sexta-feira, 18 de maio de 2018

O outro lado da margem


E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos.
E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar”. (Ezequiel 47:3-5).


MARGEM DO RIO
Qual o objetivo de ir para a outra margem?
O outro lado. As regiões além da margem oposta. Deus nos coloca um objetivo para alcançar a margem oposta, esse objetivo só atinge quem nadando Espírito, isto é, caminha em direção ao alvo, removendo medos, aceita desafios e, ao mesmo tempo em que apreciam todos os benefícios que ela nos traz, a vida no Espírito.
Não digo que eu já o tenha obtido, ou que seja já perfeito, mas vou prosseguindo para ver se também poderei alcançar aquilo para o que igualmente fui tomado por Cristo Jesus.
Irmãos, eu não julgo ter ainda alcançado; mas uma coisa faço, esquecendo-me das coisas que ficam para trás e avançando para as que estão adiante, Prossigo em direção ao alvo, para obter o prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. (Filipenses 3:12-14).
RIOS
O rio representa a vida no Espírito.
“Quem crê em mim, como disse a Escritura, do seu interior manarão rios de água viva. Disse isto a respeito do Espírito que iam receber os que nele criam; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. (João 7:38,39).
ÁGUA
As águas vivas estão fluindo.
“mas quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário a água que eu lhe der, virá a ser nele uma fonte de água que mana para a vida eterna”. (João 4:14)

Os 4 níveis de intimidade

                                                     Os 4 níveis de intimidade




E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos.
E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar”. (Ezequiel 47:3-5).

Esta é uma passagem realmente fascinante, que nos mostra de forma profética como Deus quer nos levar ao plano original. De acordo com a descrição que Deus através de Ezequiel, por esta visão, podemos entender que a vida do servo de Deus é vivida de 4 maneiras diferentes ou como chamamos 4 níveis:


1. TORNOZELO SUPERFICIAL

Imagine uma pessoa que quer molhar somente os pés só para se refrescar, apenas, os sapatos e as meias são removidos, e isso é o suficiente. É como um adulto que entra na piscina infantil, superficial. Há pessoas que vivem a vida a esse nível, superficial, permanecem no nível de "salvação", ou seja, um dia elas aceitaram a Cristo em seu coração, mas nada mais, recebem o frescor da água, mas nada mais.

2. JOELHOS

Agora o nível de água atinge uma nova dimensão, você pode caminhar, mas não correr. Ele representa o tipo de cristão que está em conformidade para se reunir “religiosamente” toda semana, domingo após domingo da congregação, seu conhecimento também está no nível da salvação, acrescentando que eles ouvem toda semana a pregação, mas não tem uma vida cristã profunda, ele se molhar na água, mas nada mais, não está disposto a ir mais profundo.

3. Cintura

*Pode representar da cintura até a altura dos ombros.
Representa o esforço. 3/4 do corpo estão na água, não se aprofunda por medo, sem saber como será. Sente que algo pode dar errado e se “afogar”.Alguns na piscina ou na praia gostam de nadar neste nível.

4. Completamente submerso

Não há mais nada, somente o Senhor, o contato com a terra, a terra seca, circunstâncias ou as coisas que dão segurança estão longe. agora tudo é uma questão de depender do Senhor. É o lugar onde você está cercado por água, onde você tem que colocar em prática o conhecimento e comunhão com Deus. A condição colocada pelo Senhor a nós é a natação.


1. Nível do natural

Em Gênesis 1.29 vemos que Deus colocou tudo a disposição do homem, para que ele fosse mantido pleno sobre a terra, nada lhe faria falta. Seja mantimento, seja metal precioso, pedras preciosas, nada lhe seria negado, a terra tinha a obrigação de lhe dar.

Quando entramos no caminho e aceitamos Jesus como nosso salvador, passamos então a viver o nível natural, que e o nível onde a criação divina nos mantém, por exemplo, Pedro quando tirou uma moeda da boca de um peixe:

“Mas, para não escandalizá-los, vá ao mar e jogue o anzol. Tire o primeiro peixe que você pegar, abra-lhe a boca, e você encontrará uma moeda de quatro dracmas. Pegue-a e entregue-a a eles, para pagar o meu imposto e o seu”. (Mateus 17:27).

