidade maior tem o direito ao símbolo menor. 

Consoante à interpretação natural das palavras de Jesus, as criancinhas pertencem ao seu reino, e por isso mesmo, têm direito ao batismo, que é apenas o sinal e selo do seu privilégio.

Os filhos de pais piedosos, como eram os meninos trazidos a Jesus, são membros infantis da Igreja de Cristo, têm direito ao símbolo da sua inclusão nela.

Os que são contrários ao batismo infantil interpretam de modo diverso as palavras de Jesus a respeito das crianças. O doutor W. J. Mc-Glothlin, por exemplo, à página 131 do seu livro "Irifant Baptism", define o reino de Deus, nos textos que se referem às crianças, não como o 'corpo dos salvos, mas o corpo de riquezas espirituais representadas por Jesus, ele acha que as crianças de quem Jesus falou são beneficiadas pela sua inclusão em um corpo de riquezas espirituais, mas não recebem par isso a graça da salvação. Assim esse
doutor exclui as crianças do número dos salvos e julga que participam de riquezas espirituais oriundas de Jesus. 

Essa interpretação nos parece muito forçada e contrária ao verdadeiro sentido da expressão reino dos céus, como Jesus a empregou no capítulo 13 de  Mateus e em outros passos do Novo Testamento.
- Um estudo das parábolas que se referem ao reino de Deus ou ao reino dos céus, que são expressões sinônimas, revelará o fato que essas parábolas se aplicam sempre aos salvos e aos não-salvos. 

No "capítulo 19 de Mateus, onde se registra o caso da bênção das crianças por Jesus, o divino Mestre fala da dificuldade que experimenta um rico para entrar no reino dos ceus. O que é entrar no reino dos céus, senão ser salvo?

Há uma outra interpretação de  Mateus 19:13-15, além da do dr. McGlothlin, que também exclui as
crianças da Igreja de Deus. 
A maior parte dos escritores contrários ao batismo infantil interpreta a expressão,dos tais é o reino dos céus, como uma referência aos que são apenas semelhantes às crianças. 
Conforme essa interpretação, o reino dos céus não é das crianças, mas .somente daqueles que lhes são semelhantes. 
Todavia,o sentido e o emprego da palavra grega (toioúton), que se traduz dos tais, não justificam essa interpretação,como se pode verificar pelo estudo dos seguintes exemplos extraídos do livro Scripture Baptism do dr. Fairchild, às páginas 166 e 167:

S. João 4:23 — "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são tais
(toioútous) os que o Pai procura como seus adoradores". Isso significa que Ele procura essas mesmas pessoas para adorá-lo e não somente as que lhe são semelhantes.

Atos 22:22 — "Tira do mundo tal {toioúton) homem; pois não convém que ele viva". Está claro que a
expressão tal homem se refere ao próprio  Paulo e não a outra pessoa que lhe seja semelhante.

I Cor. 7:28 — Entretanto, se casares não pecaste; e se a Yirgem se casa, não pecou; para estes tais, (toioutoí) porém, haverá tribulação na carne". As tribulações são para os que se casam e não para aqueles que lhes são semelhantes.

I Cor. 5:11 — "Mas sendo assim, vos escrevi que não comuniqueis com alguém que se chama vosso irmão,se for ele fornicário, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou bêbado, ou roubador; com esse tal (toioúto)nem sequer comais". É com o próprio indivíduo, descrito que não se
deve comer e não só com os que a êle se assemelham.

II Cor. 11:13 — "Pois tais (totoutoi) homens são falsos profetas". Os falsos profetas são muito
especialmente os indivíduos descritos no versículo anterior e no contexto e não apenas os que lhes são semelhantes.

Poderíamos citar muitas outras passagens que provam que o vocábulo (toioútos) se refere, primariamente, às próprias pessoas mencionadas e não às que lhes são semelhantes, mas as que aqui ficaram registradas são suficientes para ilustrar o ponto de vista que defendemos. Não negamos, todavia, que haja em muitos casos,uma referência secundária aos que são semelhantes às pessoas mencionadas, mas estas estão sempre incluídas na expressão.

A FÉ E O BATISMO INFANTIL

O principal argumento dos antipedobaústas contra o batismo infantil é o seguinte: a criança não tem fé em Cristo que a possa salvar, e, portanto, não deve ser batizada. Para comprovar o argumento, citam passagens das Escrituras que mostram a necessidade de fé pessoal para a salvação, e muito especialmente Marcos 6:15,16: "Ide por todo o mundo c pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado".

1.° Era primeiro lugar, deve-se ponderar que há regeneração e salvação sem a fé, no caso de criancinhas que morrem na infância, como admitem os próprios batistas. Se a regeneração,, é possível sem a fé, deve também ser possível o batismo sem a fé, visto como o batismo é, conforme admitimos, apenas ura símbolo da regeneração.

O último mandamento de Jesus, registrado em  Marcos, nada prova contra o batismo de criancinhas,porque, se esse passo lhes veda um batismo, por idêntica razão lhes negaria, também, a salvação. O aludido texto afirma: "O que crer e for batizado será salvo, mas o que não crer será condenado". 

A criancinha não crê, logo, será condenada, conforme o raciocínio antipedobatista. 

Fica, pois, reduzida a absurdo a interpretação antipedobatista de Marcos 16:15, 16.

Admitimos que a fé em Cristo deva preceder ao batismo de adultos capazes de crer. Jesus mandou que os seus discípulos pregassem o Evangelho a pessoas que estivessem em condições de ouví-lo e aceitá-lo. Se essas pessoas, depois de ouvir e compreender o Evangelho, continuassem na incredulidade, seriam condenadas. 

