sábado, 8 de outubro de 2016

E RECEBEREIS SOBRE VÓS

O QUE É O PODER DO ESPIRITO


ATOS 1:8 " Mas recebereis PODER (  δύναμιν ) ao descer sobre vós..."





Essa é a forma da Grande Comissão , da qual a presente declaração sem dúvida é um a variação ou expansão, embora todas as variações se derivem da fonte original, ver Mat. 28:19,20.                Quanto à versão da Grande Comissão, dada pelo evangelho de Lucas, ver Luc. 23:47,48. Quanto à sua forma, no quarto evangelho, ver João 20:21, em associação com os vss. 30 e 31 desse mesmo capítulo.Todos os quatro evangelhos, como também o livro de Atos, enfatizam a Grande Comissão, um dos primeiros temas do cristianismo, que destaca a universalidade da mensagem cristã, em que fica  eliminado o caráter provincial do judaísmo. Cristo é o Salvador potencial de todas as nações, bem como o Senhor dos céus e da terra; e o seu reino haverá de propagar-se de mar a mar. Porém , para  que isso ocorra, é necessário que os seus mensageiros levem o evangelho para além dos limites da cidade de Jerusalém , para além dos limites da Palestina, para além das regiões imediatamente vizinhas à Palestina, para além do m undo mediterrâneo, levando o evangelho até aos confins da terra. Podemos observar com justiça que os apóstolos originais de Jesus cumpriram a Grande Comissão em Jerusalém, na Palestina, em Samaria e no m undo Mediterrâneo. Agora faz parte da tarefa da igreja cristã universal completar essa Grande Comissão, conquistando o mundo.

Os estágios sucessivos dessa Grande Comissão sugerem-nos o plano do livro de Atos, que relata para nós como essa comissão foi cumprida, até mesmo nos dias dos apóstolos. Que a Grande Comissão foi obedecida e realizada até um ponto extraordinário, fica claro para nós segundo os termos da passagem de Cl. 1:5,6, onde lemos: «...por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós, como também em todo o mundo está produzindo fruto e crescendo...»
 Não há motivo algum para supormos que o próprio Senhor Jesus, após a sua ressurreição, não tenha proclamado aos seus discípulos esse plano de âmbito universal, tendo instituído pessoalmente a missão da igreja cristã entre os povos gentílicos. Os seus apóstolos é que se mostraram hesitantes a princípio, sobretudo por causa da rapidez dos acontecimentos que lhes sobrevieram repentinamente, uns sobre os outros, deixando-os até certo ponto desorientados, e também porque o Espírito Santo ainda não lhes fora proporcionado, estando ainda sem aquele poder sem o qual jamais teriam tido a coragem e a energia necessárias para realizar tão hercúlea tarefa.
«Trata-se do mais sublime de todos os espetáculos contemplarmos o Cristo ressurrecto, sem dinheiro, exército ou estado, a encarregar o seu g rupo de quinhentos homens e mulheres da conquista do mundo , levando-os a crer ser possível realizar tal tarefa com tão séria paixão e poder. O Pentecoste ainda viria, mas a fé dinâmica já orientava os crentes naquela montanha da  Galiléia ».

Essas palavras " sereis minhas testemunhas ", aparentemente são idênticas às que figuram em Luc. 24:48, e apresentam a nota chave do livro inteiro. As palavras que se seguem a essas correspondem às grandes divisões em que foi vazado livro de Atos: Jerusalém (caps. 1-7), Judéia (9:32-12:9) e Samaria (cap. 8).
Esse testemunho foi duplo:                                                                                                                      1 . O testemunho das obras, o testemunho do ministério de ensino, e, acima de tudo , o testemunho acerca da ressurreição de Cristo;                                                                                                              2 . O testemunho do Pai, segundo revelado no Filho.

As testemunhas de Cristo são por ele mesmo designadas "...minhas testemunhas..." .Eram suas por uma relação pessoal direta.
As restrições próprias ao ministério do evangelho, impostas durante o ministério público de Jesus, antes de sua crucificação , conforme observamos, por exemplo, em Mat. 10:5, são aqui removidas. As únicas limitações que permanecem são as de um coração temeroso, de um a vida infiel, bem como do egoísmo pessoal, por parte dos discípulos.
Esse ministério só poderia ser eficazmente realizado mediante o recebimento do Espírito Santo, o qual haveria de capacitar e orientar aos discípulos, porque a vinda do Espírito Santo seria o equivalente a Cristo conosco e em nós, tendo vindo a fim de cumprir o ministério iniciado pelo Senhor Jesus durante a sua missão terrena.
O grande objetivo dessa vinda seria capacitar os crentes a levarem a mensagem de Cristo até aos confins da terra, cobrindo o mundo com o anúncio de sua morte vitoriosa e de sua ressurreição triunfante a fim de que a plena salvação de Deus pudesse ser levada à humanidade. É patente que tal obra jamais poderia ser realizada a menos que o Espírito de Deus se fizesse presente a fim de dirigir a atuação da igreja, capacitando os crentes com o seu poder.
O vocábulo grego aqui traduzido por "...poder... "(o poder que o Espírito Santo haveria de trazer-nos), é "dunamis", do q u a l se deriva o term o moderno "dinamite ". N ão tem o sentido de «au to rid a d e » (a palavra empregada no sétimo versículo, concernente à autoridade do Pai, que algumas traduções também traduzem por «poder». Pelo contrário, significa "força", "energia".                                         É instrutivo observarm os que Jesus, em sua defesa perante o sumo sacerdote dos judeus, usou da palavra aqui traduzida por "poder", ao referir-se ao próprio Deus, ao dizer: "...eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu" (Mat. 26:64). O vocábulo com posto Todo-poderoso, que aparece nessa citação, é^radução desse termo grego, em que a palavra portuguesa «todo» faz parte da interpretação apenas. Não obstante, isso é instrutivo quanto ao sentido da palavra original grega. Noutros trechos bíblicos o vocábulo é empregado para indicar o poder do Espírito Santo, tal como aqui, como, por exemplo, em Luc. 4:14; Rom . 15:13,19 . Esse é o poder que opera maravilhas e milagres, segundo vemos seu uso em passagens como Mat. 14:2; Marc. 6:14; G ál. 3:5; I Cor. 12. No trecho de II Tes. 1:7, também é usado esse termo para indicar o poder dos anjos. É igualmente usado para descrever a verdadeira religião e a sua função, em contraste com aquilo que é professado de m aneira vazia de significado, em II Tim . 3:5. Trata-se do poder inerentemente presente nas coisas, como, por exemplo, em um medicamento, com suas propriedades de cura.