Primeiro Nível: O primeiro nível podemos ver no versículo 3 onde Ezequiel fala que aquele homem levou ele para um ribeiro e neste ribeiro o homem mediu meio quilometro a sua frente e fez ele caminhar e quando ele chegou as águas batia nos seus Tornozelos e é aqui que encontramos o nosso primeiro nível.
O pé é uma das partes do corpo mais sensíveis que temos, por isso Deus certa vez falou “retire as sandálias dos seus pés”, porque não podemos ser sensíveis à voz de Deus se estivermos com algo que esteja tampando a nossa sensibilidade, então eu percebo que naquele momento que aquele homem levou Ezequiel até aquele trecho do rio onde as águas batiam em seus tornozelos, a primeira lição que aprendo é que primeiro precisamos lavar os nosso pés, que muitas das vezes pisaram em lugares errados, se encheram de poeira e da lama do pecado.

2. Nível da fé

Viver o nível da fé é de fato aceitar e não titubear sobre o caráter divino, entendendo pela palavra nossos direitos. O nível da fé nos permite entrar em oração nos colocando ante a corte celestial e usarmos a palavra como nosso livro de leis, da constituição do reino e reivindicar nossos direitos e vivendo os deveres, vejamos:
“Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum. Ali estava doente, quase à morte, o servo de um centurião, a quem seu senhor estimava muito.
Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus, pedindo-lhe que fosse curar o seu servo.
Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: 'Este homem merece que lhe faças isso, porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga'.
Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: 'Senhor, não te incomodes, pois não mereço receber-te debaixo do meu teto. Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu servo será curado. Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz'.
Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: 'Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé'.
Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa e encontraram o servo restabelecido”. (Lucas 7:1-10).
Segundo Nível: O segundo nível de intimidade com Deus, podemos ver no versículo 4 onde aquele homem que estava conduzindo Ezequiel, o leva a mais meio quilômetro a frente, e ao chegar lá, Ezequiel percebe que as águas não davam mais nos seus tornozelos mas sim, agora davam nos seu joelhos. E aqui está a segunda lição que aprendo. O joelho é parte do nosso corpo que encontramos sustento se eles fraquejarem nosso corpo inteiro vem ao chão.

3. Nível da unção

Nesse nível Deus e você passam a operar de forma conjunta, você passa a ousar, onde enfermidades são curadas, demônios expulsos, etc. É Deus trabalhando através de você. Vejamos:
"Quem tocou em mim?”, perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão se aglomera e te comprime".
Mas Jesus disse: "Alguém tocou em mim; eu sei que de mim saiu poder". (Lucas 8:45,46).
Terceiro Nível: E agora o terceiro nível de intimidade com Deus que encontramos também no versículo 4 porém parte "b", vemos quando Ezequiel fala que aquele homem não parou por ali mas o levou a meio quilometro a mais e dessa vez as águas não davam mais nos joelhos, mas sim em sua cintura. E aqui eu vejo uma deixa que depois nos levará para o 4º nível, quem chegou aqui esta muito perto de mudar de nível.
4. Nível da glória
Nesse momento você esta no nível mais elevado, visto que a gloria é o próprio Deus. Ao contrario do que pensamos gloria não é poder, nem unção, mas é o próprio ser de Deus, a própria pessoa divina. Andar nesse nível é andar “cheio”, “repleto” da presença de Deus numa entrega completa e sem reservas. Operar nesse nível significa de fato, dar um passo para traz e deixar o próprio Deus fazer, nesse momento já não precisamos liberar palavras para que algo aconteça, já não há preocupação, não precisa “suar”, nem fazer força mas você entra no nível de repouso enquanto a própria presença Deus, o próprio Deus opera livremente.
Quarto Nível: E agora finalmente o quarto nível podemos ver nos últimos versículos em especial o 5º onde Ezequiel relata que aquele homem avançou com ele mais meio quilometro, mas agora ele não conseguia mais passar andando ele teve que mergulhar, porque as águas o cobria. E agora eu digo que aquele homem era Jesus. E ele quer conduzir você e a mim em todos esses níveis, só que ele não nos põe a força, uma coisa que Ezequiel fez foi que em nenhum momento ele contrariou aquele homem. Todo o tempo mesmo sem saber o que o esperava a frente ele confiou naquele homem para prosseguir.
O passo de obedecer, de chegar até o momento mais decisivo da sua vida aonde as águas chega à cintura, e ali você decide se quer mergulhar ou parar por ali mesmo.
Eu escolho todo dia mergulhar, porque eu não quero ficar apenas no terceiro nível, eu sei que às vezes você pode ter medo de se afogar, mas saiba que o homem que está conduzindo não deixará isso acontecer. Assim como Ezequiel que mergulhou naquele rio, quando foi à margem contemplou arvores que davam frutos lindos, porque havia vida naquele lugar. O fato de mergulhar nesse rio com Deus não é nada além do que isso, viver não para mim mesmo, mas para o meu Deus, é isso que nos espera na margem do rio, VIDA, só precisamos mergulhar nEle, fazer a nossa escolha. Porque assim como Paulo diz em Gálatas 2:20 “Fiz a minha escolha... Não vivo mais eu, mas cristo vive em mim”