O texto nada afirma com referência às criancinhas ou a outras classes de pessoas incapazes de
ouvir ou entender o Evangelho. As pregações são feitas a pessoas capazes de crer ou descrer. Nesse número não estão as criancinhas. Podemos, portanto, afirmar que o citado texto não tem importancia alguma para a questão do batismo infantil. Nada prova contra ou a favor desse rito.

Para demonstrar a não procedência do argumento antipedobatista, o grande Calvino alude a passagem análoga àquela de Marcos 16:15, 16, onde o apóstolo Paulo estabelece preceito em termos gerais e que, no entanto, não é aplicável às criancinhas. O preceito é: ''Se alguém não quer trabalhar, não coma também" (II Tessal. 3:10). Seria grande absurdo deixar de dar de comer às criancinhas, por causa desse mandamento de Paulo, igualmente absurdo seria deixar de batízar as criancinhas, apenas porque para o batismo de adultos se exige a fé.

Quando as Escrituras exigem fé, exigem-na de pessoas capazes de exercê-la e não de criancinhas.
Está claro, portanto, que passagem como. a seguinte, não atinge às criancinhas, e não tem para elas importância alguma: "Mas nem todos deram ouvidos ao Evangelho. Pois Isaías disse: Senhor, quem creu a nossa mensagem? Logo, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir vem pela palavra de Cristo" {Romanos 10:16, 17). 
quem se lembraria de ver qualquer referência que excluísse as crianças, da salvação, neste versículo: "Quem nele crê, não é julgado; o que não crê, já está julgado, porque não crê no nome do Filho Unigénito de Deus"?
Se passagens como essas excluíssem as crianças da salvação, também as excluiriam do sinal dessa salvação que é o batismo. No entanto, como não as excluem do privilégio maior também não as excluem do menor.
Afinal de contas, precisamos saber se o batismo é o sinal visível de fé ou de regeneração? Será a fé indispensável para o batismo cristão? 

Mantemos não ser indispensável, pois a regeneração sempre precede à fé c contem em si, germinadamente, todas as graças salvadoras, inclusive a mesma fé. A fé é atitude do
homem, que aceita a salvação, mas a regeneração é obra do Espírito Santo em nossos corações, o qual lhes aplica as bênçãos da redenção adquiridas por Jesus Cristo pela sua vida e sua morte na cruz do Calvário. Sem essa obra divina em nossos corações, a fé humana seria impossível. É a graça de Deus em nossos corações que nos habilita a exercer a fé humana.


O que devemos enaltecer e celebrar no batismo não é a nossa fé humana, mas, antes, a graça salvadora do nosso Deus, manifestada em nossa regeneração. No coração da criancinha regenerada (os batistas admitem a possibilidade dessa regeneração, no caso das criancinhas que morrem) estão, germinalmente, todas as bênçãos da redenção,- inclusive a fé em Cristo.

Quando essa criança cresce e ouve falar em Jesus, abre logo a Ele o seu coração, espontaneamente, e o aceita e o ama como o seu Salvador, com a mesma naturalidade
com que ama aos próprios pais. A sua fé importa em reconhecimento do fato da regeneração já existente no seu coração. A sua fé é o produto da sua regeneração, como devia ter sido no caso de Samuel, de João Batista e de tantos, outros filhos de crentes piedosos. 

Assim como o tronco, os galhos, as folhas, as flores e os frutos da árvore estão, germinalmente, presentes na sementinha, assim, também, estão presentes todas as bênçãos da redenção na regeneração do coração humano pelo poder do Espírito Santo. 

O batismo representa essa regeneração e as crianças, sendo beneficiárias das influências do Espírito de Deus, são regeneradas e têm direito ao sinal visível dessa graça invisível. A fé humana será consequência secundária, muito secundária, da obra regeneradora do Espírito Santo.

Há tendência, em certos meios evangélicos, para exaltar a fé humana ao ponto de torná-la mérito para a salvação. Contrastam-se as penitências e as boas obras do homem, consideradas meritórias para a salvação pela Igreja Romana, com a fé professada pelos verdadeiros crentes evangélicos. Afirma-se, muito acertadamente, a doutrina da justificação unicamente peía fé em Jesus Cristo, doutrina essa que foi valentemente defendida pelo grande reformador Lutero. Essa doutrina é eminentemente paulina, e, no entanto, é possível exaltar a fé humana ao ponto exagerado de considerá-la merecimento nosso que nos salva, e confiar nela para nos justificar diante de Deus, ficando desse modo esquecidos os infinitamente mais valiosos merecimentos de Cristo, que são a única base meritória da nossa salvação.

A exaltação exagerada da fé humana pode também obscurecer ou mesmo substituir, no pensamento de alguns evangélicos, a obra regeneradora do Espírito Santo. O eminente escritor batista, dr. Alberto Newman, na sua História Eclesiástica, se refere, frequentemente, ao "faith baptism' ou "batismo da fé", como se a fé fosse o elemento essencial representado no batismo cristão. Aliás, a obra divina, simbolizada no batismo, é sempre infinitamente superior à fé humana. Nós não adquirimos mérito algum nosso quando aceitamos a salvação pela fé; antes, recebemos de Deus presente de valor infinito. Haverá grande mérito em estender a mão da fé para receber esse valioso presente? Eis os motivos por que devemos colocar a obra da graça de
Deus muito acima da fé professada pelos homens. O batismo celebra, enaltece e proclama a obra da livre graça de Deus e não tanto a fé humana, que é, apenas, uma das várias consequências benéficas da graça de Deus no coração do crente.