O profeta Ezequiel é levado aos quatro níveis, representado pela profundidade das águas à medida que ia andando e adentrando aquele Rio de Deus, até chegar ao ponto de não mais poder andar. Para chegar ao nível mais profundo, Ezequiel mostra-nos que é preciso, coragem, fé, comprometimento, abnegação, dependência, obediência.
Deus nos revela
Longe de ser um passo de mágica, mas fruto de uma intimidade com Deus, que nasceu da oração, para ir em “busca” da intimidade com Deus, no seu maior nível!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A Obra Intercessória de Cristo

                                              A obra intercessória de Cristo


A obra sacerdotal de Cristo não se restringe à oferta sacrificial de Si mesmo na cruz Às vezes se declara que, ao passo que Cristo foi Sacerdote na terra, é Rei no céu. Isto cria a impressão de que a Sua obra sacerdotal está terminada, o que de modo nenhum é correto.

Cristo é um Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e especialmente, celestial.

Ele é, mesmo quando assentado à destra de Deus, com majestade celeste, “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem”, Hb 8.2.

Ele só principiou a Sua obra sacerdotal na terra, e a está completando no céu.

No sentido estrito da palavra, Ele não é contato entre os sacerdotes terrenos, que eram apenas sombras de uma realidade vindoura, Hb 8.4. Ele é o Sacerdote verdadeiro, o Sacerdote verdadeiro, o sacerdote de fato,a servir no verdadeiro santuário, do qual o tabernáculo de Israel era apenas uma sombra imperfeita. Ao mesmo tempo, Ele é agora o sacerdote que ocupa o trono, nosso Intercessor junto ao Pai.


PROVAS BÍBLICAS DA OBRA INTERCESSÓRIA


1. SÍMBOLOS DA SUA OBRA INTERCESSÓRIA

Enquanto que a obra sacrificial de Cristo foi simbolizada primordialmente pelas funções sacerdotais desempenhadas junto ao altar de bronze e pelos sacrifícios que nele eram apresentados, Sua obra intercessória foi prefigurada pela queima diária de incenso no altar de ouro, no Lugar Santo.

A nuvem de incenso a evolar-se constantemente não era somente um símbolo das orações de Israel; era também um tipo de oração sacerdotal do nosso grande Sumo Sacerdote.

Esta ação simbólica da queima de incenso não estava dissociada da apresentação dos sacrifícios no altar de bronze, mas, antes, estava sumamente relacionada com ela. Estava relacionada com a aplicação do sangue das mais importantes ofertas pelo pecado, sangue que era aplicado aos chifres do altar de ouro, também chamado altar do incenso, era borrifado em direção ao véu, e, no grande Dia da Expiação, era até levado ao Santo dos Santos e espargido no assento da misericórdia, isto e, no propiciatório.

Esta manipulação do sangue simbolizava a apresentação do sacrifício a Deus, que habitava entre os querubins.
O Santo dos Santos era claramente um símbolo e tipo da cidade quadrangular, a Jerusalém celeste.

Ainda há outra conexão entre a obra sacrificial realizada junto ao altar de bronze e a intercessão simbólica feita junto ao altar das ofertas queimadas era uma indicação de que a intercessão se baseava no sacrifício e de que, doutro modo, não seria eficaz. Isto indica claramente que a obra intercessória de Cristo no céu está baseada em Sua obra sacrificial consumada, e que só é aceitável sobre esta base.

2. OBRA INTERCESSÓRIA DE CRISTO NO NOVO TESTAMENTO


O termo "parakletos" é aplicado a Cristo. Acha-se esta palavra somente em Jo 14.16, 26; 15.26; 16.7; 1 Jo 2.1. É traduzida pro “Consolador” sempre que aparece no Evangelho Segundo João, mas por “Advogado” na única passagem em que ela se encontra na primeira Epistola de João. A forma é passiva e, portanto, só pode “significar propriamente ‘alguém chamado para o lado de outrem’, e isto incluindo a noção secundária de aconselhá-lo ou ajudá-lo”.

Assinala  que a palavra tem este sentido no grego clássico, em Filo e também nos escritos dos rabis.

Muitos dos chamados “pais gregos”, porém deram à palavra um sentido ativo, traduziram-na por “Consolador”, e, assim, deram indevida proeminência àquilo que é apenas uma aplicação secundária do termo, embora percebendo que este sentido não poderia adequar-se a 1 Jo 2.1.

A palavra, então, denota alguém que é convocado como auxilio, como advogado, como alguém que pleiteia a causa de outrem e também lhe dá conselho. Naturalmente, a obra realizada por tal advogado pode trazer consolo e fortalecimento, e, portanto, ele também pode ser chamado consolador, num sentido secundário. Cristo é explicitamente chamado nosso Advogado unicamente em 1 Jo 2.1, mas implicitamente também o é em Jo 14.16.

A promessa, “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”, implica claramente que Cristo também era um parakletos.

O Evangelho Segundo João aplica normalmente o termo ao Espírito Santo. Portanto, os dois Advogados, Cristo e o Espírito Santo. A obra de ambos é em parte idêntica e em parte diferente.

Quando Cristo estava na terra, Ele era o Advogado dos discípulos, defendendo sua causa contra o mundo e ajudando-os com sábio aconselhamento, e o Espírito Santo está continuando agora essa obra na igreja. Até aqui, a obra de ambos é idêntica, mas também há diferença. Cristo, como nosso Advogado, defende a causa dos crentes junto ao Pai e contra Satanás, o acusador (Zc 3.1; Hb 7.25; 1 Jo 2.1; Ap 12.10), ao passo que o Espírito Santo não somente defende a causa dos crentes contra o mundo (Jo 16.8), mas também defende a causa de Cristo junto aos crentes e lhes ministra sábio aconselhamento (Jo 14.26; 15.26; 16.14). resumidamente podemos dizer também que Cristo defende a nossa causa junto a Deus, enquanto que o Espírito Santo defende a causa de Deus junto a nós. Outros textos neotestamentários que falam da obra intercessória de Cristo acham-se em Rm 8.24; Hb 7.25; 9.24.


É evidente que a obra intercessória de Cristo não pode ser dissociada do Seu sacrifício expiatório, que compõe sua base necessária.

É apenas a continuação da obra sacerdotal de Cristo, levada adiante até completar-se.

Comparado com a obra sacrificial de Cristo, o Seu ministério de intercessão recebe diminuta atenção.

Mesmo nos círculos fiéis ao Evangelho muitas vezes a impressão dada, embora talvez não intencionalmente, é a de que a obra realizada pelo Salvador na terra foi muito mais importante que os serviços que Ele agora presta no céu. Ao que parece, é para a compreensão de que, no Velho testamento, a ministração diária no templo culminava com a queima de incenso, o que se simbolizava o ministério da intercessão; e de que ritual anual do grande Dia da Expiação chegava ao seu ápice quando o sumo sacerdote passava além do véu com o sangue expiatório. Tampouco se pode dizer que o ministério da intercessão é compreendido suficientemente.

Esta pode ser a causa, mas também pode ser o resultado, da falha geral dos cristãos em não fixar a atenção nele.

A idéia predominante é que a intercessão de Cristo consiste exclusivamente das orações que Ele oferece em favor do Seu povo. Pois bem, não se pode negar que estas são uma parte importante da obra intercessória de Cristo, mas não são toda ela. O ponto fundamental que se deve lembrar é que o ministério da intercessão não deve ser dissociado da expiação, desde que ambos são apenas dois aspectos da mesma obra redentora de Cristo, e se pode dizer que os dois ministérios se fundem num só.Ambos aparecem constantemente em justaposição e são tão estreitamente interrelacionadas na Escritura, que se sente justificado ao fazer a seguinte afirmação:

“A essência da Intercessão é Expiação; e a Expiação é essencialmente uma Intercessão. Ou, talvez, para colocar o paradoxo mais suavemente: A Expiação é real – um sacrifício e uma oferta reais, e não mero sofrimento passivo – porque, em sua própria natureza, é uma intercessão ativa e infalível; ao passo que, por outro lado, a Intercessão é uma Intercessão real – uma Intercessão judicial, representativa e sacerdotal, e não mero exercício de influencia – porque é essencialmente uma Expiação, ou seja, uma oblação substitutiva, feita uma vez por todas no Calvário, agora apresentada perpetuamente e usufruindo perpétua aceitação no céu”.


1. Exatamente como o sumo sacerdote, no grande Dia da expiação, entrava no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos Santos, com o sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Cristo entrou no Santo Lugar celestial com o Seu sacrifício consumado, perfeito e todo suficiente, e o ofereceu ao pai.

E exatamente como o sumo sacerdote, ao entrar no santo Lugar, vinha à presença de Deus trazendo simbolicamente as tribos no seu peito, assim Cristo apareceu diante de Deus como representante do Seu povo, e assim restabeleceu a humanidade na presença de Deus. É a este fato que o escritor de hebreus se refere quando diz: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus”, Hb 9,24.

Os teólogos reformados (calvinistas) freqüentemente dirigem a atenção ao fato de que a presença perpétua do sacrifício consumado de Cristo perante Deus contém em si mesma um elemento de intercessão como uma constante lembrança da perfeita expiação de Jesus Cristo. É um tanto semelhante ao sangue da páscoa, do qual disse o Senhor: “O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes: quando eu vir o sangue, passarei por vós” (Ex 12.13).


2. Há também um elemento judicial na intercessão, precisamente como na expiação. Mediante a expiação, Cristo satisfez as justas exigências da lei, de modo que nenhuma acusação legal pode, com justiça, ser feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo, Satanás, o acusador sempre está propenso a lançar acusações contra os eleitos; mas Cristo as refuta todas, mostrando a obra que Ele consumou. Ele é o Paráclito, o Advogado do Seu povo, dando resposta a todas as acusações lançadas contra os Seus. Fazem-nos lembrar isto, não somente o nome “Paraclito”, mas também as palavras de Paulo em Rm 8.33, 34: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”. Aí o elemento judicial está claramente presente. Cf. também Zc 3.1, 2.

3. A obra intercessória de Cristo não se restringe a responsabilizar-se Ele pelo nosso estado judicial; relaciona-se também com a nossa condição moral, com a nossa santificação gradativa. Quando nos dirigimos ao Pai em nome de Cristo, Ele santifica as nossas orações. Elas precisam disto porquanto muitas vezes são muito imperfeitas, triviais, superficiais, e até insinceras, ao passo que são dirigidas Àquele que é perfeito em santidade e em majestade. E, alem disso, tornando aceitáveis as nossas orações,

Ele também santifica os nossos serviços no reino de Deus. Isso também é necessário, porque muitas vezes tomamos consciência de que eles não provem dos motivos mais puros; e de que, mesmo quando provem, estão longe daquela perfeição que os tornaria, em si mesmo, aceitáveis a um Deus santo. A doença do pecado acha-se neles todos. Daí dizer Pedro: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”, 1 Pe 2.4, 5.

O ministério intercessório de Cristo é igualmente um ministério de amorosa atenção ao Seu povo. “Porque não temos um sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas em pecado. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”, Hb 4.15; 2.18.


4. E em meio e por meio disso tudo, também há, finalmente, o elemento de oração pelo povo de Deus. Se a intercessão é parte integrante da obra expiatória de Cristo, segue-se que a oração intercessória se relaciona necessariamente com as coisas concernentes a Deus (Hb 5.1), para a consumação da obra da redenção. A Oração intercessória de Jo 17 evidencia que este elemento está incluído; ali Jesus diz explicitamente que ora pelos apóstolos e por todos aqueles que, pela palavra deles, viriam a crer nele. É um pensamento consolador este, que Cristo está orando por nós, mesmo quando somos negligentes em nossa vida de oração; que Ele está apresentando ao pai aquelas necessidades espirituais que não estavam presentes em nossas mentes e que freqüentemente omitimos, negligentes, em nossas orações; e que Ele ora para nossa proteção contra perigos dos quais nem sempre estamos cônscios , e contra os inimigos que nos ameaçam, embora não o percebemos. Ele está orando para que a nossa fé não feneça, e para que saiamos vitoriosos no fim.